Capítulo dez - A revelação.

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  Benjamin

Chego em casa e percebo que as coisas ainda estão quebradas e jogadas sobre o chão da sala de estar. São sete e meia da noite e a casa está vazia, os empregados estão de folga, minha mãe saiu com os meninos depois do surto de Maria Luiza, falando nisso, onde está aquela maluca? A procuro por toda a casa, mas nenhum resquício dela.

Vou até a cozinha e pego uns nabos para cortar, no intuito de fazer o jantar para os meninos. Corto o primeiro nabo... Vamos entrar, amor. Lembro de Catarina chamando aquele médico idiota de "amor ". Minha vontade era meter o soco na cara dele, para que ele se especializar em se autocirurgiar. Corto o segundo nabo com toda a força... Oi! me vem à cabeça a filha de Catarina e aquele sorriso inocente, aquela menina desencadeou uma porta no meu peito que não consigo explicar.

A campainha toca tirando-me do meu devaneio. Coloco a faca no balcão da cozinha e vou abrir a porta.

— Benjamin! eu preciso conversar com você, é urgente.

É Rosa, o que me deixa impressionado, pois soube que ela tinha se casado com um açougueiro para sobreviver, após Maria Luiza destruir a vida dela. Rosa parece preocupada e falando a verdade, olho para os dois lados da rua e abro espaço na porta.

— Entre.

Rosa adentra minha casa devagar e insegura. E tem que estar mesmo, pois se Maria Luiza ao menos sonhar que ela está aqui, pode fazer coisa pior do que a primeira vez.

A forma como Rosa foi dispensada, me deixou intrigado, pois Maria Luiza a considerava o suficiente para não deixa-la de fora dos seus planos, porém, segundo justificativas da minha querida esposa. Rosa teve que ser dispensada, pois além de rouba-la financeiramente falando, ela estaria supostamente dando em cima de mim. Pensei que Maria Luiza não percebia os olhares de luxuria que Rosa me lançava, mas ela estava mais cheia de atenção do que eu. Acredito que minha mulher sabe o necessário, porque ela não deve ao menos sonhar, que um dia tive um caso com Rosa, muito menos que a engravidei.

— Pode se sentar. — Digo apontando para o sofá em formato de "L" no meio da sala.

— Me admira depois de todos esses anos você não sentir ódio de tudo que te fiz passar.

— Acho que você aprendeu bem com as consequências dos seus atos.

— Você não sabe o quanto. — Ela suspira pesadamente.

Sento ao lado de Rosa no sofá.

— Então, qual é a urgência que você tem para me dizer?

— Benjamin, eu não sei porque a Catarina ainda não procurou você para contar o que eu vim te falar.

— E o que você teria para me falar sobre a Catarina?

Rosa faz uma pausa gerando um certo mistério. Ela olha para as mãos e diz:

— A Valentina... Ela é sua filha.

Se isso realmente fosse verdade, Catarina teria me falado. Rosa não apareceria aqui do nada, se não fosse para trazer um problema. Se bem, que por um lado isso justificaria a reação de Catarina assim que vi a menina hoje de manhã. Ela ficou pálida e nervosa, querendo que a menina fosse para dentro ou quem sabe, mante-la longe de mim.

Porque Catarina seria tão idiota de me esconder uma filha? De certa forma, isto seria uma ótima oportunidade para que eu me aproximasse dela novamente, e descartar de vez Maria Luiza da minha vida. Não aguento mais escutar a voz e as caricias dela, que mais parece um acido tocando minha pele.

Levanto do sofá pensativo, coloco a mão no quadril.

— Mas ela falou que Marcelo era o pai da menina. — Digo confuso.

— há 4 anos atrás, no mesmo dia que você viajou com a Maria Luiza para os Estados Unidos, eu fui no seu antigo apartamento e ela também estava lá, aflita e em busca de você. Ainda cheguei a perguntar o porque, mas visto as coisas que a fiz passar na época, ela se ausentou de qualquer resposta. — Rosa levanta do sofá e fica frente a frente comigo. — Isso me gerou uma certa dúvida. Fiquei meses a observando. Pensa comigo... fazia apenas sete meses que você tinha ido para os Estados Unidos, quando Catarina deu à luz de uma menina perfeitamente saudável. Benjamin, eu conheço o Doutor Yuri que fez o parto, ele é muito amigo do meu marido. Ele disse que a menina nasceu de nove meses, o que quer dizer que tem tudo para ser seu.

Se Catarina teve essa menina sete meses depois que fui embora, com o tempo de gestação normal. Não resta dúvidas que eu seja o pai, porque as contas batem perfeitamente com o tempo que mantinhas o caso entre nós dois. Nesse momento, tudo que mais quero é que seja verdade mesmo, porque já faz tempo que quero estar novamente com Catarina, essa menina, com certeza é a ponte para que meus desejos se realizem.

— E porque ela não me procurou ou falou alguma coisa sobre isso? — Questiono Rosa no intuito de perceber ao menos um fragmento de mentira, mas eu a conheço do avesso, se ela estivesse mentindo, já saberia.

— Isso é uma coisa que ela quem têm que responder.

— Então, eu não posso perder tempo.

Tiro a chave do carro do bolso e sigo em direção a porta, assim que abro, dou de cara com Maria Luiza, que já muda o semblante assim que ver Rosa atrás de mim.

Merda! 

Uma Amante Inesquecível II (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora