Capítulo 14

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Arabella Salazar

— Eu sabia que era uma péssima idéia vir pra cá, eu sabia! Mas fui teimoso. O Duke ainda me avisou que eles viriam, porém achei que a gente fosse sair antes disso acontecer.

Junsty dizia, arrependido, enquanto colocava as nossas coisas no porta-malas do carro alugado. Eu mal estava escutando ele, pois um carro preto, estacionado do outro lado da rua, prendeu a minha atenção.

— Você viu o olhar dela? Foi a primeira vez que ela me encarou daquele jeito. Eu sou um filho horrível.

— É...

Apertei os olhos, tentando ver através do vidro. Pelo menos reconhecer a silhueta.

— Arabella...

Junsty me chamou pela primeira vez.

— Arabella!

O encarei, vendo que metade do seu corpo já estava para dentro do carro.

— Entra logo.

— Tá, tô indo.

Enquanto eu dava a volta para entrar do outro lado, Junsty olhou uma última vez para o andar de sua casa, vendo pela janela que alguns agentes já entravam. Nem precisávamos ouvir nada para sabermos o que estava acontecendo.

Eles empurravam, esbarravam e quebravam, tudo feito a força e sem nenhum diálogo amigável.

— Eu vou lá.

Junsty ameaçou atravessar a rua, mas eu o conscientizei.

— Veja bem...

Apontei para a frente, avisando sobre os demais carros fort chegando.

— Você não pode fazer mais nada a respeito.

— Eles estão maltratando a minha família.

Disse entredentes, com os olhos cheios de água.

— Se for lá, será a sua morte porque é um homem contra todo um batalhão. Agora vamos embora daqui.

Ele exitou um pouco, mas no final acabou me ouvindo e entrando no veículo. Ligou o carro e nos tirou dali. O carro preto que eu observava também começou a andar e de forma perpendicular, passou por nós.

O meu vidro estava abaixado; e no exato momento em que eles iam para o outro lado, o vidro do carro preto abaixou e eu pude ver a feição maléfica do Xavier.

— Ai meu Deus!

Pronunciei, assustada.

— Se eles ousarem machucar as duas, eu juro que...

— O Xavier tá aqui.

— Como é que é?

— O Xavier... e-ele me seguiu. Eu acabei de vê-lo.

— Você tem certeza?

— É claro que sim. Eu dei de cara com ele agora pouco, num carro preto.

Olhou pelo retrovisor, vendo o veículo e acreditando em mim.

— Mais essa... Quanto tempo será que ele já está aqui?

— Não faço a menor ideia.

— Como ele nos achou?

— Também queria sa...

De repente, lembrei-me do meu recado na caixa de mensagens.

— Merda! Eu... eu gravei uma mensagem dizendo aonde estaria pro caso de alguém da facul...

— Pelo amor de Deus, Arabella!

— Como eu ia saber que ele iria até o meu apartamento e procuraria justo na minha caixa de mensagens?

— Mesmo assim. Você não diz pra onde está indo quando se está sendo perseguida.

— Tá, foi mal. Eu pisei na bola. Mas e agora, pra onde vamos?

— Um hotel na estrada, talvez. Pelo menos até o Duke nos enviar o dinheiro. Temos que ir logo pra Itália. Eu vou dar a cabeça do seu pai no lugar da minha.

Não retruquei, apenas continuei olhando para a frente, pensativa.

— Peraí... então é por isso que você tá me levando nessa viagem?

Ele ficou em silêncio, confirmando a minha hipótese.

— Você é tão porco quanto o Xavier e o meu pai juntos.

— Você viu o que eles estavam fazendo com a minha família. Talvez se eu entregasse o maior traficante do México nas mãos deles, eles me deixem em paz.

— E pra isso você teve que me fazer pensar que estava me protegendo por livre e espontânea vontade, provando ser um bom polícial, quando na verdade estava apenas me usando, eu era só o seu plano B?

— Eu pensei nisso agora, tá legal? Ver a minha família sendo tratada daquele jeito me obrigou à isso.

— E o que você está pensando em fazer? Dizer “eu estou com a sua filha. Entregue-se agora antes que eu a mate?”

— Eu ainda não pensei em tudo, se quer saber.

— Bom, aconselho não tentar essa abordagem porque eu fiquei sabendo que o meu pai já me deu, literalmente falando, para o Xavier como o pagamento de uma dívida passada.

— Meu Deus! Seu pai é um crápula.

— Me diz uma novidade...

— Você sabe aonde ele está?

— Em Siena. E pensar que ele ousou dar a desculpa de que estava morrendo e que queria visitar uma última vez o lugar aonde conheceu minha mãe.

Virei o rosto, encarando o lado de fora da janela.

— Me desculpa, tá? Eu não tenho outra escolha. Não queria que você descobrisse assim.

— E ia continuar me escondendo até quando?

— Na hora certa, eu te contaria.

— Sei. Já tô cansada de conhecer homens que só sabem me enganar.

Limpei uma lágrima fujona.

— Bella...

Tocou a minha coxa, se concentrando em me encarar e olhar a estrada.

— Não fala comigo, não.

Cruzei as pernas, fazendo com que ele tirasse a mão de mim.

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JUNSTY RIVER -Homens Da Lei -[L1]Plussize 2019Onde histórias criam vida. Descubra agora