Já não sei mais o que é real

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No dia da viagem, no aeroporto, nós fomos tirar fotos com os fãs. Ninguém notou, mas o Gun estava meio ansioso, acho que por causa do que ele me contou alguns dias atrás, e quando eu penso nisso, eu só lembro do fora que ele deu na N’Tin, eles ainda são amigos, mas aquilo me deixou intrigado.
Já no avião, o Gun ficou pálido como uma folha de caderno, ele até tentava não transparecer, mas eu já o conhecia a tempo demais.
- Tá tudo bem?
- S-sim, por que???
- Não precisa se preocupar, vai ficar tudo bem.
Tentei ser o mais convincente possível, mas também estava assustado.
No momento que o avião começou a decolar, ele agarrou a minha mão com força suficiente para quebrar um copo de vidro, mas eu estava bem, a sensação da mão dele na minha me deixou anestesiado. Eu acho que fiquei encarando nossas mãos por tempo demais já que ele depois de um tempo pediu desculpa e tentou se afastar de mim.
- Tá tudo bem, não precisa se preocupar, o Papii te protege.
Ele riu e parece que tudo ficou mais claro depois disso (e olha que eram 23:00). Como já estava tarde, ele começou a cochilar na poltrona, ele ficava fofo com sono, mas aquilo poderia lhe causar um torcicolo.
- Você é um bebê mesmo, vem cá...
O puxei para mais perto de mim e ele apenas sorriu e deitou a cabeça em meu ombro. Eu só conseguia olhar para o seu cabelo e pensar o quanto era macio e cheiroso, e foi no meio destes pensamentos que eu também cai no sono.
Quando acordei, o Gun já estava pegando nossas bagagens de mão no compartimento dentro do avião. Eu peguei a minha e quando saímos do aeroporto tiramos fotos com fãs e vimos que já tinha um carro nos esperando para nos levar para o hotel.
Depois de deixar nossas malas no hotel, nós fomos ver o lugar onde seria o show, e realmente era enorme. Eu e o Gun fomos dar uma volta para conhecer o lugar inteiro e caminhávamos em silêncio, maravilhados com o tamanho do palco, até que o Gun se virou para mim e disse:
- Esse realmente vai ser um grande show.
- Então temos de dar o nosso melhor – disse e o puxei para perto de mim.
- Engraçadinho - o Gun disse corado.
Ele me empurrou e seguiu andando na frente.
Já no hotel, nós fomos apresentados a nossa “coreógrafa” que pelo que eu entendi, esse show vai ser especial com cenas inéditas e dancinhas legais, e que nossos ensaios começariam no dia seguinte já que não teríamos muito tempo.
Os ensaios eram bem difíceis e eu não conseguia me concentrar no que era para fazer, acho que porque não era muito o nosso estilo. Eu tenho a impressão que ela pensa que nós somos Krist e Singto, real, era muito mais íntimo do que estávamos acostumados, mas as coisas ficaram complicadas quando ela disse que iríamos homenagear o casal TayNew, e eu fiquei surpreso porque nos teríamos de brigar e no final fazer uma cena romântica...
- Eu não acredito que não tá rolando.
- palma P'Tik, nós só estamos ensaiando essa parte a dois dias.
- Off, querido, o show é depois de amanhã e parece que não tem emoção.
Na verdade eu estava com muuuita emoção, mas não conseguia fazer isso de uma forma falsa. A cena criava um clima tão intenso que minha vontade era de expulsar ela da cena e agarrar o Gun ali mesmo, mas tinha que me conter.
Como já passava da meia noite, a P'Tik disse que ia para o quarto dela e para nós também irmos descansar.
- Papii, vamos ficar? Sei que é tarde, mas eu tô muito ansioso com o show.
- Ok, a P'Tik tem razão, precisamos ensaiar mesmo algumas cenas.
Depois de repassar algumas cenas chegamos na famigerada homenagem aos nossos amigos.
Nessa cena o Gun chega em mim.
– O que eu te fiz? – ele disse enquanto agarrava a gola da minha camisa.
– Eu te falei que ia chamar a Meng para sair e você sumiu – agora ele me empurrava para trás enquanto gritava as palavras na minha cara, e nos caímos, eu de costas no chão e ele por cima.
Ele agora estava sentado em cima de mim. 
— Só me diz... – ele disse enquanto tinha lágrimas nos olhos.
Eu me concentrei no seu rosto, nunca tinha visto ele tão frágil e aberto, era como se já não fosse mais o personagem e sim ele falando diretamente pra mim. E eu não tinha mais como me segurar...
Me apoiei em um cotovelo...
Pus a mão em sua nuca...
E eu o beijei.

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