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Subimos as escadas seguindo as instruções da voz que saía dos alto-falantes. No topo encontramos um homem gorducho e baixo.

— Vocês são humanos saudáveis?

Nos entreolhamos. Eu era um imortal. Char era um clone.

— Somos — disse Liel.

— Então são bem-vindos — disse o homem. — Meu nome é Gustav.

— Somos bem-vindos a onde? Que lugar é esse? — perguntei.

— Agora esse lugar é apenas um shopping abandonado com um estacionamento em chamas — disse o homem. — Basicamente é uma central de extermínio de sedentos. No futuro, eu esperava transformar esse lugar em um refúgio monitorado. Aqui poderíamos ter segurança. Há câmeras para todos os lados.

— Por que há uma fogueira no estacionamento?

O homem arregalou os olhos.

— Acredito que vocês saibam por que motivo ela está lá — disse. — Estou tentando chamar a atenção de pessoas. Por enquanto só encontrei vocês e outro homem. Este é meu chamado final.

— Chamado final?

— Sim. — Ele virou-se e indicou com a mão que deveríamos segui-lo. — Acendi uma fogueira muito maior nesta noite porque eu e o homem que mencionei planejamos partir dos Estados Unidos amanhã.

— Por que fariam isso? — perguntou Yuma.

— Não é que eu não goste daqui. — Gustav demorou-se alguns instantes imerso em pensamentos. — Matamos todos os sedentos da região com uma estratégia no mínimo interessante... e tenho toda uma central de monitoramento neste prédio, sendo que sempre fui apaixonado por tecnologia e computação. Ela poderia ser melhor, mas dá conta das necessidades imediatas.

— Por que partir, então? — perguntou Liel, em um tom mais ameaçador que o de Yuma.

— Temos um rádio em operação — o homem disse. — Ele capta ondas de longas, médias e curtas. Quando estávamos procurando por notícias, sem sucesso...

— Diga logo, homem — eu disse. — Pare de enrolar.

— Recebemos um sinal. Vinha de Dubai, e dizia que havia diversos sobreviventes em uma dessalinizadora. E convidava-nos a ir até lá, para nos juntarmos a eles.


***


No começo, um breve som de interferência, algumas batidas e então uma voz áspera começava a falar:

"Meu nome é Mohamed Omar Furac. Transmito essa mensagem para todo o mundo, em busca de sobreviventes."

Um breve som de conversa.

"Convido quem puder se deslocar a vir a Dubai. Estamos instalados em uma grande dessalinizadora, a maior que existe. Aqui, processamos a água do mar a tal ponto que é praticamente potável. Podemos bebê-la. Se alguém estiver ouvindo isso, saiba que ainda existe esperança e há sobreviventes além de você. Temos diversos planos. O principal, reformar a Terra. Para isso, precisamos de alguém que nos leve a Svalbard de modo seguro.

"O nome da dessalinizadora em que estamos é Jebel Ali – Phase 2. Convidamos quem quer que esteja ouvindo isso, de qualquer parte do mundo, a usufruir de benefícios que tenho certeza que só aqui podem ser encontrados. Temos lugares confortáveis, segurança. Os sedentos foram eliminados.

"Peço, por favor, que deem atenção a este anúncio. A água está em fase de tratamento, e em breve será possível consumi-la como fazíamos antes da crise. Obrigado pela atenção. E uma dica: para terminar com os sedentos em sua área, deem a eles água envenenada. Funcionou por aqui."

Agora eu MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora