Capítulo 4

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As grandes emoções vividas por Madalena a deixaram exausta. Quando acordou já eram nove horas da manhã e Daniel não estava ao seu lado na cama. Ela sentou imediatamente tentando escutar algum ruído na casa, mas o silêncio era total. Não havia barulho de chuveiro ligado e nem outro ruído na casa inteira. Tensa e com um pressentimento ruim, Madalena pegou o robe lilás − símbolo do seu amor com Daniel – e saiu pela casa procurando-o.

− Dani! Ei, Dani! Onde está você?

A cozinha estava intacta, ou seja, Daniel não tinha tomado café. No ar apenas o perfume dele. Lembrou que o carro deveria estar estacionado na frente de casa. Madalena correu até a janela e tomou um choque.

O carro não estava lá.

Enjoada, ela sentou no chão mesmo, sem se importar com o piso frio. Não era possível, não era verdade, dizia para si mesma. Uma ideia veio a sua mente. Claro, talvez ele tivesse ido até o supermercado comprar coisinhas gostosas para o café da manhã. Sim, era isto!

Tinha que ser isto!

Com as mãos trêmulas, Madalena pegou o celular e ligou para Daniel. Caixa postal. O enjoo aumentou. Ela foi até a cozinha beber água. Precisava se acalmar. Nada daquilo estava acontecendo.

Em cima da pia, um bilhete. Pelos garranchos, Daniel estava com pressa quando escrevera. Ela leu e releu sem acreditar no que seus olhos viam.

Madalena, foram ótimos os momentos que passamos juntos. Sou casado e minha mulher volta para casa hoje com nossos filhos. Encerramos tudo por aqui. Adeus.”

Madalena sentiu o mundo rodar por alguns minutos até conseguir se acalmar um pouco. Leu novamente aquelas palavras escritas por um homem sem caráter e covarde e jurou para si mesma que ele iria pagar caro por tê-la enganado daquela forma tão vil.

Antes precisava chorar. E assim o fez, não apenas naquele domingo, mas pelos vários dias seguintes.

*

Daniel pegou a estrada cedo. Acordou antes das sete horas da manhã e se deparou com Madalena dormindo a sono solto. Pretendia sentar a frente dela e revelar tudo. Contudo, achou que seria bem mais fácil e menos estressante se deixasse um bilhete curto e grosso. Não era uma maneira bonita de encerrar um relacionamento. Na verdade, aquilo só havia sido uma transa. Não tinha culpa se Madalena era carente e se apaixonara em dois segundos. A vontade que tinha era de colocar o chip do celular fora, porém todos os seus contatos tinham aquele número e Daniel podia sair prejudicado nos seus negócios. Bem, se Madalena ligasse, ele a colocaria no seu devido lugar. De qualquer forma, enquanto voltava para casa se sentia aliviado mesmo que seu casamento estivesse fadado a rotina. Era nele que encontrava sua estabilidade. Uma trepadinha ou outra por fora tudo bem. Madalena queria amor eterno e isto ela teria que encontrar em outro lugar, com outro homem.

Mais tarde verificou que ela tinha tentando falar com ele pelo celular. Normal. Seria assim por alguns dias ou semanas até Madalena assimilar o pé na bunda que acabara de levar. Daqui pra frente vida normal. Jessica chegaria ao fim da tarde. Daniel teria tempo de tomar um banho, tirar o cheiro da outra do corpo e esperar sua esposinha de braços abertos. O final de semana tinha sido diferente, interessante até. Mas uma aventura como aquelas estava fora de cogitação. Nunca mais.

*

Francine alcançou uma xícara de chá para Madalena que fungava sem parar. Era segunda-feira à noite e Francine recém havia sabido da novidade. Daniel, sexo e a fuga dele. Sem vergonha.

− Tentei ligar ontem o dia todo – gemeu ela, o nariz totalmente vermelho. – Mas quando não dá caixa postal, o Dani simplesmente não me atende.

− Então esqueça este filho da puta – retrucou Francine também tomando chá. – Ponha na cabeça que você se envolveu com um oportunista que só queria o seu corpo.

− Ele me enganou desde o início. Me disse que era divorciado! Enganou a mulher dele também!

− E não merece mais as suas lágrimas. Madalena, pare com isto. Não se faça de vítima. Você também aproveitou a situação. Fez um sexo gostoso, experimentou coisas novas... Agora chega. Parta para outra!

− Francine, é difícil entender? Eu me apaixonei por ele! Foram meses de expectativa até este momento! Fantasiei um monte de coisas e Daniel foi tudo o que eu sonhei. Dói muito! Ele não teve a menor consideração comigo!

− Como você pode dizer que este cara foi tudo o que você sonhou? Olhe o que ele fez com você! Esqueça este tal de Daniel.

− Isto não vai ficar assim, Francine! Eu preciso fazer alguma coisa para dar o troco!

− Deixe isto para lá, Madalena! Não vai lhe levar você a nada. Tenho certeza que ele próprio irá se dar mal por conta das suas atitudes. E você não vai precisará mover um dedo.

Madalena balançou a cabeça fazendo que não.

− Vou destruir o casamento dele assim como ele destruiu minha vida.

− Como você é exagerada...

− Quer ver? 

O AMANTE DE MADALENAOnde histórias criam vida. Descubra agora