Capítulo vinte e três - Uma marca de violência.

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Maria Luiza

Um peixe boiando na água com os olhos brancos e a boca aberta, é assim que me sinto em uma enorme casa que transmite o silencio da minha dor. Já chorei muito desde ontem, quando vi meu filhinho desce pelo tumulo. Não sinto vontade de comer, beber ou caminhar, eu quero morrer deitada nessa enorme cama com as janelas fechadas, aproveitando a escuridão do meu quarto que demonstra ainda mais o quão escura está minha alma.

Eu daria minha vida pela do meu filho, ele era tão jovem e feliz. O pior é olhar para o Ian, ele sempre vai me trazer a culpa e a dor de ter perdido uma parte de mim. Olho para o teto branco, e uma lagrima escorre pelo os meus olhos. Escuto a porta abrir e mesmo sem me virar para olhar, sei que é Benjamin.

— Perdemos um de nossos filhos. — Engulo em seco. — Você sabe que tudo isso é culpa dela, não é? — Viro-me na direção da porta, o olhando parado e desolado.
— Do que você está falando?
— Da filha daquela adultera. A bastarda.

Ele solta um grunhido.
— Você por acaso está falando da Valentina? —Benjamin me encara impaciente.
Tampo meus ouvidos, para não escutar mais este nome demoníaco e que trouxe tanto sofrimento para dentro da minha casa.
— Não fala mais o nome dessa peste na minha casa. — Sento-me na cama em fúria. — Se não fosse por ela, o meu filho estaria vivo e estriamos todos felizes, unidos, como uma família. — Bato com as duas mãos na cama. — Maldita hora que voltamos para o Brasil, maldita hora.

Benjamin senta na cama ao meu lado.
— Eu quero que você escute bem o que vou falar. — Diz em tom sério. — Valentina não têm nada a ver com o que aconteceu entre Catarina e eu, nunca mais, escuta bem, nunca mais chame minha filha de peste ou a repreenda como fez no velório do nosso filho. — Ele coloca o dedo na minha cara. — E nunca mias, chame minha filha de bastarda. Sua maluca. — Se levanta da cama.
— Você disse nosso filho?... Então você me perdoa por eu não ter falado da inseminação?

Benjamin está com um semblante de incrédulo.
— Você é maluca Maria Luiza. Eu vou embora para o meu apartamento, estava aqui só para ajudar você e o Ian, mas pelo que vejo você está bem. Aproveito os últimos momentos com o nosso filho, porque logo vou tira-lo de você.

Me jogo no chão e seguro os pés de Benjamin.
— Não me abandona por ela, meu amor.
— Me solta Maria Luiza!
— Você está abandonando a mim e a seu filho, nos sim te amamos de verdade.

Ele pega nos meus ombros impaciente, com todas as forças e me levanta. Ele aperta tão forte os meus ombros, que gemo de dor. Benjamin não será capaz de me machucar, não de novo. Sei que ele ainda me ama, assim como o amo, vejo em seus olhos furiosos que ainda morre de amores por mim.
— PARA COM ISSO, PORRA! — Grita. — Você tem um filho que precisa de você lá fora e fica com cenas como essa. Porque fora da vida social, você também não é uma mulher composta na vida pessoal.

Ele me joga no chão machucando o meu braço. Benjamin abre a porta, e lá está Ian com olhos arregalados, demonstrando o quanto está assustado e ansioso com tudo que estamos vivendo.
— Pai?
— Oi campeão! — O pega nos braços.

Levanto do chão alisando meu braço machucado, no intuito de aliviar a dor. Abro um sorriso e aproximo-me de Benjamin que está com Ian em seus braços. Ele encara o pai com o olhar triste e abatido e pergunta:
— Agora eu estou sozinho, não é verdade?

Benjamin levanta a cabeça de Ian.
Benjamin – Enquanto você tiver a mim — Pausa. —, você nunca estará sozinho.
Ele abraça nosso filho e o beija carinhosamente. Meu braço está pulsando, quando olho, surpreendo-me ao ver uma enorme mancha roxa se formando. Eu não acredito que Benjamin foi capaz de me ferir, mas foi por amor, só pode ter sido por amor. É isso, sim, foi amor. 

Uma Amante Inesquecível II (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora