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twenty nine

Point Of View: Lalisa Manoban

— Jennie Kim, apreciando seu sono vespertino numa quarta pacata onde aparentemente não temos nada de interessante. — Eu aproximo a lente teleobjetiva, enquadrando o seu rosto com o zoom e focando no exato momento em que seus olhos se abrem despretensiosamente, ela solta o ar preguiçoso. — Em seus olhos podem ver que ela se pergunta oh, meu Deus, como Lisa é perfeita e linda e inteligente e sexy — Ao ouvir minha narração, Jennie fazia questão de intensificar a acentuação em sua sobrancelha. Revira os olhos e se senta na cama. — Faltamos na escola por dois dias seguidos, não deveria estar tão cansada, mas como podem ver, aparentemente Jennie insiste em se perder no mundo dos sonhos, embora eu garanta que os meus são muito mais emocionantes. Lisa do futuro, quero que veja essas imagens e se pergunte como esse filme preto e branco pode deixar Jennie ainda mais bonita e...-

— Te aconselho a parar. — Ela interrompe, apontando-me o dedo indicador, a expressão tediosa ainda muito presente.

— Ah, qual é, um dia eu vou publicar esse documentário e vou ficar rica.

— Se o seu sucesso no futuro depende de um documentário sobre mim, sinto muito em falar, mas não é dessa forma que vai enricar.

— O que? Eu não acredito que escutei isso de Jennie Kim, a imponente e corajosa.

Nesse momento eu recuo e desloco a lente para suas mãos em cima das pernas cruzadas, os dedos afofando as palmas das mãos o tempo inteiro, depois desço para os pés se balançando.

— Quero dizer... é, sei que meu rosto vale muito, e é exatamente por isso que quero direitos autorais. — Seu tom de voz é convencido. Eu dou um close em seu rosto e tiro uma foto enquanto filmo. — E será que dá pra parar com isso? Já chega.

Jennie esticou o braço e apertou diretamente o botão de desligar. Eu a olho arregalado no primeiro momento, mas me inclino para frente até nossos rostos estarem frente a frente.

— Tem sorte de a câmera salvar automaticamente, ou você estava frita, Kim. — Lhe digo.

— Sou uma mulher moderna, posso dar conta disso. — Responde com determinação.

Depois de rápidos segundos sustentando a troca de olhares insinuosos camuflados com inocência, eu me ergo e deixo a câmera de lado. A relação que existia entre Jennie e eu me deixava muito satisfeita. Não consigo evitar um sorrisinho bobo ao olhá-la distraída enquanto dá mordidinhas nos lábios e vagueia o olhar pelo chão até entrar em contato com os meus. Ela baixa a cabeça imediatamente.

— O que foi? — Pergunto, sentindo um sorriso divertido se forçar a sair de nós duas ao mesmo tempo.

— Hm... nada... — Jennie volta a me olhar risonha. Ela levanta da cama sem tirar os olhos do chão, parece curiosa sobre todas as peças que se espalham. Eu tinha perdido um bom tempo procurando o melhor lego até me dar conta de que deveria continuar a construir Springfield já que eu havia começado. No caminho tive um encontro com Charlie, contamos as novidades um para o outro, e ele me deu um taco de beisebol irado, o mesmo que Jennie também observa agora.

— Esse é o Moe's, Kwik-E-Mart e o Krusty Burger. — Mostrei cada um, revezando entre as caixas. — Quer montar comigo? Comprei hoje.

Jennie levanta o rosto para mim. A recente revelação a faz ficar levemente desconfiada.

Você me deixou sozinha? — Pergunta. Parece se esforçar para não soar ofendida.

— Foi só por alguns minutos, não esquenta. — Eu fui sentando no chão e começando a reunir as peças para retomar os comandos do manual. Vejo Jennie sentar do outro lado da pilha de legos, as mãos encaixadas dentro das pernas cruzadas, ela só observa.