CAPÍTULO DEZESSEIS - ANDRÉA

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Ao som da música Nessa paz eu vou - Tiago Iorc


Eu estava assustada. Muito assustada. Não sabia o que aconteceria comigo. Se eu ia continuar a viver ou se morreria. Era uma sensação horrível, ter a minha vida nas mãos de uma pessoa que eu achava que me amava, mas que estava ali, descontrolado. Eu sempre acreditei que amava o Marcos e por isso aguentei as suas traições e as palavras ofensivas que me dizia quando bebia. Mas naquele momento eu sentia nojo, medo, arrependimento e todos os outros adjetivos negativos conhecidos em nosso idioma.

Depois que o Marcos atirou no Leandro, ele me arrastou para o seu carro e me levou para a sua casa que ficava relativamente perto do parque. Eu imaginava que a polícia estava a nossa procura e que a qualquer momento poderiam chegar ali. Eu percebi que o Marcos não havia planejado tudo aquilo porque seria uma idiotice me levar para um lugar tão óbvio. Mas quantos relatos existiam de homens que mataram suas ex-namoradas e se suicidaram logo em seguida? Era esse o meu medo.

Águas Claras é cheia de prédios, mas tem alguns setores que têm casas e era logo ali que o Marcos morava. Como eu desejava que fosse um prédio ou condomínio, pois seria difícil ele conseguir acessar esses lugares me arrastando igual fez. Quando entramos na sala da casa, ele me jogou no sofá e com a arma apontada para mim, andava de um lado para o outro transtornado.

- A culpa de tudo isso é sua, Andréa! Sua! - Ele gritou - Se você não tivesse me abandonado, se você tivesse me dado mais uma chance e não tivesse corrido para os braços daquele otário, eu não teria estragado minha vida. E agora? Eu matei um homem por sua causa, serei preso, vou apodrecer na prisão...

- Eu não tenho culpa de nada! - Eu disse, me sentando no sofá com cuidado, morrendo de medo dele atirar. Eu tremia e chorava sem parar.

- Claro que tem! Você me trocou por aquele almofadinha! Logo eu que te amo, Andréa, eu te amo!

- Se você me ama, então me deixa ir, Marcos! - Minhas lágrimas rolavam sem parar, eu não sabia o que havia acontecido com o Leandro e me sentia culpada por tudo aquilo, se ele tivesse morrido mesmo eu ia me sentir culpada pelo resto da minha vida.

- Eu não posso continuar sem você! Não consigo pensar na ideia de te imaginar com outro cara...

- Não precisa imaginar, eu fico com você, só abaixa essa arma, por favor, vamos conversar direito, vamos nos acertar...

- Por que está mudando de opinião tão rápido? Você está com medo, é isso? Me responda! - Ele colocou a arma mais perto da minha cabeça.

Eu não conseguia falar de imediato, apenas chorava. Me sentia indefesa. Queria que aquele pesadelo terminasse. Precisava me acalmar e lutar por minha vida. Mas como?

- Eu te amo, Marcos! - Falei isso, quase sussurrando.

- O que você disse?

- Eu te amo! Eu só estava chateada com você, mas eu ia te procurar, a gente ia se acertar. Não estraga o que a gente viveu. Me perdoa! - Tentei ser mais sincera possível para convencê-lo.

Ele ficou me olhando por alguns segundos e bem devagar colocou a arma em cima da mesinha de centro. Sentou ao meu lado no sofá. Eu virei para ele. Ficamos com nossos rostos próximos e eu pude sentir a sua respiração que fedia a álcool invadir meu nariz. Acho que ele estava bebendo por muitos dias, sem parar.

- Você jura que me ama? - Ele perguntou, passando a mão por meu rosto, eu apenas balancei a cabeça, ainda assustada. Então, ele me beijou, no começo eu não queria retribuir, pois meu estômago se embrulhou de nojo, mas eu precisava fingir, então retribuí o beijo. Abri meus olhos e vi que ele estava com os dele fechados. Precisava agir. Ao lado do sofá em que estávamos sentados tinha uma mesinha com um jarro de vidro que pertenceu a mãe do Marcos quando estava viva. Estiquei minha mão sem ele perceber, peguei o jarro, me afastei e rapidamente o acertei na cabeça. Ele gritou, desnorteado. Saí correndo em direção à porta, consegui abri-la. O próximo obstáculo era o portão, eu estava tão desesperada que minhas pernas pareciam pesar mais que o normal, assim que abri o portão, escutei o som das sirenes das viaturas da Polícia se aproximando.

Mas era tarde demais.

O barulho do tiro quase me deixou surda novamente. Arregalei os olhos, mas não consegui me virar para trás, por medo.

Os policiais desceram da viatura, alguns me apararam, outros entraram na casa, armados.

Foi o fim. 


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Eita, o fim do quê? 

Vai ter que esperar o próximo capítulo rsrsrs 


Obs: os capítulos são postados sem revisão profunda.

Um Certo ArbogastOnde histórias criam vida. Descubra agora