Capítulo trinta e um - Ligando para não esquecer de mim.

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Benjamin

Ian come o quarto pedaço de bolo, antes de se jogar novamente na piscina animado. Desde o momento em que ele viu a mãe ser levada pelos policiais, que eu não tinha o visto sorrir como antes. Isso estava me deixando preocupado, a ponto de querer levar meu filho para visitar Maria Luiza no hospício, quando na verdade ela deveria estar na cadeia, que é lugar de gente safada como ela.

Maria Luiza fez questão de mandar os papéis do divorcio, eu nem queria me separar dela, mas tudo bem, agora estou com Catarina que me mima e faz o que eu quero, além de criar o meu filho junto da pequena Valentina. Resumindo, já encontrei a sombra e a água fresca e para mim está ótimo.

Ouço meu celular tocar na mesa de mármore em frente a piscina, logo, pego vendo que é um número desconhecido que está me ligando. Atendo:

— Alo?

— Espero que não fiquei chateado com a lembrança que deixei.

A voz me é familiar, mas não consigo recordar de quem seja.

— Quem está falando? — Indago.

— Vou ficar chateada por você não conhecer mais minha voz, Ben.

Logo, a fixa cai...

— Rosa!

— Bingo! Só por você ter acertado, vai ganhar um prêmio, ou quem sabe perder?

Vejo uma movimentação no portão de entrada, onde um homem e uma mulher vai falar com Fernanda desesperados.

— O que você fez, Rosa?

Ela rir com bastante deboche do outro lado da linha.

— Fala, porra!

Fernanda se aproxima de mim aos prantos e diz:

— Benjamin, Benjamin. Catarina sofreu um acidente grave aqui perto.

Tiro o celular do ouvido e digo desesperado:

— O que?

— Ela foi levada para o hospital desacordada e sangrando pelos ouvidos, boca e nariz.

Meu coração pula no peito em desespero, volto a colocar o celular no ouvido.

— O que você fez sua desgraçada, infeliz!

— Pelo jeito já recebeu o meu presente. — Diz com sarcasmo. — Só lembrando, que se depender de mim, você nunca será feliz. — Ela muda o tom, soando sério e rancoroso. — Você me tirou toda a felicidade Benjamin, e a cada vez que aparecer alguma luz na sua vida, eu vou arrancar para te ver mais e mais na lama. — Rosa desliga na minha cara sem me dar oportunidade de resposta.

Corro para meu carro e sigo desenfreado para o hospital com Fernanda. As crianças ficaram sobre os cuidados do banana do namorado dela, eu acho. Saio do carro desesperado por respostas, o deixando com a porta aberta. Assim que chego na recepção do hospital, sou atendido por uma loira, alta e magra.

— Boa noite, senhor. — Diz a loira. — Em que posso ajudar?

— A minha amiga deu entrada nesse hospital — Interfere Fernanda. —, o nome dela é Catarina Silva.

— Ela já saiu da cirurgia, se encontra no primeiro andar, no quarto sete sobre os cuidados do doutor Marcelo Guimarães.

— Só pode ser piada! — Disparo para o elevador e Fernanda vem atrás de mim.

Quando a porta do elevador abre, vejo Marcelo saindo do quarto número sete. Avanço para cima dele, o impresso na parede perguntando:

— Como ela está seu idiota?

— Se você me soltar primeiro. — Diz em tom educado.

Assim que o solto, ele ajeita seu jaleco e diz:

— Fizemos uma cirurgia de emergência na cabeça de Catarina, para remover um coágulo que se formou devido ao impacto do acidente. Até o momento ela não acordou, o que quer dizer, que as próximas horas serão decisivas.

As horas se passam, já são oito e meio da manhã de domingo e ela não acorda. Sento ao lado de sua cama, aprecio seus olhos delicados fechados. Uma faixa envolve a cabeça de Catarina, ela permanece ligada a um soro que goteja bem devagar. O monitor do outro lado da cama não para de fazer barulho, mas é o único que ecoa nesse quarto triste e vazio de hospital. Pode não parecer, mas me preocupo com Catarina, estávamos vivendo momentos que me recordam o início do meu casamento com Maria Luiza, a parte em que éramos felizes de verdade.

Sinto uma mão tocar meu ombro, fazendo-me abrir meus olhos de imediato. Eu já estava cochilando com a cabeça em cima da cama, até que Fernanda me acordou.

— Vá para casa dormir um pouco, eu fico aqui com ela essa noite.

Pego na mão de Catarina.

— Eu não quero deixa-la sozinha. — Digo.

— Ela não vai estar, eu estarei aqui com ela. Agora, vá para casa e coma um pouco. Qualquer notícia eu ligo para você.

Levanto, coloco a mão de Catarina por cima de sua barriga. Antes de sair, sorrio para Fernanda que se senta na mesma hora na cadeira, abro a porta e vou embora.

Passa dia e sai dia e Catarina não acorda, já são quase seis meses em coma. Valentina se culpa pelo acidente da mãe, ela diz que se Catarina não fosse buscar o urso grande que ela tinha pedido, não estaria dormindo para sempre como a bela adormecida.

Tento não focar nos problemas de casa quando vou cuidar dos negócios, mas é impossível quando as crianças entram dentro do meu escritório em busca de atenção.

Vai dias e vem dias... Valentina está morando com Fernanda em outra casa, depois de inúmeras brigas comigo por decidir me casar com outra mulher. Já se passaram dez anos desde o momento em que Catarina decidiu dormir, nem meu beijo a fez acordar, o que me leva a pensar que não sou um príncipe encantado apesar de parecer. Ian não fez muita questão em me ver com outra mulher, na verdade, ele mal para em casa. Meus dois filhos estão com quinze anos de idade, os sinto distantes de mim, mas isso não me importa, pois agora tenho um novo casamento para aprontar. 

O terceiro e último livro já está disponível na plataforma e chama-se "Um acordo entre amantes".

Uma Amante Inesquecível II (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora