Voltei para mais uma regressão. Tentava prestar atenção no que eu iria falar para o João, não queria ficar muito tempo calado vivendo aquela historia e de repente ele me trazer de volta por ficar calado.
- Senhor. – Maurice me chamou. – Ele quer falar com o senhor.
- Irei assim que possível. – Eu disse
- Pierre tem três dias que você diz isso. – Maurice me tratou como o educador que ele foi e não como o meu serviçal.
- Como ele está? – Eu perguntei, ignorando o atrevimento, eu sabia que estava o enrolando.
- Esta melhor, eu o vi tentando se levantar, ainda sente dor. Mas daqui a pouco estará andando por ai. – Maurice me respondeu.
- Eu irie até ele esta noite. – Eu disse.
À noite fui para o estabulo. Edmond estava sentado naquela cama de palha.
- Senhor Conde. Gostaria de me desculpar por todo o transtorno que lhe causei. Eu estava bêbado, apaixonado e desapontado. Nunca quis feri-lo e muito menos desonra-lo. – Edmond disse. Pareceu ter ensaiado aquilo.
- Primeiro que ainda não sou conde. Eu o perdoei tanto que poupei a sua vida e o ajudei em sua recuperação. Vejo que está melhor. Decidiu onde quer recomeçar a sua vida Edmond? – Eu perguntei.
- Senhor, eu sempre fui um nômade, nunca tive um lar. Nunca me apaguei a nada. – Edmond disse.
Eu mexia em sua ferida, a mesma já estava praticamente seca, não era mais necessária a pasta, mas mesmo assim me sentei ao lado dele abri a sua camisa e passei uma nova pasta.
- Mas se apegou a Desiré. – Eu disse.
- Sim, é uma linda mulher, não posso negar, ela se apaixonou por mim e eu por ela. Não devia ter acontecido. Hoje entendo. –Edmond disse.
- Então se arrepende? – Eu perguntei.
- Não senhor. – Edmond disse.
- Não? – Eu perguntei. “Ingrato devia tê-lo matado.” pensei
- Não senhor, se não tivesse acontecido eu não estaria aqui, não seria este novo homem que aprendeu a valorizar a vida. E que aprendeu o verdadeiro significado da nobreza e da honra com o senhor. – Edmond disse.
Me surpreendi com a sua declaração. Não sabia se eu poderia acreditar. Afinal eu não o conhecia. Não sabia se ele era sincero ou queria apenas ganhar tempo para conseguir fugir com Desiré. Olhei para ele desconfiado. Edmond segurou a minha mão.
- Eu lhe peço que não me mande embora. – Ele pediu.
Soltei a sua mão.
- Então é isso que deseja? Ficar aqui? Rondando a minha mulher? As pessoas sabendo que poupei a sua vida? – Eu perguntei.
- Não senhor não traia a sua confiança. – Edmond disse. – Eu lhe devo a minha vida.
- Deve mesmo. Por isso peço que assim que se recuperar vá embora e não retorne mais. –Eu disse me levantando e saindo do estabulo.
- Pierre. – Edmond gritou. A todo momento era senhor, senhor, agora me chamava pelo nome.
- Diga. – Eu disse retornando para a sua cela.
- Não é justo sair andando enquanto ainda não acabamos de conversar. – Edmond me disse.
- Eu não tenho mais nada para conversar. – Eu disse.
- Mas eu ainda não acabei. – Edmond disse se levantando, mas ainda não possuía forças suficientes se desequilibrou e eu o segurei antes que caísse.
Ele estava nos meus braços, a luz das velas que clareavam aquele ambiente refletiam os seus olhos azuis que me hipnotizavam. Edmond se segurou no meu pescoço, nossos rostos estavam próximos, tudo que eu queria naquele momento era beija-lo. Não tive coragem de beija-lo com ele dormindo não conseguiria com ele acordado. Ajudei-o a se deitar, ele ainda não largava o meu pescoço.
- Você está bem? – Eu perguntei.
- Sim, obrigado. – Ele disse.
- Você precisa se recuperar para poder partir. – Eu disse.
- Por que quer tanto que eu parta? – Edmond me perguntou.
- Sério? Você é um risco para a minha honra e para o meu casamento. – Eu disse.
- E o que mais? – Edmond perguntou.
- Não acha que isso é mais do que suficiente? – Eu disse.
- Acho que você tem medo. – Edmond disse.
- Eu não tenho medo de nada. – Eu disse.
- Você tem medo Pierre, medo de mim e de você mesmo. – Edmond disse.
- Isso é uma insanidade. – Eu disse.
- Será mesmo? – Edmond perguntou.
- É claro. Algo mais que queria discutir? Posso me retirar ou ira voltar a gritar pelos estábulos? – Eu perguntei.
- Eu estou enlouquecendo aqui dentro. Sem companhia ninguém para conversar. Apenas o senhor Maurice que vem me trazer água e comida. Não fica mais que 10 minutos conversando comigo. Sei que você ficava comigo enquanto dormia, sentia a sua presença, escutava a sua voz. Como uma criança no ventre reconhece a voz dos seus pais. Por favor, fique comigo, converse comigo, pela minha lucidez. –Edmond pediu.
Eu queria ficar, não queria ter me ausentado nos 3 últimos dias, mas sim, eu tinha medo. Medo do que eu sinto, medo do desconhecido, medo daquele homem. Era mais fácil quando ele dormia.
- Você se lembra do que aconteceu enquanto dormia? – Eu perguntei me sentando ao seu lado. Ele percebeu que eu iria ficar.
- De algumas coisas, não consigo separa o que foi sonho do que eu escutei. Lembro que você falou de Londres eu nunca estive em Londres, mas me imaginei na media que você a descrevia. – Edmond disse.
- Interessante, não há um padrão. Algumas pessoas no estado que você ficou não se lembram de nada, outras conseguem se lembrar. Mais um mistério que a ciência tem que desvendar. O que mais se lembra? – Eu perguntei.
- De você deitado comigo na cama, no dia que acordei. – Edmond disse. - Antes de acordar eu sonhava com você. Com a sua mão o seu toque. – Edmond disse passando a mão no meu rosto, descendo pelo meu peito e pousando na minha perna.
- Eu banhei você. – Eu disse sem graça.
- Não foi apenas o toque de um banho. Mas um toque de prazer. – Edmond disse tocando no meu falo que estava rijo desde o seu primeiro toque. Eu não sabia o que fazer, meu coração batia forte, eu o sentia o seu pulsar até no meu pescoço. Edmond olhava para mim com aqueles olhos azuis, eu via o dançar da vela refletido em seus olhos, Edmond segurou novamente no meu pescoço me puxou em sua direção antes de me beijar ele soprou a vela. Não enxergava mais nada, apenas sentia os seus lábios.
- Augusto, o que aconteceu depois que Edmond te pediu para ficar? – João me perguntou. Só havia lhe contado até ali, por isso ele me acordou.
Eu estava suado, meu coração ainda batia rápido e eu estava excitado. Minha ereção estava aparente.
- Pierre foi para o quarto e teve relações com a esposa. – Eu inventei tentando justificar a ereção. João não se deu por convencido. Despedimos e fui embora.
Voltei pra casa sem parar de pensar no que aconteceu naquela regressão. Edmond estava me beijando. Aqueles olhos, os mesmos olhos que do homem nos meus sonhos. Amanda tinha razão. Edmond e René eram a mesma pessoa. Mas como isso aconteceu, eu não tinha ideia. Fui dormir me lembrando da cena.
Edmond segurando o meu pescoço soprando a vela e me beijando. Meu coração estava acelerado, aquele beijo não terminava.
- O que está fazendo? – Eu perguntei.
- Aquilo que você deseja e que eu desejo. – Edmond me respondeu e voltou a me beijar.
Deitamos naquela cama improvisada eu não pensava em nada tirava a minha roupa e a dele passava a minha mão em seu corpo nu e liso. Ele também passava a mão em mim. Ele tocou o meu pau. Eu tremi mais uma vez.
- Você gosta? – Edmond perguntou.
- Sim. – Eu respondi.
- Fique em pé. – Edmond me disse.
Fiquei em pé nu na sua frente meu pau reto e apontando para cima. Edmond me tocou novamente segurou a minha bunda e puxou em direção a ele colocando o meu pau todo em sua boca. Eu gemia, me movimentava socando o meu pau em sua boca segurava os seus cabelos loiros. Edmond apertava a minha bunda e me puxava de encontro ao seu rosto gozei na boca de Edmond, gozei no meu pijama estava de volta na minha cama, acordado.
- Então seu sonho foi uma continuação da regressão? – Amanda me perguntou.
- Não sei. Talvez eu tenha imaginado um final para aquilo. – Eu respondi. – Por que isso está acontecendo comigo Amanda. Esses sonhos?
- Augusto, por que ainda não se convenceu que isso tudo é real. Que são lembranças de uma vida passada. Faz muito mais sentido, aceita que doí menos. – Amanda me disse.
Mais um dia de aula e estagio. Voltei para a minha casa deitei na cama e estava novamente com Edmond exatamente do momento que havia gozado com Edmond. Ele voltou a me beijar sentia o gosto da minha porra em sua boca.
- O que foi isso que fizemos? – Eu perguntei.
- Sentimos prazer Pierre. – Edmond disse.
- Sim, não nego. Mas não é correto. Somos homens, sou casado e não sou um pederasta. – Eu disse.
- Não se importe com isso. Lembre-se apenas de que foi bom. E que podemos repetir. – Edmond me disse.
- Não, isso não pode se repetir. – Eu disse me levantando.
Edmond segurou minha mão.
- Não vá Pierre, fique comigo, durma comigo. – Ele pediu.
- Por que está fazendo isso? O que quer de mim? Tudo isso é para não manda-lo embora? – Eu perguntei.
- Eu não quero ir embora, eu já te disse. Mas não é por isso que fiz isso. Fiz por que eu quis e sei que você queria. – Edmond respondeu.
- Mas por que quis isso? Eu não compreendo, você iria fugir com Desiré. Duelou comigo por ela, agora me pede para me deitar com você. – Eu disse.
- Você não compreenderia. – Edmond me respondeu.
- Tente ou iriei embora. – Eu disse.
- Eu amei Desiré, no momento que a vi. Tão bela e tão nobre. Eu estava trabalhando no campo de sua fazenda, comecei a deixar flores e poesias para ela. – Edmond disse.
- Poesia? Você sabe ler e escrever? – Eu perguntei. Um trabalhador de campo não sabe ler, no máximo contar moedas e fazer pequenas contas.
- Sim eu sei. Mas é outra historia. – Edmond disse. – Ficamos neste flerte por um tempo até que aconteceu o primeiro beijo, depois passamos a nos encontrar. Algumas semanas depois ela decidiu dizer ao pai que estava apaixonada, o pai não aceitou. Ela disse que eu era instruído, mas para ele a palavra que foi dada ao senhor seu pai não teria volta. Alguns dias depois você estava de volta e o casamento marcado. Desiré sempre falou muito bem de você, que era um bom amigo, disse que tentaria conversar com você para cancelar o casamento, mas você não a liberou do compromisso. – Edmond disse.
- Não me cabia desfazer esse compromisso. Foram nossos pais que firmaram isso. Eu até pedi meu pai também. E fiquei aliviado quando vocês fugiram. – Eu disse.
- Eu entendo. Por não conseguir cancelar o casamento que fugimos, em nossa fuga nos deitamos juntos, mas fomos encontrados eu fui preso e Desiré obrigada a se casar.
- Ela não foi obrigada, eu sim. Depois de fugir com você eu não precisava mais me casar com ela, mas ela me suplicou. O pai dela iria mata-lo se o casamento não ocorresse. Por isso ela me suplicou e aceitei me casar.
- Então é seu habito salvar a minha vida. – Edmond disse sorrindo. Eu concordei – Pois então fui solto na manhã do casamento, bebi bastante e vim com a ideia de resgatar Desiré.
- A partir dai já sei. Entendi a sua historia com Desiré, tão recente e curta. Mas você não disse como chegamos a esse ponto. – Eu perguntei. – Como aconteceu de um dia cuspir na minha cara e pedir para mata-lo e agora que acordou o desejo por me beijar?
- Não sei. Tive sonhos com você antes mesmo de te conhecer. Talvez se eu não estivesse bêbado eu o teria reconhecido. Acho que ouvindo a sua voz também tudo que você falava comigo era como se eu te conhecesse e você fosse parte de mim. Um dia você dormiu comigo, você me tocou eu senti você eu vi você, mas eu ainda dormia. Eu queria você. – Edmond disse.
- Isso é uma insanidade. – Eu disse.
- Talvez seja mesmo uma insanidade. Não sei explicar Pierre, mas o que senti pela Desiré não se compara com o que estou sentindo agora. – Edmond disse. Voltando a me beijar.
Voltei a ficar excitado com aquele beijo, sentia que estava perdendo Edmond como se alguma coisa estivesse o puxando, estávamos ficando afastado, eu tenta segurar em algum lugar era macio eu segurava forte, estava escuro fechei meus olhos e quando abri de novo estava na minha cama segurando forte o colchão. Demorei muito, mas consegui dormir depois de me masturbar até gozar.
Liguei para o João pedi para adiantar a minha consulta, ele conseguiu um horário naquela manhã. Matei aula e fui
- Está acontecendo, estou sonhando com as regressões. Duas noites seguidas, cada sonho foi continuação do outro e o primeiro da regressão. Não sei o que fazer. – Eu disse.
- Isso pode acontecer sim, afinal através dos seus sonhos que isso começou. Abrimos uma porta de acesso na sua mente e no momento do sono essas memórias podem vir à tona. Não precisa se preocupar, durante o sono você irá retornar assim que acordar. – João me disse.
- Então não corre risco eu ficar preso lá? – Eu perguntei.
- Não Augusto não corre. Agora me diga o mais aconteceu no seu sonho. Como está se sentindo em relação a isso? – João me perguntou.
- Confuso. Edmond me disse que já havia sonhado comigo antes mesmo de me conhecer. É tanto sonho um dentro do outro. – Eu disse.
- Augusto, eu acho que chegou o momento de tirarmos o véu do esquecimento, trabalharmos com a certeza que estamos falando de uma vida passada. Te deixei livre para acreditar que a sua mente trabalhava desta forma, mas não, nenhuma dessas pessoas são criações da sua mente. São pessoas de verdade com quem você conviveu naquela vida. Provavelmente a sua ultima vida ou a mais marcante delas. – João me disse. – Isso explica também Edmond ter sonhado com Pierre, pode ser de uma vida anterior aquela.
- Eu estou disposto acreditar, apesar de não fazer sentido nenhum. Más onde estão as provas, por que não reconheço ninguém? – Eu perguntei.
- Quando reencarnamos não utilizamos o mesmo corpo da vida anterior. O espirito renasce em um novo corpo uma nova formação biológica, pode nascer em outra raça ou outro sexo. Você está vendo essas pessoas apenas pela sua forma física, tente procura-las em suas essências. Tenho certeza que alguma delas você ira reconhecer. Vamos fazer esse exercício? – João me perguntou.
- Vamos – Eu respondi.
- Então vamos voltar à casa de Pierre, vamos a algum momento em que ele está com a sua família. Normalmente as famílias sempre se reencarnam juntas. – João me disse. Eu estava mais curioso para descobrir quem era Edmond.
Estava na infância de Pierre, um dia que ele caiu do cavalo, não foi nada grave, mas ralou o joelho, sua mãe mesmo debilitava viu da janela e foi correndo em sua direção, o ajudou e levou para dentro. Cuidou do seu machucado e lhe deu um beijo carinhoso.
Não era mais Pierre em um cavalo, era eu andando de bicicleta. Lembro-me daquele tombo. Também ralei os joelhos. Minha avó veio correndo, me levou para casa e cuidou do meu machucado também me deu um beijo.
- Você não quer dizer que minha avó era a Condessa, a mãe de Pierre? – Eu perguntei.
- Eu não quero dizer nada Augusto, você que fez essa ligação. Você conseguiu ver que é a mesma alma. Está ai a sua prova? – João me respondeu.
- Então eu fui mesmo Pierre, minha avó era a Condessa Adeline. Isso não é imaginação. É real, uma outra vida. – Eu disse Eu tive a minha prova.
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O Conde (Concluído)
KurzgeschichtenVenha conhecer a história de Augusto que, após ter sonhos estranhos, decide, com o apoio de sua melhor amiga, a passar por uma terapia de regressão e ajudar a solucionar este problema.