Capítulo 31

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– Cara, eu não sei se é uma boa ideia... – Alan sussurrou, encarando hesitante o material pulverizado em cima da mesa. Um dos garotos tinha lhe entregado forçosamente um papel enrolado na forma de um canudo estreito. Mas aquilo lá não era para a boca.

– Relaxa. A sensação compensa tudo – Garantiu, arrastando um banco para ficar ao lado do ômega.

Era sufocante os olhares presos em si. Todos eram alfas. Os feromônios... estavam o pressionando. A atmosfera esta densa e Alan sentia que uma tempestade estava se formando. Uma tempestade violenta que o destruiria em breve.

– Eu não quero virar um viciado fodido que vive debaixo da ponte pedindo esmolas pra cheirar depois – Grunhiu, vendo uma das garotas aspirar a droga da mesa com facilidade, coçando o nariz como se fosse só uma poeira incomodativa. Nada como se tivesse inalado cocaína pura.

– Tão dramático... Tinha que ser coisa de ômega – O alfa bufou, sabendo que isso irritaria Alan.

– O que quer dizer? – Rosnou, avançando no alfa que sorriu maliciosamente, com as mãos erguidas em rendição.

– Você é mesmo um fracote delicadinho, Alan – Lambeu os lábios, fazendo as pupilas do ômega dilatarem. – Está com medo? Hum? Está com medinho?

– Porra, sai da minha frente seu pau no cu! – O empurrou da cadeira, fazendo-o cair no chão pateticamente.

– Vamos, prove que você é diferente. Prove que você não é um fracote de merda – Continuou calmamente, mesmo que estivesse no chão com a pele ralada. Alan pagaria depois. Pagaria muito caro pelas várias humilhações que já o fizera passar. Mas ele sabia manter a postura, mesmo quando cada centímetro de Alan o angustiava. – A sensação é tipo sexo anal. É ótimo.

– Belo exemplo – Revirou os olhos, fingindo despreocupação. Mas por dentro, vibrava.

Alan usava drogas a mais tempo do que se lembrava. Tudo começava com maconha, mas às vezes as coisas deslanchavam; e quando viu já estava na anfetamina. Mas isso era um detalhe pequeno. Não é como se ele fosse um viciado. Mas o ômega sabia que com cocaína pura era diferente. Sabia que aquilo poderia fazê-lo se tornar o que jurou não ser, apenas em poucas vezes de uso.

– Vamos, Alan. Você não vai ficar viciado. É só agora e depois nunca mais.

– Nunca mais? – Ergueu uma sobrancelha, esperançoso. Ele queria acreditar que era verdade. Alan sabia que seria satirizado pelos seus amigos se não fosse em frente.

– Claro. E na rave tem muito disso – Se lembrou das pílulas servidas livremente só para manter os convidados despertos. Esse era o único jeito de ficar acordado durante três dias. – É sério, você vai ser zoado se você for comportado. Você sabe que no submundo não há lugares para arrombadinhos moralistas.

Alan inspirou. Duas. Três vezes. Não era tão fácil quando parecia: ele só conseguia imaginar o que sua mãe pensaria sobre ele cheirar cocaína com pessoas errados em lugares errados. O que Gael pensaria. O inteligente e moral alfa provavelmente se afastaria de si como alguém se afasta de chamas. E Alan só conseguia se lembrar de agradecer mentalmente por Gael não estar ali. Ele não conseguiria.

– Quem está sendo moralista? – Lançou olhadelas provocativas para o alfa que queimava por dentro, sedento pela ideia de Alan indefeso.

O ômega mais filha da puta do mundo estaria frágil. E ele usaria e abusaria daquele arrogante.

– É um tesão, não é? – Riu, vendo-o piscar várias vezes, juntando o pó com um cartão, antes de cerrar os olhos com força e imitar os gestos da alfa. 

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