Capítulo 6

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  Foram seis anos até que Junmyeon se formasse no curso de medicina. Havia escolhido pediatria como sua área de especialização. Os últimos quatro meses de seu ensino superior haviam sido divididos entre a universidade e os preparativos para o casamento indesejado com Krystal Jung, o qual estava marcado para acontecer em uma hora e meia.

  Nas últimas semanas, Taeryeon passava quase que vinte e quatro horas junto a Krystal e Hyojung, as três mulheres pareciam igualmente desesperadas para que tudo saísse conforme o planejado, quem visse de fora, acharia que ambas iam se casar.

  Tal empenho e foco das mulheres servíra como distração para que Junmyeon entrasse em contato com Sehun a procura de um lugar para ficar assim que soltasse a bomba para seus pais.

  No fundo de seu closet, o homem havia mantido uma mala com algumas de suas roupas e pertences, já preparados para sua deixa, a qual tinha sido levada para o apartamento de Sehun na manhã do dia anterior, onde passaria um tempo até conseguir uma moradia própria.

— Eu  preciso que você esteja na porta da igreja na hora certa. — Junmyeon conversava com Sehun pelo celular deixado no viva-voz e posto sobre o criado mudo ao lado de sua cama, suas mãos estavam focadas e arrumar o nó em sua gravata.

— Você tem certeza que vai fazer isso? — Sehun sabia que não era correto os pais obrigarem o filho a se casar contra sua vontade, mas parecia crueldade abandonar a noiva no altar.

— É isso ou passar o resto da vida preso a Krystal.

  Sehun soltou um suspiro profundo que pode ser ouvido através da chamada telefônica.

— Está bem, — o rapaz concordou com o amigo. — Eu vou estar do lado de fora da igreja, te esperando no carro.

  Junmyeon seguiu para a igreja escolhida por Krystal para a realização da cerimônia matrimonial. o local estava decorado com arranjos de rosas nas tonalidades branca e vermelha. A luz do pôr do sol entrava pelas vidraças do local sagrado, fornecendo um misto de amarelo, laranja e vermelho como parte da iluminação.

— Junmyeon-ssi — uma das funcionárias responsáveis pela ordem do casamento se aproximou dele, cumprimentando-o com uma reverência extremamente formal. — Informarei a senhora Taeryeon sobre a sua chegada.

— Não precisa, eu mesmo posso ir falar com ela.

— Creio que não será possível, Taeryeon-ssi está com sua noiva no momento.

— Entendo… — Junmyeon não pôde esconder a decepção, já que aquela seria, provavelmente, a última chance que teria de ver sua mãe sem que a mesma quisesse matá-lo por seu futuro ato. — É melhor você ir avisá-la mesmo.

— Com licença. — com uma reverência, a mulher se retirou.

  Posicionado próximo ao altar, o moreno se pôs a analisar melhor a decoração. Se não fosse contra sua vontade, ele até mesmo admitiria que era uma bela decoração e que haviam escolhido o pôr do sol como um momento chave para o acontecimento do casamento.

  Havia conversado rapidamente com seu pai e sua mãe havia vindo falar brevemente com o mesmo, logo após retornando até onde Krystal e Hyojung estavam, checando se estava tudo em perfeito estado para que a mais nova estivesse impecável quando adentrasse a igreja pela porta da frente.

  Enquanto cumprimentava todos os convidados, Junmyeon se questionava sobre quantos casais nas famílias Kim e Jung eram frutos de arranjos, de interesses familiares. Observando, agora, mais profundamente, havia diversos casais ali que não pareciam realmente se amar ou sequer ter algum tipo de afeição. Quando se é de uma família com grande influência e poder aquisitivo, era indispensável passar uma boa imagem para aqueles que viam de fora.

  Posto em uma postura perfeitamente ereta, ele ouvia a marcha nupcial, a qual anunciava a entrada de Krystal Jung. Não importava o quanto tentasse, o máximo que conseguia fazer era ver a estadunidense como uma espécie de irmã mais nova, às vezes nem isso. Não conseguia vê-la como alguém com quem ele passaria o resto de sua vida e aprenderia a amar conforme o tempo passasse.

  Por um momento, Junmyeon se sentiu culpado pelo que iria fazer em poucos minutos. O sorriso no rosto de Krystal parecia genuíno, verdadeiro e, até mesmo, inocente. A jovem sequer lembrava aquela mesma garota que anos atrás, nos jantares de natal dos Kim e Jung, ficava sempre quieta e mal sorria. Por um momento, ele até chegou a considerar dizer o “sim” quando o padre perguntasse.

— Estamos aqui hoje, reunidos para celebrar a união entre Kim Junmyeon — o padre o olhou, seus olhos demonstravam gentileza e pareciam parabenizá-lo pelo casamento. Tudo parecia ter se unido para causar culpa no rapaz. — e Krystal Jung.

  Durante os minutos seguintes, Junmyeon parecia estar no automático, até mesmo seus votos de casamento soaram robóticos. Quando o padre finalmente chegou a parte final da cerimônia, o coreano finalmente aparentava ter retornado a si mesmo.

— Você, Kim Junmyeon, aceita Krystal Jung como sua legítima esposa, prometendo amá-la e respeitá-la, estando com ela na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, sendo fiel a ela até que a morte vos separe? — com as palavras do padre, toda a atenção dos presentes na igreja agora se encontrava em Junmyeon.

  O “sim” que todos esperavam vir instantaneamente, agora parecia levar uma eternidade para sair da boca do Kim. Krystal o encarava, claramente apreensiva e nervosa com a possibilidade de rejeição em plena igreja, temendo a humilhação que poderia sofrer.

  Do lado de fora do local sagrado, Sehun já estava pronto dentro do carro, aguardando pelo amigo. Pelos seus cálculos, o casamento já estava quase no final, então não levaria muito tempo até que Junmyeon saísse pela grande porta da igreja.

— Junmyeon-ssi? — o padre chamou por ele, considerando um possível mal-estar da parte do noivo, afinal, isso não era raro de se acontecer.

— Oppa — dessa vez, foi Krystal quem chamou por sua atenção. — Você precisa responder o padre.

  Passando os olhos pela igreja, pode ver as expressões de seus pais, os quais, sentados na primeira fila de bancos, imploravam pelo consentimento do filho em relação a pergunta do padre.

— Desculpa, Krystal. — desvencilhando suas mãos das dela, ele começou a se afastar da mesma.

— Oppa, o que você está fazendo? — com os olhos marejando, a noiva não conseguia acreditar no que estava acontecendo com ela. — Por favor, não faça isso comigo.

— Não. — olhando para o padre, ele respondeu sua pergunta. — Eu não posso casar com você assim, Krystal.

  Descendo rapidamente do altar, ele se encaminhou a saída da igreja.

— Junmyeon! — Taeryeon e Yongha chamaram pelo filho, o qual simplesmente os ignorou e, ao invés de parar, acelerou seus passos, correndo até o lado de fora da igreja, encontrando o carro preto de Sehun, o qual adentrou sem hesitar.

  Com um longo suspiro, agradeceu quando Sehun não lhe questionou nada e apenas acelerou para longe da igreja e de todas aquelas pessoas que cochichavam sobre o abandono da noiva no altar e da fuga do noivo.

Romance Clássico || Irene x SuhoOnde histórias criam vida. Descubra agora