Capítulo cinco - A proposta de Rosa.

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    Catarina

Dirijo nas ruas escuras do Leblon em uma das minhas piores noites em quatro anos. Acho que lá no fundo, eu sabia que Maria Luiza não iria a minha casa simplesmente dizer, que sabia sobre meu caso com o marido dela. Eu a conheço, o tempo pode passar, mas ela sempre será aquela Malu vingativa e que se diverte com suas presas. Admito que mereço toda a fúria dela, de mulher duplamente traída pelo marido e a amiga, recebo toda a punição que ela tem para mim oferecer.

Aperto o botão do controle, abrindo o portão da minha casa. Coloco o carro na garagem e sigo para dentro da minha casa limpando meu rosto que já está vermelho de tanto chorar.

— Boa Noite! — Diz Rosa me fazendo levantar a cabeça. — Eu acho que você vai precisar da minha ajuda, Catarina.

Há última vez que vi Rosa, foi no dia em que fui procurar Benjamin no apartamento dele, ou seja, faz muito tempo. Soube que Rosa estava vivendo com um açougueiro, pois Maria Luiza tinha tirado todo nome e prestígio que ela construiu no meio da sociedade, mas até hoje me pergunto, o que Rosa fez? Ela está um pouco mais gorda, com a cabeça ruívamente raspada com duas argolas douradas e enormes, porém, deixa de ser uma mulher atraente e bonita.
Entrei na minha casa, coloquei a bolsa no sofá e olhei sério para Rosa.
— Porque você acha que eu vou precisar de alguma coisa sua? — Pergunto a Rosa.

— Porque você está com fama de adultera em quase todos os portais de notícia. — Ela mostra o celular com várias notícias envolvendo o escândalo de hoje à noite. As coisas se disseminam em questão de segundos. — Aliás, Parabéns, você também sofreu a sentença de Maria Luiza.

Pego o celular da mão de Rosa.

— E isso já se espalhou?

— Esse colocou assim "Arquiteta ou prostituta? Eis a questão."— Fernanda me mostra a notícia.

— Meu Deus! — Coloco as duas mãos na cabeça com a respiração ofegante.

— Eu já sabia que se Catarina voltasse, ela faria algo assim.

— E porque você quer me ajudar? — Pergunto.

— Porque você precisa de ajuda nesse momento, e eu preciso que ela pague pelo o que fez comigo.

— Você esqueceu que a minha mãe faleceu depois daquelas fotos que você enviou pelo correio?

— Isso foi a 4 anos atrás e eu não imaginava que isso poderia acontecer com sua mãe. Águas passadas, Catarina. — A cobra fala em um tom de ironia. — Não guarde mais rancor, por coisas que não valem mais apena. Além do mais, sua mãe não vai mais voltar.

Pulo em direção ao rosto dessa cadela, com vontade de dilacera-lo até ficar irreconhecível, mas Fernanda entra no meio me impossibilitando de sentir o prazer de ter o sangue de Rosa nas minhas mãos. Calma Catarina, você ainda tem uma filha para criar, meu inconsciente aconselha. Respiro fundo, tentando me recompor por mais que a raiva flua em meu corpo em um nível elevado.

— Eu não quero saber de desculpas suas, eu quero que você vá embora da minha casa. — Respondo revoltada.

Rosa se levanta.

— Durante esses 4 anos eu pensei bem no que fiz, e hoje eu não me orgulho. Mas eu peço desculpas, porque eu acho que nunca é tarde para se desculpar.

— Hoje é! pessoas morreram por sua causa.

— Eu sei que essa sua filha, também é filha do Benjamin.

— Você também vai falar isso para Maria Luiza?

— Acho que acabei de jogar uma isca, e você acabou de cair. — Se aproxima de mim. — Mas pode deixar, a Maria Luiza ou Malu como vocês chamam... não vai saber por minha boca.

A encaro mostrando o ódio em meus olhos por está mulher.

— Eu quero que você saia da minha casa agora — Vou até a entrada e abro a porta. —, nunca fui uma mulher de baixaria, mas já faz tempo que tenho uma vontade de arrancar os seus cabelos.

Rosa abre um sorriso falso, levanta a cabeça e passa por mim desmanchando o sorriso. Para essa cobra vir me procurar fazendo está proposta, é porque ela visivelmente está no desespero, pois Maria Luiza voltou mostrando que veio com tudo e atropelando todas as ameaças à sua frente.

Após ver que Rosa já saiu definitivamente da minha casa, viro-me para Fernanda e respiro fundo derramando lagrimas sobre o chão. Escorrego-me na porta até o chão. Minha vida está totalmente exposta e provavelmente estou sem emprego, graças as minhas escolhas e atitudes irresponsáveis.

Fernanda se ajoelha na minha frente e pergunta;

— Quer conversar?

— Hoje eu só quero tentar dormir.

— Vem cá, me dá um abraço.

Abraço Fê, sentindo uma ferida abrir novamente no meu peito. Aos prantos e soluços, só consigo imaginar, O que vai ser da minha vida daqui em diante?

— Saiba que iremos resolver isso juntas — Diz Fernanda. —, pode ter certeza. 

Uma Amante Inesquecível II (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora