CAPÍTULO 27

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– Você prefere este?

Puxei a cortina e examinei Alejandra no vestido que ela havia acabado de provar. Fiz cara feia e balancei a cabeça.

– Não tanto quanto os outros. Experimente o azul de novo – sugeri, erguendoo da pilha pendurada no meu braço e entregando-o a ela.

Era manhã de sábado, as lojas estavam lotadas e a música dos provadores me causava dor de cabeça. Sair para fazer compras juntas era algo mais característico da nossa adolescência, mas Alejandra não desistiria enquanto não me convencesse a ir com ela.

– Por favor, Barb. Preciso comprar um vestido realmente especial para o meu aniversário, e não quero ir sozinha – implorara ela ao telefone.

– Leve Nicóle – eu sugerira, sabendo que ela provavelmente ficaria tão entusiasmada com a perspectiva quanto eu.

– Não posso – sussurrara ela ao telefone, o que acho que significava que ela estava por perto.

– Por que não?

Houve ruídos de movimento quando ela se mudou para uma posição que lhe oferecesse mais privacidade.

– Faz dias que ela vem deixando pistas sobre uma grande noite de celebração. E eu acho de verdade que vai ser a noite.

– A noite de quê?

Sua voz mudou para um sussurro entusiasmado: – Acho que ela vai me pedir em casamento, Bárbara, no dia do meu aniversário. Sempre dissemos que esperaríamos, que guardaríamos mais dinheiro, mas desde que Betty... bem, acho que isso fez com que ela repensasse. Então, está vendo por que você precisa ir comigo? Preciso da sua ajuda para escolher alguma roupa que seja fabulosa.

É claro que eu tinha dito sim, e que me esforçara de verdade para ignorar a pontada de ciúme que senti ao ouvir aquelas palavras. Eu não tinha nenhum direito de invejá-la pelo entusiasmo com algo que ela vinha querendo e esperando por quase toda a vida adulta. Jamais poderia ser tão egoísta a ponto de negar aquilo a ela, só porque o meu noivado e os planos de casamento haviam terminado em desastre. Ambas tínhamos passado por um período terrível; Alejandra merecia aquela felicidade.

As cortinas se agitaram, e ela parou à minha frente com o vestido azul.

O cabelo estava despenteado pelas muitas roupas que haviam passado por ele; ela estava sem sapato e usava meias listradas, perfeitas com seu jeans e botas, mas não exatamente com o vestido de seda tomara que caia que se ajustava ao seu corpo esguio como se fosse feito sob medida.

Ela estava deslumbrante.

– É este – decidi, com certeza.

Ela abriu um grande sorriso, olhou-se no espelho e assentiu, feliz.

– Se Nicóle não a pedir em casamento com este vestido, então eu mesma me caso com você.

Nossa caçada ao vestido perfeito havia nos mantido ocupadas durante a manhã, mas, quando eu estava ao seu lado na fila da caixa, Alejandra abordou o tema dos meus planos para mais tarde naquele dia. Eu devia ter esperado por aquilo.

– Você ainda vai ver Macarena hoje à tarde?

Caminhei com a fila, que se aproximava da caixa.

– Acho que sim.

– Você não parece estar muito certa disso.

Dei de ombros, tentando fingir uma indiferença que não sentia.

– Não. Não é isso. É que vai ser estranho, só isso. Vai ser minha última chance de me despedir dela.

– Provavelmente será sua última chance de fazer... qualquer outra coisa... com ela também – advertiu Alejandra solenemente, enquanto pegava o cartão de crédito e o entregava ao funcionário da loja.

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