Arabella Salazar
— Eu sabia que era uma péssima idéia vir pra cá, eu sabia! Mas fui teimoso. O Duke ainda me avisou que eles viriam, porém achei que a gente fosse sair antes disso acontecer.
Junsty dizia, arrependido, enquanto colocava as nossas coisas no porta-malas do carro alugado. Eu mal estava escutando ele, pois um carro preto, estacionado do outro lado da rua, prendeu a minha atenção.
— Você viu o olhar dela? Foi a primeira vez que ela me encarou daquele jeito. Eu sou um filho horrível.
— É...
Apertei os olhos, tentando ver através do vidro. Pelo menos reconhecer a silhueta.
— Arabella...
Junsty me chamou pela primeira vez.
— Arabella!
O encarei, vendo que metade do seu corpo já estava para dentro do carro.
— Entra logo.
— Tá, tô indo.
Enquanto eu dava a volta para entrar do outro lado, Junsty olhou uma última vez para o andar de sua casa, vendo pela janela que alguns agentes já entravam. Nem precisávamos ouvir nada para sabermos o que estava acontecendo.
Eles empurravam, esbarravam e quebravam, tudo feito a força e sem nenhum diálogo amigável.
— Eu vou lá.
Junsty ameaçou atravessar a rua, mas eu o conscientizei.
— Veja bem...
Apontei para a frente, avisando sobre os demais carros fort chegando.
— Você não pode fazer mais nada a respeito.
— Eles estão maltratando a minha família.
Disse entredentes, com os olhos cheios de água.
— Se for lá, será a sua morte porque é um homem contra todo um batalhão. Agora vamos embora daqui.
Ele exitou um pouco, mas no final acabou me ouvindo e entrando no veículo. Ligou o carro e nos tirou dali. O carro preto que eu observava também começou a andar e de forma perpendicular, passou por nós.
O meu vidro estava abaixado; e no exato momento em que eles iam para o outro lado, o vidro do carro preto abaixou e eu pude ver a feição maléfica do Xavier.
— Ai meu Deus!
Pronunciei, assustada.
— Se eles ousarem machucar as duas, eu juro que...
— O Xavier tá aqui.
— Como é que é?
— O Xavier... e-ele me seguiu. Eu acabei de vê-lo.
— Você tem certeza?
— É claro que sim. Eu dei de cara com ele agora pouco, num carro preto.
Olhou pelo retrovisor, vendo o veículo e acreditando em mim.
— Mais essa... Quanto tempo será que ele já está aqui?
— Não faço a menor ideia.
— Como ele nos achou?
— Também queria sa...
De repente, lembrei-me do meu recado na caixa de mensagens.
— Merda! Eu... eu gravei uma mensagem dizendo aonde estaria pro caso de alguém da facul...
— Pelo amor de Deus, Arabella!
— Como eu ia saber que ele iria até o meu apartamento e procuraria justo na minha caixa de mensagens?
— Mesmo assim. Você não diz pra onde está indo quando se está sendo perseguida.
— Tá, foi mal. Eu pisei na bola. Mas e agora, pra onde vamos?
— Um hotel na estrada, talvez. Pelo menos até o Duke nos enviar o dinheiro. Temos que ir logo pra Itália. Eu vou dar a cabeça do seu pai no lugar da minha.
Não retruquei, apenas continuei olhando para a frente, pensativa.
— Peraí... então é por isso que você tá me levando nessa viagem?
Ele ficou em silêncio, confirmando a minha hipótese.
— Você é tão porco quanto o Xavier e o meu pai juntos.
— Você viu o que eles estavam fazendo com a minha família. Talvez se eu entregasse o maior traficante do México nas mãos deles, eles me deixem em paz.
— E pra isso você teve que me fazer pensar que estava me protegendo por livre e espontânea vontade, provando ser um bom polícial, quando na verdade estava apenas me usando, eu era só o seu plano B?
— Eu pensei nisso agora, tá legal? Ver a minha família sendo tratada daquele jeito me obrigou à isso.
— E o que você está pensando em fazer? Dizer “eu estou com a sua filha. Entregue-se agora antes que eu a mate?”
— Eu ainda não pensei em tudo, se quer saber.
— Bom, aconselho não tentar essa abordagem porque eu fiquei sabendo que o meu pai já me deu, literalmente falando, para o Xavier como o pagamento de uma dívida passada.
— Meu Deus! Seu pai é um crápula.
— Me diz uma novidade...
— Você sabe aonde ele está?
— Em Siena. E pensar que ele ousou dar a desculpa de que estava morrendo e que queria visitar uma última vez o lugar aonde conheceu minha mãe.
Virei o rosto, encarando o lado de fora da janela.
— Me desculpa, tá? Eu não tenho outra escolha. Não queria que você descobrisse assim.
— E ia continuar me escondendo até quando?
— Na hora certa, eu te contaria.
— Sei. Já tô cansada de conhecer homens que só sabem me enganar.
Limpei uma lágrima fujona.
— Bella...
Tocou a minha coxa, se concentrando em me encarar e olhar a estrada.
— Não fala comigo, não.
Cruzei as pernas, fazendo com que ele tirasse a mão de mim.
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JUNSTY RIVER -Homens Da Lei -[L1]Plussize 2019
ChickLitARABELLA & JUNSTY •COMPLETO• Capa feita @prihzimmermann Sinopse dentro do livro