My baby...

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Continuando...

Eu estava com as mãos em seus braços, mas mesmo assim ela insistia em aproximar o rosto do meu.
Até eu ver o Gun sobre seu ombro esquerdo, ele parecia chocado, pude notar lágrimas rolando por suas bochechas e ele se virar e sair correndo sem rumo. A N'Sana apenas se virou para o lado e passou a vomitar um líquido lilás que fez ter enjôo, mas não pude ajudá-la, pois tive que correr atrás do Gun, que perdi de vista depois de correr algumas quadras. Aquele era um bairro conhecido por ter muitos restaurantes de bares noturnos, e provavelmente ele deveria ter entrado em algum.
Eu fui em todos os bares da rua, mas parecia que ele tinha evaporado no ar. Voltei para o restaurante em que estávamos e por sorte a Sana tinha pego um táxi para casa. Peguei um táxi também e pedi para o motorista ir em todos os bares próximos, e ele também não estava em lugar algum, nem mesmo no seu apartamento, onde dei uma passada antes de ir para casa. Passei o resto da noite ligando para os nossos amigos, mas sem nem uma novidade sobre meu baby, e eu ficava cada vez mais preocupado até cair no sono às 03:00 da manhã.
No dia seguinte não o vi na GMM e decidi voltar em seu apartamento, o porteiro disse que ele voltou de madrugada, no meio da chuva e chorando muito. Bati na porta mas não obtive resposta, eu ouvia barulhos lá dentro, então ele definitivamente estava lá.

--- Gun por favor, precisamos conversar.

--- ...
--- Você deve estar pensando muito agora, mas teve um engano.

--- Por favor... Vai embora

--- Gun...--- disse sem conter as lágrimas.

--- Só se afasta de mim, eu preciso de um tempo...

Nesse momento eu só queria sumir, não acredito que o tinha decepcionado a esse ponto, ele não queria me ouvir, mas não vou desistir de cuidar do meu baby. Já passava das 12:00 e eu tinha certeza que o Gun estava com fome, comprei um lámen na barraca que ficava na esquina do prédio e pendurei na maçaneta de sua porta, bati e avisei que seu almoço estava ali, que eu não poderia ficar no momento porque tinha reunião na GMM e já que ele não ia, eu devia estar lá.
No fim da tarde passei na padaria e comprei uma fatia de torta de morango (a preferida do Gun) e fui levar para ele, mas quando cheguei, vi que o almoço estava no mesmo lugar, mandei várias mensagens perguntando por que ele não tinha almoçado, mas ele nem visualizou o line. Tentei chamar, mas a única resposta que tive foi o som do seu choro ao longe, provavelmente na cama e deixei mais uma vez a sacola na porta.
Aquela estava sendo a pior semana da minha vida, eu não vi e nem tive notícias do Gun, embora eu fosse todos os dias levar comida para ele. Poucas vezes comia, eu não entendia o porque dele ainda estar desse jeito, já que em uma de minhas visitas eu expliquei toda a história daquela noite. No oitavo dia ele saiu do apartamento e eu o vi na entrada do prédio. Ele estava pálido e pelo menos cinco quilos mais magro do que o normal, o meu caso também não estava melhor, com todo o ocorrido eu também não estava me cuidando muito.

-- Baby!!! - disse pegando em sua mão, que ele puxou no mesmo instante que o toquei.

Ele olhou nos meus olhos e por um segundo eu pude ver marcas em seu pescoço e pulsos, vi também seus olhos vazios, eu não sei, mas alguma coisa aconteceu, e como se estivesse lendo a minha mente, ele disse que estava bem e que precisava ir logo. Eu tentei falar mais, mas quando percebi, ele já estava entrando em um carro.
Nos dias que sucederam, ele sempre ia na GMM, mas não fava ou agia muito, ele normalmente falava só com o New que sempre foi bastante íntimo dele, mas sua expressão nunca melhorava. Cheguei a conversar com o New, mas ele disse que o Gun não o tinha contado o que aconteceu.
Um dia eu os vi no shopping, não tive ciúmes, pois conhecia bem o nosso amigo, e estava grato pelo que ele estava fazendo pelo meu baby.

-- Off meu... Amigo... - as palavras vinham de algum lugar atrás de mim, e quando virei, notei aquele olhar que me causava calafrios.

-- Oi Pak, como está? - eu não pude disfarçar meu completo desinteresse pelo rapaz com cabelo cheio de gel.

-- Bem... Mas você parece acabado! - ele passou a dizer enquanto caminhávamos pelo shopping. -- O que aconteceu, o Gun não abriu as pernas para você? - não sabia de onde ele tinha tirado tamanha intimidade comigo, ou o quanto ele sabia do meu namoro, mas quando fui responder, completamente irritado, cruzamos com o Gun. Ele estava usando uma camisa cinza e um jeans largo, o que já era sua marca registrada, mas o que me chamou atenção não foi seus olhos, eu jamais o vi com aquele olhar, ele estava em pânico, e era evidente também pelo modo em que ele apertou o braço do New, que estava surpreso com o encontro.

-- Desculpe pessoal, mas eu estou atrasado.

O New também se desculpou e foi atrás dele, não acredito que ele estava me odiando, isso me fez sentir pior. O amor da minha vida não aguentava mais nem olhar na minha cara.

-- Não se preocupa cara, é só ignorar que já já ele vai voltar correndo atrás de você. - o Pak me disse com um sorriso torto e um olhar malicioso que parecia congelado em seu rosto. Eu me desvencilhei dele e fui para casa, chorar um pouco mais.

Os dias pareciam se arrastar sem o Gun do meu lado, e meu humor e auto confiança só pioravam a cada minuto, mas as coisas mudaram três dias depois quando eu estava passando pelos corredores da GMM onde ouvi um barulho e fui atrás para ouvir melhor. O som vinha de uma sala de reuniões que deveria estar vazia nesse horário.

-- Gun, não dá mais... Você precisa falar.

-- Desculpa, eu não tenho nada para falar.

-- Gun ouve o New, nos estamos preocupados.

-- Tay... New... Por favor, só... Parem - eu tinha certeza que ele estava chorando, o que me fez ficar de coração partido.

-- Foi o Off? Por favor, não aguentamos mais te ver assim.

-- Não, não foi o Off... Tá... Eu realmente não aguento mais! - sua voz era quase inaudível, e ele falava isso entre soluços - Eu vou contar, só... Só não foi minha culpa, eu juro... Eu não queria.

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