twenty

2.8K 337 832
                                    

Point Of View: Lalisa Manoban


— Ficou maluca!? — Jiyong me gritou.

— Fiquei. — Afirmei.

Antes minha cabeça girava, mas agora meus pensamentos começam a se centralizar. E eu cansei de tentar ser paciente, de respirar fundo para recuperar a calma. Tenho que encarar o fato de a minha vida estar uma bosta e fazer isso mudar. Yang vai morrer, e eu vou fazer isso acontecer.

— Para matar ele você precisa passar por muitos outros. Nunca pareceu, mas Yang é mais forte do que pensa.

— Melhor ainda, vou poder me divertir enquanto o procuro.

Ele botou as mãos na cintura e soltou uma forte risada soprada. Fechou os olhos e balançou a cabeça. Não me levava a sério.

— Você não vai fazer isso. — Disse ele. — Você não sabe nem por onde começar.

— Ah, não? — Desafiei, lhe mostrando um celular. O mesmo que eu tinha achado em uma das dobras do sofá assim que entrei. Seu olhar naquela direção denunciou que era uma peça importante.

— Ele esqueceu o celular. — Falou o meu tio com um olhar longe que parecia atravessar o aparelho em minhas mãos, um tom soturno na voz. — Não ouse...

— Famílias voltadas para o controle da Coréia. — Pela primeira vez olhei em seus olhos, intensamente. — Acha mesmo que eu não sei dessa história? O grupo Bildeberg.

Observei o rosto de Jiyong perder a cor.

— Como... como você... — Gaguejou algumas vezes.

— O QUE EU TENHO A VER COM ELES? POR QUE ESTÃO ME PERSEGUINDO? — Gritei em sua direção, assustando Jiyong, que parecia ter ficado mais nervoso ainda. — Eu não sou rica, não tenho influência, não tenho nada para oferecer a eles. E mesmo assim, você sabe a porra da tensão que eu sinto a todo o momento? Quando ando na rua, quando passo pela janela de casa, quando tenho que dobrar uma rua preparada para enfrentar qualquer coisa? Ter que lembrar de olhar para trás a cada 10 passos para ter certeza de que não estou sendo seguida? Eu tô na MERDA!

— O que sabe sobre Bildeberg?

— É com isso que está preocupado e não comigo? Eu só estou te falando isso porque você teoricamente é um policial. Faça alguma coisa!

Mas você é uma testemunha de Yang! — Ele respondeu, baixando a cabeça evitando me olhar nos olhos. E isso foi o bastante para mim. — É inteligente o suficiente para entender sem explicações.

Claro. Depois de ter citado o clube Bildeberg, fica na cara que meu falso pai, além de mentir sobre minha mãe, integra um grupo de influentes representantes de países industrializados. Europa, América do Norte... e, obviamente, Japão. Yang é um Bildeberg.

Eu não tenho saída.

Mas suponhamos que eu ignore esse fato e viva normalmente. Continuarei na escola... faculdade? Não. O clube Bildeberg surgiu na Universidade de Yale, duvido que não tenha representantes de Bildeberg pelas universidades daqui. Merda, eles estão em todos os lugares. Escrevem os jornais, administram o Google, Microsoft e com certeza a Shell também. Quantos políticos fazem parte desse movimento? Quantas vezes já fomos influenciados por eles sem perceber? Eu já sumi por um tempo, eles viram que não pretendo denunciar o meu pai, então o que querem comigo? Eu não tenho NADA a oferecer.

Mas eu não ligo, e seja lá o que eles queiram, eu não pretendo cooperar. Yang vai morrer, nem que eu me mate para isso. E se eu preciso matar 13 linhagens de imbecis riquinhos para chegar até ele, eu farei.

betting everything [Game Over]Onde histórias criam vida. Descubra agora