Vai se arrepender...

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Eu não sei o que fazer, senti meu mundo ruir.

Por que não comigo?

Por que o meu pequeno Gun teve que passar por tudo isso...

-- Papii... - a voz do Gun me trouxe de volta a realidade, ele falava entre meus braços - Não faça nada, ele pode ser perigoso - a preocupação em seus olhos era evidente.

O Gun ficava tão lindo quando se preocupava comigo... Mas não poderia deixar uma coisa dessas passar. - Gun, você vai morar comigo a partir de agora! - ele me olhou com surpresa, mas sinto que o aperto de seu abraço e a cabeça afundada em meu peito foi uma confirmação.

A palavra que me definia naquele momento era "gratidão", eu não poderia estar mais grato pelos nossos amigos, já que se não fosse por eles, o meu baby estaria bem pior agora, de uma maneira que eu nem quero imaginar. Me virei para eles para lhes agradecer e eles estavam chorando também, o Tay com o braço direito sobre os ombros do New, acredito que mais para buscar apoio emocional do que físico. Eu fiz um movimento com a cabeça e o Tay retribuiu, éramos amigos a bastante tempo e já sabemos nos comunicar só com pequenos gestos.

Os dias que vieram foram um tanto tensos, o Gun tinha vindo morar comigo e eu o dava o máximo de espaço possível, mas nunca tirava os olhos dele. Ele estava inseguro, nunca tirava nem a camisa perto de mim. Eu entendia e o que eu podia fazer era dizer o quanto eu o amava e que ele estava bem agora, ele sempre me agradecia com seu olhar.

Eu passei a rastrear o merda do Pak, ele era escorregadio e só postava status depois que chegava em casa, mas eu não desistiria, já que o Gun não queria fazer um B.O. Eu insistia dizendo que ele deveria fazer isso, que não poderia deixá-lo impune, mas sempre que tocava no assunto ele começava a chorar. Ele dizia que sua família ficaria arrasada se soubesse tanto do ataque quanto de sua sexualidade, e eu não iria forçar ele a fazer isso.

As coisas não ficavam mais calmas nem de madrugada, pois o Gun tinha pesadelo quase todas as noites. Na primeira vez que percebi que isso aconteceu, eu acordei no meio da noite para beber água e passei para dar uma olhadinha nele, já que eu estava dormindo na sala desde que ele veio para cá.

A cama estava toda desforrada, com certeza ele estava se debatendo já a algum tempo, seu rosto estava todo suado e sua expressão era de dor, o desespero me subiu em um instante, vê-lo daquela maneira me fez correr para acordar ele sem hesitar. Ao despertar ainda em choque com a situação, pude ver em seus olhos o mais puro medo, o mesmo medo que ele sentiu semanas atrás naquela noite em que eu não fui rápido o suficiente.

A única reação que tive foi abraçá-lo, ele precisava sentir que agora estava tudo bem, e que poderia descansar tranquilo. Sua respiração era pesada e só consegui me acalmar quando finalmente ele retribuiu meu abraço e passou a chorar de forma alta e desesperada. Desde então eu passei a dormir abraçado com ele todas as noites, isso o acalmava e o fazia sentir mais seguro.

Depois de um pouco mais de uma semana que soube o verdadeiro lado de Pak, eu fui a um shopping em Bangkok, para comprar alguma coisa para jantarmos, quando eu o encontrei.

Ele estava no estacionamento indo em direção ao seu carro, andava de forma distraída e alegre como se fosse a pessoa mais inocente do mundo. Mas eu sei quem é o verdadeiro Pak. Fui andando em direção a ele passando em minha mente tudo o que tinha acontecido, os olhos cheios de medo do Gun, as marcas em seu corpo e mente, as noite em que o Gun acordava gritando para que ele parasse...

Quando cheguei perto o suficiente lhe dei um soco com toda força que tinha, ele tanto pelo soco quanto pela surpresa caiu no chão sem saber o que estava acontecendo. - MAS QUE PORRA É ESSA? - ele tentou falar alguma coisa mas eu já estava em cima dele dando tantos socos quanto minhas mãos aguentavam, e se não fosse o N'Singto para me tirar de cima dele, não sei se conseguiria parar. - HAHAHA ele veio tomar as dores do namoradinho... - não sei se ele era valente, ou muito burro mesmo.

-- SEU DESGRAÇADO!!! VOCÊ O ATACOU.

-- HAHAHA acredite Off, não fiz nada que ele não quisesse.

-- Vá para o inferno...

-- Você nem imagina o guão gostoso foram os gemidos dele...

-- VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE ENCOSTAR EM UM SÓ DEDO DELE!

-- Calma Off, você também vai ter a sua chance de ter aquela bunda só para você.

Aquela foi a gota d'agua, mas quando me soltei do Krist o Pak entrou no carro e saiu do estacionamento a toda velocidade, mas pelo menos pude fazer um bom estrago em seu rosto.

-- P'Off... Suas mãos... - só vi o quão roxos os ossos da minha mão estavam quando ele falou isso, e para falar a verdade, estavam começando a doer muito. - Vamos P', vou te levar em uma farmácia. - ele realmente me ajudou bastante aquela noite, até me deu uma bronca quando eu gritei enquanto ele passava o creme para dor em minhas mãos, mas eu não o contei o motivo daquela briga, não era assunto meu, então não podia contar.

Quando voltei para casa, o Gun quase gritou quando viu o estado de meus punhos, eu tentei acalma-lo, mas ele foi correndo atrás do nosso kit de primeiros socorros, e ele passou uma nova pomada mesmo eu tendo dito que já tinha feito aquilo. Eu estava feliz aquela noite, tinha dado uma surra no pior canalha do mundo, meu amor estava cuidando de mim como se eu fosse um bebê, tudo estava bem até...

Meu celular tocou e quando olhei, era uma mensagem de um número desconhecido.

"Vai se arrepender Off... Não sabe do que sou capaz!"

Junto com essa mensagem tinha o link de um famoso site de fofoca que falava sobre um famoso ator da GMM que seria gay. E o que essa revelação poderia causar a sua carreira, na matéria tinha uma foto embaçada que eu sabia ser eu e o Gun.

Na mesma hora olhei para o Gun que estava quase dormindo em meu braço.

Eu precisava protege-lo.

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