Capítulo 19

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– Porra, eu odeio esses exames – Alan grunhiu, se jogando num dos bancos da clínica, bufando.

– Agradeça por não ter uma vagina. Sua vida é bem mais fácil por simplesmente ter algo pendurado no meio das suas pernas – Suspirou Judith. – Não é como se eles ficassem olhando para dentro de você. Literalmente.

– Como eu odeio ser ômega! – Praticamente gritou, fazendo uma moça olhá-lo surpresa. Ninguém desconfiava que era um ômega, o único que percebeu isso rapidamente foi Gael, que fez uso de sei lá qual instinto.

– Alfas também passam por exames.

– Você não sente vontade de ser uma alfa? – Perguntou a Judith que deu de ombros.

– Você sente?

– Claro. Mas eu ainda tenho sorte de parecer um alfa. As pessoas não me molestam e não me tratam como alguém frágil e emocional. Eu já vi alguns alfas te olhando como se você fosse um pedaço de carne.

– As pessoas podem dizer e fazerem coisas desagradáveis para mim, mas isso não muda a obrigação que eu tenho comigo mesma de me amar e me aceitar, e sempre falar para meu interior que não é pelo fato de eu ser uma ômega que eu sou indefesa, muito pelo contrário: prova que eu sei lidar com dificuldades e transformar palavras rudes em indiferença. Prova que eu posso ser melhor que eles.

– Aline te trata como indefesa? – Alan ainda estava pasmo com a confiança de Judith.

Ele fingia ter confiança, o que era muito diferente do amor próprio que a garota sentia.

– Claro que não. Aline continua protetora, mas não me trata diferente só por eu ser uma ômega. É claro que ela tem mais delicadeza quando se refere a mim, simplesmente porquê temos uma ligação. Mas ela não é tendenciosa sexualmente e não me obriga a fazer coisas que eu não quero, só porquê a nossa sociedade diz que como ômegas temos o dever de agradar e viver para nossos alfas acima de tudo. Ela respeita minha voz e minha independência.

Alan refletiu e se lembrou da forma respeitosa que Gael havia se expressado quando ele teve seu heat. Gael não o forçou a nada e não se insinuou. Alan continuava odiando sua frieza e apatia, mas o albino tinha sido o oposto dos outros alfas que conheceu. Eles o rasgariam a força só de vê-lo vulnerável.

Diferente. Ele era realmente diferente de todos, e isso estava começando a agradá-lo em alguns sentidos.

– Mas nós somos ômegas. Somos sexualmente passivos – Sussurrou discreto e Judith o olhou de um jeito estranho. – O que foi?

– Não é só porque estamos naturalmente por baixo que temos um comportamento submisso. Eu não sou submissa a ninguém, nem mesmo a minha alfa. Sexo é só sexo. Tudo bem se você quiser "dar" (como eu odeio essa expressão!) ou quiser domar, porque tudo isso são apenas convenções sociais que nos fazem acreditar que só porquê "damos" é que somos passivos; visto que alfas criaram essa ladainha para falsamente acreditarem que eles sempre estão no controle. Não se esqueça que na natureza os animais que são penetrados são os que tem a palavra final. São eles que aceitam ou não o parceiro. Na verdade, são alfas que querem dar para nós, porque mal se aguentam quando estão em rut e tentam de tudo para nos agradar para que simplesmente possam nos sentir.

– Todas às vezes que eu transei eu sempre me senti subjugado, como se eu tivesse a obrigação de gemer e fingir gostar apenas para agradar um alfa, porque é isso que eles sempre dizem, não é? "Você é meu, e você tem o dever de ficar calado, mesmo que isso acabe com sua liberdade". Eu adoro sexo, mesmo. Mas é por esse e tantos outros motivos que eu não tenho um alfa: eu não me senti suficientemente confortável com uma pessoa para que eu tirasse a ideia de passivo e ativo da minha mente, e que me fizesse pensar que nós só estamos fazendo sexo porquê é isso que queremos; não a atitude mesquinha que tenho visto nos alfas que apenas querem nos ter como forma de inflar seu próprio ego.

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