O dia estava raiando e os pálidos raios de sol batem no meu rosto, isso me faz despertar do meu sono. Me sento na cama e percebo que estou sozinha. Zeus já deve ter levantando.
-Liope!- Grito.
A enorme porta se abre e a garota entra. Era jovem, cerca de vinte anos. Tinha o cabelo curto e escuro e os olhos pretos.
-Chamou senhora?- Pergunta fazendo reverência.
-Sim, por favor prepare o meu banho. E me informe a onde o meu marido foi.
-O supremo Zeus desceu a terra senhora, foi resolver alguns assuntos.- Responde com a voz baixa.
Faço um sinal pra que sai e ela se direciona ao banheiro. Esfrego os olhos e espero meu banho ficar pronto. Cerca de dez minutos depois a garota me chama. Saio da minha cama e vou até o banheiro. Chegando lá tiro meu roupão e mergulha na enorme banheira. Liope tira os sapatos e entra atrás de mim e começa a pentear o meu cabelo. A garota parecia ter medo de mim. Deve ser pela minha fama de megera ciumenta.
-Liope, eu sou uma má pessoa?- Pergunto.
-Claro que não senhora.- Responde.
-Então por quê tem tanto medo de mim?
Essa pergunta a faz se calar. Liope não é minha dama de companhia, ela era apenas uma substituta, Íris estava de férias, e por sinal bem merecidas. A coitada trabalha dia e noite sempre que peço. Então era bom que ela descanse um pouco. Depois do banho me vesti. Abri meu enorme closet, "por sinal uma das poucas coisas boas que os humanos inventaram." E escolho um peplo branco com fios dourados. Liope me veste e me ajuda a me pentear. Depois de arrumar o cabelo ela me mostra a minha caixa de tiaras. Entre as tantas escolha uma discreta, feita de prata e rubis. Todo esse processo do banho até as joias dura cerca de uma hora. Depois de me aprontar finalmente resolvo sair do quarto. Os dias nesse palácio são entediantes. E raro ter algum deus que esteja disposto a conversa comigo. Os únicos que o fazem por vontade própria são. Atenas, Ares, Ártemis, Hermes e Deméter. Afrodite e Perséfone também me fazem companhia, mas elas estão ocupadas. Então só me restava a solidão. Saia pelos corredores olhando os arranjos de flores, as cortinas, sempre pedindo para os servos melhorarem a decoração. Meu casamento pode ser uma fachada, mas não negligencio os meus deveres de esposa. Sempre procuro deixar esse palácio em ordem. Já passava do meio dia e a essa altura do me restava sentir a minha existência amargurada. Estava passando pela sacada externa quando ouvi os guardas.
-Peguem esse garoto!
-Seus bobos, nunca vão me pegar!- Dizia uma voz infantil.
Eu conhecia essa voz. Sigo em direção do barulho e percebo um menino de asas douradas voando em círculos a cima dos guardas, os mesmos saltava e tentavam pegar o menino. O garoto me vê e fala.
-Tia Hera.- Voando na minha direção.
Quando ele se aproximou pude perceber que era Pothos, filho da Íris com Zefiro. Ele pousa e pula no meu colo.
-Ai tia, manda eles pararem de vir atrás de mim.- Pediu.
-O que vocês pensam que estão fazendo?- Pergunto pro guarda.
-Soberana ele entrou no palácio sem mais nem menos....
-Não quero saber!- Interrompo.- Vocês deviam ter vergonha, perseguido uma criança inocente. Saiam daqui.- Ordeno.
Eles saem sem dizer mais nada. Agora mais calma reparo melhor no pequeno garoto nos meus braços. O seu cabelo era escuro que nem o do pai. Mas seus olhos eram iguais os da mãe. Multicoloridos como se tivesse um arco-íris em cada olho.
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O Servo de Hera e a Ânfora Oculta
ФэнтезиHector um adolescente de 19 anos e um devoto fiel da deusa Hera. Tão estranho quanto sua religião e o mundo visto através de seus olhos. Um mundo onde as divindades gregas ainda que de forma indireta tem grande influência sobre a humanidade. Em uma...