Capítulo 24

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– O que ela disse sobre mim?

– "Oi" para você também – Alan quase bateu a cabeça no teto do carro quando entrou. As palavras de Gael pereciam tiros do que sons. – Você não quer falar sobre o clima primeiro? Podemos conversar sobre a frente fria se aproximando.

– Diálogos sobre clima não acrescentam nada em minha vida.

– E saber sobre o que minha mãe acha acrescenta? – Olhou-o sarcástico quando viu-o se encolher contra o volante.

– Ela me ajudou muito. Alba somou muitos algarismo para dar resultado ao meu crescimento pessoal.

Alan ficou quieto, ecoando consigo mesmo se Gael havia desenvolvido apego emocional com Alba. Ela mesma parecia gostar de Gael: depois que descobriu que ambos estudavam na mesma universidade, começou a falar dele em todas as ligações. Às vezes dizia coisas tão maternais que fazia Alan revirar os olhos. Ele queria entender como o cara mais frio tinha se conectado com sua mãe.

– Ela me disse que pessoas como você não se importam com que os outros pensam. Contraditório, não é? – Riu, puxando nervosamente alguns fios dos seus jeans rasgados. Ele ainda precisava se lembrar que deveria agir normalmente e que aquilo não era o encontro que estava idealizando.

– Eu me importo com o que você pensa.

Tarde demais.

Alan quase ouviu seu emocional rindo da sua cara quando Gael sorriu para si, de um forma gentil e acalentadora.

Caralho. Ele queria choramingar e se arrastar até o colo de Gael como um gatinho manhoso, até que ele lhe desse a atenção que desejava.

– E-ela disse que... que pessoas como você se expressam de forma hones... Porra! você olha muito fixamente! – Exclamou frustrado, olhando para o retrovisor quando sentiu os olhos de Gael presos em si.

– Eu presumi que isso era o correto – Confessou, sabendo que Alan estava constrangido. O seu carro estava começando a cheirar feromônios angustiantes. – Alba costumava dizer que eu deveria olhar para os olhos de quem eu conversava. O que eu estou fazendo de errado agora?

– Quando você quiser olhar, dê olhadelas não tão diretas. Eu sinto como se você pudesse ler minha alma. É estranho pra caralho.

– Eu gostaria de poder ler a alma das pessoas. Seria mais fácil – Sussurrou, tentando olhar para o rosto de Alan que tentava escondê-lo a todo o custo. – Você está desconfortável. Consigo sentir isso.

– Como caralhos você consegue? – Bufou atormentado. O que estava acontecendo com ele? Seu corpo estava trêmulo e suado.

– Isso é inédito. Você nunca está desconfortável. E agora que você está e eu consigo deduzir. É curioso, no mínimo... Eu sou péssimo em captar sentimentos alheios.

– Você percebe que eu estou incomodado? Tipo, feromônios, emoções e todo esse lance?

– Sim.

Pelo que os livros já lhe haviam informado, só alguns alfas muito sensitivos conseguiam notar coisas como essas, ou os já estivessem ligados.

Judith já tinha dito que Aline sentia o que suas emoções pulsavam; um casal de colegas também já haviam comentado.

Ligação... Ligação...

Seu coração saltava sob a possibilidade, enquanto seu lado racional gritava para que ele ignorasse.

– Conquanto, eu ainda não consigo parar de devanear que pessoas como você são indecifráveis – Chacoalhou a cabeça, mostrando que estava confuso. – Por que pessoas normais são tão difíceis?

– Você parece com matemática – Alan disparou. – Eu não entendo matemática.

– O que nós vamos fazer? – Sua voz falhou, como se perdendo em si mesmo. – Nós nos repelimos como cargas opostas. Você me soa com um elétron e eu um pósitron. Se nos unirmos, vai haver uma colossal explosão. E eu não estou preparado para isso.

Alan se calou por um tempo, voltando a se lembrar de ter paciência. E persistência.

– Você vai aprender a lidar com isso. As coisas são assim: podem funcionar ou não. Vamos experimentar, daí descobriremos.

– Eu ainda não compreendo que proeza estou tentando realizar. Meu instinto se sente confortável com você. Eu li que o instinto é o tesouro da mente, uma espécie de oráculo de adivinhação dos nossos sentimentos mais profundos – Gael suspirou, como se estivesse exausto. Exausto de tentar entender o que não precisava ser compreendido. – Profundo... intrínseco... encovado .... Quando eu penso nessas palavras eu só consigo imaginar o escuro. Eu não sou bom com isso, Alan. Você terá paciência até eu descobrir o que significa?

– Podemos aprender juntos. Eu também não faço ideia do isso significa. 


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