Um

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Cinco meses desde que o Andy se foi e hoje ele completaria seus dezoito anos, mas aquele maldito motorista daquele maldito caminhão tirou a vida dele. Desde aquele dia, tudo tem sido mais difícil, venho tendo pesadelos, durmo extra mal, meus pais se preocupam demais comigo e a saudade dele não passa nunca. Aquilo me abalou muito, tento continuar a vida normal, mas é tão difícil. Mas eu decidi que não iria parar de viver e tentaria todo dia seguir em frente.

Hoje é o último dia de aula. Estava relutante para levantar da cama. Passei as mãos pelo rosto frustrada e me levantei guiando-me até o banheiro. Em seguida me arrumei e fui tomar meu café com a minha mãe. Desde que Anderson morreu, percebi que ela tenta me tratar com o maior cuidado possível. Ela acha que por eu ter perdido meu namorado assim, vou me suicidar ou algo do tipo. Não é fácil para uma garota de dezoito anos perder o namorado, mas eu não faria isso. Como sempre, ela me recebeu na cozinha com um abraço forte e um bom dia com um sorriso acolhedor. Me sentei e só tomei um suco de laranja.

– Algum pesadelo essa noite? – minha mãe perguntou bebericando o seu café.

– Só uns sonhos bobos. – Falei e dei de ombros. – Acho que finalmente estou melhorando de verdade. Eu preciso melhorar, não é? Eu sei que não posso mais traze-lo de volta, então eu preciso seguir a minha vida. Mas hoje é o aniversário dele. – Ela assentiu. 

– Que bom que pensa assim, filha. Você não precisa esquece-lo, apenas aprender a conviver com a saudade.

– Eu sei... estou tentando trabalhar isso em mim todos os dias. – Falei brincando com o copo de suco vazio.

– Mas não precisa se apressar. – Ela disse e voltei a olha-la. – Só passaram cinco meses, ainda é algo recente. E eu te achei muito forte em relação a tudo o que aconteceu. Outras pessoas se entregariam totalmente a triste e você conseguiu passar por isso. – Assenti com os olhos marejados. – Eu sei o quanto você o amava, então não se preocupe em melhorar de uma vez. A tristeza vai se transformar em saudade aos poucos, até que chegará o dia em que a saudade se tornará uma lembrança. 

– Eu acho que a saudade vai permanecer para sempre. Eu sempre irei sentir a falta do Anderson. – Falei. – Mas eu vou saber viver com isso... já estou aprendendo. – Dei um sorriso fraco para ela.

– Tenho muito orgulho por você está sabendo lidar com tudo isso. – Ela disse e eu sorri.

– Obrigada, mãe. – Ela sorriu. – Vou pegar minha mochila, preciso encontrar com a Jeni.

– Claro, vai lá, filha.

Terminei de colocar algumas coisas na mochila e desci novamente me despedindo da minha mãe. Tão bom conversar com ela, sempre diz coisas bonitas e que me inspiram a tentar melhorar ainda mais. Segui rumo a casa da Jeni, nós sempre íamos juntas para a escola. Toquei a campainha e depois de um tempinho a mesma saiu com um pacote de cookies nas mãos.

– Oi, Di! Como você está hoje? – Ela perguntou ao me cumprimentar.

– Dando graças a Deus que é o último dia de aula.

– Eu tenho certeza de que quando acabar iremos sentir falta. – Ela respondeu suspirando.

– Eu sei do que você vai sentir falta. – brinquei enquanto enchia a boca de cookie.

– Do que?!

– Do time de futebol masculino que você tanto baba em cima.

– Ah, é verdade! Vou sentir muita falta do meu Joe... – ela fez uma cara triste e eu só soltei uma risadinha. Joe era um dos caras mais cobiçados da escola e as vezes ele e Jeni ficavam.

You make me strongOnde histórias criam vida. Descubra agora