betting everything [Game Over]

twenty six

Point Of View: Jennie Kim

Após a consulta com Doutora Kang, como prometido, Lisa me leva para a sorveteria mais próxima. Eu só não esperava ver tantas pessoas levantando pesos logo em seguida, academias não são lá tão interessantes para mim, muitas células energizadas e glândulas sudoríparas em excesso, quente demais. Mas também não posso ficar surpresa, quentura e energia são palavras perfeitas para definir: Lisa.

Ela já entra cumprimentando todo mundo como se fosse dona e proprietária, eu ganho alguns acenos com a cabeça enquanto estou ao seu encalço. Enquanto isso, me perguntava o que tinha feito Lisa voltar a treinar, e observando seu rosto calmo enquanto fala com os conhecidos eu presumi que, seja lá o motivo, possuía relação com o que tinha acontecido noite passada.

Lisa nunca deixaria aparente, mas está com medo.

— Eu faço boxe aqui, você quer me ver lutar? — Ela pergunta. Tínhamos parado nos fundos do local, na ala de armários onde os clientes se trocam. Dou as costas rapidamente quando vejo um homem à nossa frente retirar suas roupas pesadas de suor. Levo a mão ao rosto, estou quente de vergonha. Lisa solta uma risadinha.

— C-Claro. — Respondo e levo uma colher do meu sorvete a boca.

Lisa dá a volta e para a minha frente. Eu ajusto os óculos no rosto. Ela seriamente aponta para o meu sorvete e depois para a própria boca. Logo entendo o que ela quer.

Quando Lisa se aproxima da minha colher, pronta para recolher o conteúdo com a boca, eu recuo o pulso.

— Não, compra um pra você. — Digo antes de usufruir do sorvete. Lisa ergue as sobrancelhas, possui uma cara engraçada.

— Qual é, malandrinha, zoando comigo agora? — Ela cruza os braços. — Eu que comprei pra você, me dá só um pouco.

Então dessa vez eu lhe mostro uma boa quantidade de sorvete, dou em sua boca. E... bom... Lisa realmente tinha uma linda boca. Seus lábios macios se apertando em volta da colher pequena e por pouco não tocando a ponta dos meus dedos. Sinto minha boca se entreabrir com a visão.

— Valeu. — Ela se retira de supetão, me puxando de volta para o mundo real.

Esse momento poderia ser bom o suficiente para eu inventar uma desculpa após beijá-la acidentalmente. Me auto martirizo por não saber aproveitar as ocasiões perfeitas.

Depois de alguns minutos de corpos nus e constrangimentos, Lisa finalmente me guiou para fora daquela ala de nudismo e me indicou os bancos bem no meio da academia, onde eu fiquei sentada por um bom tempo a observando se aquecer e mexer em algumas máquinas de musculação. Lisa não pegava pesos impressionantes, na verdade tudo o que fazia era bem leve, porém o número de repetições era absurdo. Fiquei feliz em ver que ela trabalhava para não me deixar entediada, me lançando caras e bocas frequentemente. Com certeza tédio e Lisa não poderia nunca estar em consenso na mesma frase.

Ela se senta ao meu lado e brande sua garrafa de água, mais uma vez os seus lábios escapam quando são pressionados pela boca da garrafa e eu sinto minha alma dar três passos para trás. Eu quem precisa de água.

Espero o efeito de Lisa em mim passar para ter certeza de que não pareço uma idiota e que posso agir normalmente.

— Sempre foi de se proteger com a lábia da sua língua, o poder do diálogo. Não sabia que se preocupava com defesa pessoal. — Eu disse, começando uma conversa na qual ela pudesse relatar o seu possível medo.

— Eu sempre pratiquei, mas parei há um tempo. Ultimamente venho tendo vários motivos mais que relevantes para voltar. Dessa vez não é por esporte, precisamos nos proteger. — Ela mostra um sorriso triste. — Não me perde de vista. — Então veste as luvas e corre para o ringue.