Você pode sentar do meu lado?
Perguntou Alan pelo celular, quebrando o clima constrangedor.
Gael estava muito nervoso e o ômega reparou nisso quando ele começou a tremer, olhando para todos os cantos menos para si. Então foi o ômega que teve que a tomar a primeira atitude, e ficou profundamente grato quando Gael proferiu qualquer coisa:
– É assim que vamos nos comunicar?
Desculpe, mas é a única forma.
Gael assentiu, antes de sentar-se numa poltrona ao lado da cama, ainda sem olhar nos olhos do ômega que tentava a todo custo algum contato.
– O que ocorreu?
Os médicos explicaram. Mas eu não entendi.
Gael balançou a cabeça, antes de fazer um longo monólogo explicando que poderia ser disartria, potencialmente. Causado por danos nas fibras nervosas responsáveis por ligarem o córtex ao... blábláblá. Alan não estava mais prestando atenção, apenas na sua voz baixa e insegura.
Alan odiava quando Gael não se sentia confortável o suficiente ao redor de si para realmente se soltar. Então logo interrompeu, tentando deixar o clima mais leve:
Eu acho que você entende bem melhor de linguagem médica do que eu. BEM MELHOR.
Alan sorriu, notando o olhar atento de Gael. Foi curioso o jeito que ele entreabriu os lábios quando se fixou em seu rosto. O ômega sabia do efeito que sua aparência tinha sobre ele: Gael sempre começava a ficar perdido em meio as suas frases e parava tudo para olhá-lo. Era como se Alan fosse algo que precisava ser apreciado. E ele era: porque mesmo estando internado e em uma cama a dias, ele continuava lindo.
Tão impressionante que Gael gemeu baixinho quando Alan alargou seu sorriso. Então o alfa pigarreou, dominando sua expressão excitada de um garoto de doze anos.
– Por que letras maiúsculas?
Porque significa que eu estou ressaltando. Quando eu quiser gritar, eu vou usar caixa alta também. Para demonstrar minha raiva.
– E o que é agora? Raiva ou ressaltar?
Raiva. Também. Elias te tratou muito mal. Eu dei uma bronca nele.
A expressão de Gael se iluminou, e ele pareceu até ficar sem fôlego sob a possibilidade de Alan ter finalizado a amizade com aquele maldito.
– Ah, você deu?
Não sei se teve o mesmo impacto, porque foi digitado. Mas relacionamentos terminam por direct, então acho que ele entendeu que eu não gostei do que ele falou.
– Porquê?
Alan corou um pouco, antes de escrever:
Eu não gosto quando os outros te tratam mal.
– Porquê?
Eu não sei. Me faz sentir raiva. Agora parece você respondendo perguntas sobre sentimentos: vago.
Gael sorriu entretido, se inclinando um pouco mais perto de Alan que ficou surpreso.
– Você não colocou caixa alta para demonstrar sua raiva.
Alan riu, antes de se interromper, sentindo algo na atmosfera.
Feromônios.
A sua pele aqueceu enquanto sentia o flerte sutil. Era comum alfas liberarem feromônios quando se sentiam tentados a possuir algum ômega. Gael era um, então ele fez involuntariamente. Contudo, não tinha noção do choque que Alan recebeu: seu rosto foi dominado pelo rubor e suas mãos se ergueram rapidamente para esconder suas bochechas.
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Stranger
Romance(+18) Gael é um alfa albino e autista, mas nada o impede de ser o cara mais inteligente que Alan já conheceu. E o cara mais estranho, antissocial, frio e sem humor que ele teve o desprazer de observar. Diferente de Gael, Alan não é baixo, delicado...