twenty three

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Point Of View: Lalisa Manoban

Horas antes.

Tarde da noite, tudo o que eu conseguia pensar era na cor forte dos lábios vermelhos de Sooyoung bem na minha frente, a duas taças de champanhe e pratos que eu-nem-mesmo-sei-o-nome de distância. Essa cor parece estar me perseguindo desde que eu acordei no chão de Jisoo e agora estava conseguindo com eficiência me distanciar de minhas preocupações sombrias.

Sooyoung, vulgo Joy (nome qual achei mais confortável me dirigir) claramente não se sentia intimidada pelas proporções de luxuosidade do local, o que me faz pensar que a mesma já está acostumada a frequentar lugares graciosos como este. Por isso fico feliz em perceber então que valeu muito à pena as horas gastas para comprar roupas decentes e ter aprendido a mexer com maquiagem — ato que mostrou-me a ótima coordenação que tenho com as mãos —, afinal, gostaria de parecer bonita o suficiente para me mostrar digna de ter sua companhia, chegando ao menos próxima do seu nível de beleza.

E com isso, ao contrário de Joy, assim que sentei nessa mesa sinto um peso enorme em me misturar com uma classe social tão alta e bem-apessoada como essa que frequenta o AKim Plaza. Mas acima de tudo tenho a tremenda sorte de poder pedir qualquer coisa que está no cardápio. A consideração familiar move barreiras.

— Bem, eu fui psicóloga por um tempo. — Diz ela. — Me formei cedo e era nisso que eu tinha decidido me dedicar, mas fui obrigada a abandonar esse estilo de vida por problemas de patrocínio. Basicamente a empresa a qual eu fazia parte foi ameaçada com o aviso de um futuro processo de um dos colaboradores mais importantes. Para não sujar minha imagem resolvi abandonar a profissão.

— Entendo. Mas com toda essa preocupação com a imagem comercial o que você está fazendo jantando com uma pirralha? Isso não vai ser bom pra sua imagem. — Perguntei, porém lá no fundo essa dúvida não era apenas uma brincadeira, legitimamente gostaria de saber sua resposta. — Jantar é uma palavra tão culta para o meu vocabulário que até foi estranho me escutar falando. "Rango" é mais apropriado no meu dialeto.

— Você já fez tantas piadas com essa tal "falta de formalidade" — Ela faz aspas no ar. — Mas você é a pessoa mais refinada que conheci esses dias. Se realmente não for assim, é uma ótima atriz. É também rápida nas respostas, tem uma dicção muito boa e é inteligente. Poderia fazer algo com isso. Qual trabalho acataria muito bem todas essas características? — Joy para por um momento, tomando champanhe. Aparenta estar pensando na resposta para sua própria pergunta.

— Ah, eu tenho um lance. — Eu digo e Joy rapidamente volta a me encarar, interessada. — Rap God? Eu domino esse rap, sem gaguejar ou esquecer a letra. — Rapidamente sua expressão séria se transforma em um riso.

Eu sorri enquanto admirava o som suave que escapava de sua boca. Mas fui despertada por um lindo naked cake de nozes com morango que magicamente surge na minha frente. Sentia que nada no mundo podia me hipnotizar mais do que Joy esta noite, exceto o bolo de nozes de Dara.

— Senhorita, Manoban. Aceite, por favor. — Disse o garçom de smoking. Eu assenti sem desviar os olhos do bolo, que seguia seu trajeto até o centro de nossa mesa. O violoncelo puxou o grave ao fundo junto com seus companheiros de banda que acalmava os nervos com a música ambiente. Tive a leve sensação de estar sendo encaminhada para o céu agora que estava prestes a provar aquele bolo.

O garçom antes de se retirar, indicou um dos morangos no topo, este que se encontrava delicadamente cortado ao meio por um bilhete em uma caligrafia floreada. 



Para você parecer ainda mais sofisticada. A cobertura de nozes é a sua favorita.

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