Um salto, é um salto

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Era engraçado o fato de Millie estar sob os cuidados dos Wolfhard há exatamente uma semana. E que semana. A vida toda pensara que nunca mudaria seu estilo, mas estava redondamente enganada, ainda mais agora que olhava seu reflexo no espelho e notava o quão linda era. Literalmente, ela nunca havia se sentido tão linda e bem cuidada quanto se sentia agora.

Havia acordado a pouco mais de vinte minutos, e se certificava a todo momento de que não estava atrasada. A senhora Wolfhard odiava atrasos, e sempre dizia a Millie: "minha querida, isso não é coisa de uma dama", sinceramente? Essa era a frase que Brown mais estava a ouvir, de modo que estava a se enjoar dela.

Quando notou que faltava exatamente cinco minutos para o horário de seu desjejum, Millie saiu do quarto e se dirigiu a passos lentos para o andar de baixo.

A garota vestia um short branco social e uma blusa rosa bebê, nos pés, uma sapatilha no mesmo tom da blusa. Estava com pouca maquiagem, não gostava de parecer muito artificial. Para ela, quanto mais natural, mais bonita ficava. E ela tinha razão.

Ao chegar no primeiro piso, a jovem foi recebida com um sonoro "bom dia" de sua mentora.

— No horário certo, minha querida, parabéns! – sorriu verdadeiramente.

Millie retribuiu o sorriso.

As duas foram conversando em tom baixo e calmo até a sala de jantar, onde Eric e Finn já as aguardavam para o café.

— Bom dia, tio Eric – a morena mais nova saldou. – Bom dia, Wolfhard – disse a contragosto enquanto torcia o nariz.

— Bom dia, meu bem – o pai de Finn falou.

— Bom dia, Brown – fez a mesma expressão que a garota enquanto a cumprimentou.

— Bom dia, querido – Mary disse ao marido e logo em seguida, selou seus lábios nos dele, em um selinho rápido.

Eca, pensaram os adolescentes.

— Bom dia, filho – beijou-lhe o topo da cabeça.

— Bom dia, mamãe – sorriu para a mesma.

Finn Wolfhard podia ser o verdadeiro diabo para algumas pessoas, inclusive para Millie Bobby Brown, e ela sabia bem disso. Mas, por mais ruim que ele parecesse, era no fundo, uma pessoa doce, amorosa, confiável e companheira, inclusive para seus pais. Na escola ele poderia ser o típico "playboy", zombador e qualquer coisa do tipo, mas em casa? Ah, em casa não era desse jeito.

— Como estão suas aulas, Mills? – indagou Eric.

— Estão ótimas, tio. Tenho sorte, minha mentora é sem dúvidas, a melhor – trocou um sorriso cúmplice com a mesma.

— Hoje, Millie andará de salto – anunciou Mary, provocando risos cínicos de Finn e um olhar de surpresa da parte de Eric. A menina? Bom, só faltou morrer engasgada com o pedaço de pão que estava em sua boca.

— C-como é, tia?

— Isso mesmo que você ouviu, minha querida.

— Tia Mary, eu nunca andei de salto – falou ela entre suspiros frustrados.

— Essa eu quero ver – o garoto cacheado destilou seu veneno. – A machadão usando salto... essa é nova.

A morena o encarou irritada.

— Ah! Vá pra casa do... – parou ao ver o olhar repreensivo da melhor amiga de sua mãe.

— Millie, meu anjo, não se exalte – pediu a mulher.

Eric só encarava a cena, prendendo o riso para não demonstrar que achava graça daquela situação, onde os dois implicavam um com o outro em extrema infantilidade.

Une Belle Rebelle - FillieOnde histórias criam vida. Descubra agora