– Olá, Gael – Alina cumprimentou, abrindo a porta de seu consultório para Gael que entrou hesitante, olhando a mobília como se ela fosse viva e pudesse atacá-lo. – Você sabe como responder.
– Olá? – Perguntou timidamente, sabendo que o silêncio era constrangedor para pessoas como Alina.
Mas não para ele. Gael adorava ambientes vazios de som.
– Você pode me perguntar se eu estou bem.
– Você está bem?
– Obrigada por pergun... o que é isso? – Seu sorriso se fechou ao ver Gael lhe estender um doce, com uma expressão séria no rosto.
– Pirulito, por boa educação
– E por que um pirulito?
– Porque sim.
– Quando alguém lhe perguntar algo, você deve dizer o motivo por trás daquilo que você falou – Disse, com seu quê gentil que fez Gael se lembrar de suas reuniões com Alba.
Alina, com sua altura baixa e seus cabelos cor de bala de uva, era como uma cópia mais jovem da própria mãe. E isso foi o suficiente para que ele começasse a se soltar:
– Minha avó me entregava pirulitos todas às vezes que eu era educado ou seguia as instruções... normas... dogmas que a sociedade criou em códigos para facilitar a interação.
– E o que você acha dessas regras?
– inúteis.
– É mesmo? – Disse, pegando sua prancheta e começando a anotar. Gael sabia que era sobre si, então ele teve que engolir em seco antes de continuar:
– Todos dizem que cada indivíduo é um indivíduo. Eles gritam sobre autenticidade e a singularidade de cada sujeito. E se cada um é diferente do outro, então por que precisamos padronizar até aquilo que diz respeito a habilidades de socialização?
– As pessoas precisam se conectar de alguma forma, e as regras são essenciais para isso – Explicou, com aquele seu sorriso infantil no rosto. – Você não sente vontade pertencer a algum grupo?
– Lobos, abelhas, cupins, formi..
– O que você...? – Olhou-o de forma suspeita, mas então Gael ergueu um dedo, fazendo-a se calar.
– ... Todos fazem um coletivo. Eu não preciso disso. Posso ser autossuficiente.
– Se bastar sozinho? É uma bela palavra, mas ela não funciona.
– Funciona, sim.
Ergueu os olhos, por trás de seus óculos, anotando em sua prancheta de novo. Gael sentia que poderia ter uma crise só pela aflição de não saber o que ela julgava de si.
– Você que sabe sobre muitas coisas, deveria entender que ser totalmente sozinho faz tão mal para a saúde quanto se drogar como meu irmão tinha feito. E você pode morrer de depressão, como bem sabe.
– Eu posso fazer diferente.
– Não pode – Cortou, com um tom de voz firme, mas sem tirar a compostura suave. – Você também faz parte da nossa matilha, Gael. E essa matilha é a nossa comunidade. E como o alfa que você é, seus instintos te orientam a se relacionar com ômegas.
– Estou impressionado – Interrompeu, olhando-a nos olhos. – Estamos dialogando e você não está me tratando como uma criança ou um incapaz. Você está me tratando como se eu fosse normal.
Ela o olhou surpresa, sabendo que aquilo não era comum. Gael pelo jeito não tinha boas experiências com psiquiatras e psicólogos.
– Eu vi sua ficha e percebi que você tem uma incrível capacidade de memória e devoção ao aprendizado. Você supera seus limites facilmente. Comunicação? Todos temos dificuldade em nos entendermos. Eu não preciso trata-lo como um incapaz. Eu vou te tratar como o adulto que você é. Não vou lamentar sua síndrome como deve ter visto seus familiares fazerem. Você deve saber que ela existe, e deve ter calma quando for quebrar algumas barreiras. Mas você não deve ficar separado dos outros só porque alguns lhes disseram que você é anormal. Una-se as pessoas e entenderá que você também faz parte delas, porque você é igual a elas.
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Stranger
Romansa(+18) Gael é um alfa albino e autista, mas nada o impede de ser o cara mais inteligente que Alan já conheceu. E o cara mais estranho, antissocial, frio e sem humor que ele teve o desprazer de observar. Diferente de Gael, Alan não é baixo, delicado...