Capítulo 35

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- Lina? - Elisa adentra o quarto. - Está dormindo?

- Não. - Lhe respondo.

Ela se aproxima da minha cama lentamente, e arregala os olhos surpresa ao ver meu rosto inchado.

- Você está bem minha querida? - Ela se senta na beirada da cama.

- Estou bem. - Sorrio fraco.

Elisa está com os olhos marejados, então ela abaixa a cabeça para tentar disfarçar.

- Sinto muito pela perda do seu bebê. - Ela fala com a voz trêmula.

- Mateo te falou?

- Sim. - Confirma com a cabeça.

Ela olha para mim novamente, e parece não acreditar na minha situação decadente.

- Espero que não fique magoada com minha pergunta, mas por quê parece tão calma quando perdeu seu bebê?

Entendo sua surpresa. Como uma mãe que se diz amar o filho não ficaria abatida com a perda dele?

- Não sou desnaturada. - Sorrio fraco.

- Eu não quis dizer...

- Eu sei. - A corto. - Não precisa tentar se explicar.

Elisa parece sem graça, então decido lhe contar a verdade.

- Eu não perdi o bebê. - Falo baixinho.

- O quê? - Ela arregala os olhos. - Mas... como...

- Fique quieta. - Peço. - Ninguém pode escutar.

Elisa atende meu pedido e fica quieta, mas provavelmente se deve ao fato de descobrir que seu neto está vivo.

- Me explique direito. - Ela pede. - Estou confusa.

- Tive que mentir. - Digo. - Só assim poderei manter meu filho em segurança.

Quando o médico retornou ao meu quarto, pedi a ele para mentir. Como imaginava ele não aceitou, então fui obrigada a contar a ele que estava nessa situação por causa do meu pai.

Ele ficou chocado, e quis chamar a polícia, mas pedi a ele para não fazer nada, ou acabaria complicando ainda mais minha vida.

Ele acabou aceitando pelo bem do meu filho, e tenho que assumir que fiquei extremamente aliviada, pois não achei que ele iria encobrir minha mentira.

- Por que não contou para Mateo? - Ela pergunta.

- Eu não confio nele. - Digo.

- O que aconteceu?

- Eu escutei vocês conversando no escritório. - Suspiro alto.

- Me perdoe. - Elisa parece envergonhada. - Nunca imaginei que meu filho seria capaz de algo tão covarde.

- Não precisa se desculpar. - Falo. - Você não tem culpa das escolhas erradas que Mateo faz.

Percebi que ele ficou bastante confuso quando falei sobre a morte do bebê, pois antes dele ir em casa, o médico lhe havia dito que estava tudo bem, e quando retornou ao hospital, o filho havia morrido, mas ele não perguntou nada então decidi que o melhor era continuar calada.

Por enquanto posso confiar em poucas pessoas, e Mateo não é uma delas. Tenho certeza que ele não faria mal a uma criança indefesa, mas no momento prefiro que ele não saiba da verdade.

- Por que está contando para mim? - Elisa pergunta.

- Eu sei que posso confiar em você. - Falo. - Por isso lhe contei a verdade.

Entre a vingança e o amor Onde histórias criam vida. Descubra agora