Final

166 12 3
                                    

Coloco aquele vestido longo, com o coração na mão.  São  apenas cinco e meia da manhã  e Kathe não  me ligou. Cheguei quase uma hora da manhã  em casa, não  dormi nada. Minha cabeça  está  um turbilhão.  Apavorada! Coloco meu salto alto, uma maquiagem  básica  para disfarçar  o choro, chorei a noite toda. Nunca pensei que passaria por tudo  isso, e se eu realmente tiver grávida? E Dominic? Como irá  reagir?
Eu tenho que contar para ele, sem dúvida  alguma, eu tenho que contar a verdade. Mesmo tendo medo da resposta!
Passo um batom nude e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo. Estou  com sono, cansada e com muita fome. Caminho até  a cozinha pegando uma fatia da pizza de ontem, como dois pedaços.  Meu estômago  não  se revirou, muito pelo contrário  dessa vez já  aceitou!
Escovo os dentes, e passo novamente o processo  do batom. Que merda! São três  malas, uma grande, outras duas menores. Deixarei meu carro com Kathe, no caso dela precisar, não  me importei. Olho para cada canto do meu apartamento. Comprei tem tão  pouco tempo, e já  estou abandonando. Não  é boa ideia  ficar aqui, ainda mais se eu estiver realmente esperando um bebê.  Coloco minha mão  na barriga lisa, e não  sinto nada. Será  que tem realmente um filho? Será  que tem um fruto  de um amor sentido somente por mim? Escuto meu celular tocando e mais que depressa atendo
__ Me diga. – Digo.
__ Rachel. – É Rodrigo no celular  de Kathe.
__ Me diga. Eu estou grávida?.- pergunto
__ Você  está  sim grávida.  Deu positivo seu exame. – Lágrimas  já  não  eram capaz de serem seguradas nessa altura do campeonato. Não  mesmo! Eu não  consigo me mexer, eu só penso em tudo que vivi, em tudo que passei  ao lado de Dominic. Das vezes que eu chorei, e ele disse que estaria do meu lado, das vezes que eu disse que não  estava bem e ele inutilmente  disse entender. Eu o odeio e o amo apesar de tudo.
__ Você  escutou?.- Pergunta Rodrigo
__ Não.  Repete. – Com a respiração  abalada e com um choro incontrolável me atingindo peço. 
__ Você  vai  contar agora mesmo para Dominic. – Eu não  sei se seria capaz. Não  mesmo. 
__ Eu não  sei se posso.- Isso era verdade. Não  poderia mesmo!
__ Você  tem que ser forte e dizer a verdade.
– Eu ...__ ele tem o direito  de saber.
Mesmo se não  aceitar Rachel. – Domimic não  acreditaria em mim, estou certa?
__ Ta bem. – Decido ser forte. Eu tenho que ser forte.
__ Então  as sete horas te encontramos no aeroporto. – E desliga. Pego minha bolsa e olho no espelho. Tão  novinho, mas eu amei saber.  Nunca eu odiaria saber que estou grávida, Dominic é um canalha, mais não  odiaria meu filho por ser dele. É meu e dele se ele quiser! 
Fecho a porta e limpo as lágrimas, do lado de fora Ryan me avista. E vem ao meu socorro com aquelas  malas enormes.
__ O que aconteceu?.- Abraço  ele e choro mais ainda em seu ombro. Ali na calçada  de frente meu apartamento eu choro. Choro muito.
__ Você  esta me assustando.   – Eu estava assustando a mim mesma. Dirás  ele!
__ Eu tô  grávida.  -Ele fica rígido. 
__ Ah meu Deus. – Ele fica chocado diante da minha revelação. 
__ Dominic vai adorar saber. – Ele só  podia estar brincando  né? Dominic  vai me odiar.
__ Não.  Ele vai odiar saber. – Eu estava mais é que certa nessa resposta. Ele odiaria mesmo saber.
__ Venha. – Ele me leva até  o banco carona  de seu carro  e ali me sento.  Pega minha mala e coloca no bagageiro, dando a volta se senta ao meu lado. 
__ Eu não  sei se devo contar. – Não  sabia mesmo. 
__ Preciso que você  me fala que você  não  vai omitir. -todos não  aceitariam essa idéia. 
__ Eu vou contar.  – Ele concorda.
__ Estarei ao seu lado Rachel. Calme. – Não  existiria ninguém  mais bondoso que Ryan neste momento. Além  de Kathe e Rodrigo. 
Escuto meu celular tocar  e antes que chame pela segunda vez, atendo.
__ Precisará de provas  que está  grávida.  Encontro com você  no Central  Park daqui dez minutos pode ser?.- Rodrigo pergunta.
__ Pode sim. – Digo e logo encerro a ligação.
Ryan suspira e dá  a partida.
Não  dizemos nada o caminho todo, chego  no meu local destinado e desço. 
__ Você  vai ser forte. Confie em mim. – Ryan me abraça. Vejo sobre o ombro de Ryan Dominic me fuzilar. Ele e tão  lindo. Sua barba esta por fazer, seus olhos possuem uma fúria  incomum. 
__ Aqui esta. – Kathe me entrega os exames tudo escrito em um papel. Olho para  Dominic  e não  vejo nada mais que uma marca terrível  de um canalha que não  tá  nem aí  para nada. 
__ Boa  sorte.  – Ryan me dá  um abraço.  
__ Boa sorte  fofinha. – Rodrigo me dá  um aceno de cabeça.  Deixo minhas malas com Ryan. Ele entra no carro e some em direção  ao aeroporto. Logo em seguida Kathe e Rodrigo se distanciam também.
Me aproximo de Dominic e seus olhos me perfuram, seu olhar me destrói.  É de fúria, e de ódio.  
__ Oi. – Digo ficando  em sua frente. Ele está  mais distante, não sinto a mesma proximidade.
__ Pelo que posso ver está  bem acompanhada. – Fala com sarcasmo.
__ Dominic eu... – Eu não  sei se sou capaz. Não  mesmo! Ele passa as mãos  no seu cabelo despenteado e lembranças  de poucos dias atrás  vem em minha mente. Aquele  cabelo, aquela barba, aquele sorriso que não  se podia ver agora, aquele perfume. 
__ Aqui está  sua folha de demissão.  – Me entrega a folha com sua assinatura.
Dominic sendo um canalha, não poderia ser diferente. Me deu a demissão  tão  rápido.  Eu não  precisava pedir a demissão, mas ter ele tão  próximo de mim, e não  poder têlo. Era demais! Acho que fiz uma boa escolha, em querer me mudar para Flórida.
__ Dominic eu tenho que te contar uma coisa. – Digo. Ele arqueia uma sobrancelha  antes de ouvir o que eu tenho a dizer. Moveu-se lentamente para frente em minha direção, um passo na verdade. Seu perfume atacou minhas narinas e dei um passo para trás. Tê-lo ali tão  perto, não  ajudaria em nada. Nada mesmo. 
__ Fale. – hesitei por um minuto e a frase saiu de minha boca como um trovão.  
__ Estou grávida.  – Surpresa. Seus olhos ficaram abertos, o azul de seu olhar se escureceu. Ele parou por um tempo em seguida já  não  era mais o Dominic normal, eu diria que o satanás  o atingiu.  Uma fúria, um ódio. Me distanciei mais ainda dele, nunca senti medo, mas eu neste momento  senti, seus punhos  se apertaram, sua mandíbula se enrijeceram, sua boca se tornou  uma linha reta. Não  havia sentimento nele. Ele estava indecifrável.  Um verdadeiro Belzebu. 
__ Verdade?.- Sua voz  era fraca. Se não  me engano eu estava mais pálida  do que eu poderia sentir-me um dia. Ah sim! 
__ Eu fiz o exame. – Entreguei  o papel a ele. Ele abriu aquele envelope e passou seus olhos rapidamente sobre a folha branca sulfite. 
__ Sabe Rachel. -Olhei para ele mantendo uma firmeza  que nem eu mesma estava acostumada a ver. Dominic estava naquele momento possuído.  Nunca fui de ir em igrejas, muito menos tinha uma verdadeira religião, mas se fosse para dizer o que  ele tinha, eu saberia dizer exatamente que seu olhar era de um demônio. Fiquei com medo, pela primeira vez na minha vida dele. __ Eu pensava que você  fosse diferente.  – começou .__ Achei que aquela mulher linda que trabalhou para mim, fosse alguém  que valesse a pena. – Um frio na barriga pode-se notar.
Ele apertou o punho na folha a amassando.
__ Mas sabe  o que eu acho?. – Eu não  queria ouvir  o que ele tinha a dizer. Eu não  queria  nem se quer saber o que ele iria dizer, pois  certamente  meu cérebro  sabia me dizia, que doeria, que ficaria marcado talvez  para sempre. E estava certa. 
__ O que Dominic?.- Meus olhos se encheram de lágrimas  que forcei a não  deixa-las caírem ali, de frente para ele. Não, por enquanto não. 
__ Que você  não  passa de uma vadia. Que eu fui um bastardo ao enfiar meu pau em você. Que você  não  vale o lixo que certos cachorros comem. – Aquilo me paralisou. Aquilo me fez repensar, queria dar na cara dele. Queria morrer ali mesmo. Queria sumir, cavar um buraco de tão  pequena ele me rebaixou.  __ E sabe o que eu tenho pena? E que esse filho que você  está  esperando não  vai  saber quem é o verdadeiro pai. – Aponta um dedo na minha cara.
__ É seu Dominic. Eu juro.  -Ele gargalha. Uma gargalhada sombria, fria, triste e sem um pingo de compaixão. 
__ Eu prefiro morrer, do que ter um filho seu. – Aquilo  me pegou desprevenida. Aquilo  atingiu, coloquei a mão  na minha barriga e vi o memento em que ele rasgou o papel em vários  pedaços. __ Se acha que mentindo dizendo que esse filho é meu, saiba que eu não  quero.  Que de você  só  quero a notícia de que morreu. – Lágrimas  eram impossíveis  não  serem caídas.  Eu estava acabada. Eu estava destruída. Após  ele rasgar os pedaços da folha de exames do nosso filho, ele jogou. Não  no chão, na minha cara. Alguns casais passavam e paravam para ver a tal cena destemida dele. Me senti um verdadeiro lixo. Um verdadeiro ninguém  ali. Para dizer a verdade eu não  sabia se eu poderia viver. Não  mais!
__ Se não  tem pai essa criança, tome. – Tirou algumas notas da sua carteira e sem um pingo de dó, me jogou novamente. __ Pegue  esse dinheiro e tire esse bebê.  Esse bebê  é de Ryan. E quer saber mais? Eu não  preciso de você, quero que você  se exploda com essa criança.  Aliás, mulher de nível  maior que você, eu encontro  em uma casa noturna. – Por um minuto sem pensar, levei minha mão  com toda força  que continha.  Aquele momento nunca pensei ser dito, mas estava feito. Dei um tapa na sua cara, com toda força  e ódio que eu tinha. Pisando sobre as notas do chão, olhei no fundo dos seus olhos. Ele arregalou seus olhos diante de minha atitude. Sua mão  estava sobre o tapa, que deixou ele vermelho com a marca dos meus cinco dedos. Com meu salto alto pisando naquelas notas no chão, sobre o exame do meu filho eu  disse segurando  a sua gravata e o puxando  para mim. 
__ Eu vou fazer, você  engolir cada palavra que disse. – E o soltei. Ajeitei minha bolsa no ombro e deixei ele em pé, no meio  do Central Park com cara de idiota.  Sabe, eu tinha uma vida que não  tinha sentido. Eu tinha na verdade uma vida, que pensei  ser boa. Mas não  resolveu. Eu sentia que era pouco, eu sentia que algo estava por vir.  Fosse o que fosse. Eu amei ele. Mas a única  coisa que tenho é  nojo, ódio.  Mas agora meu destino? Não  sei te falar minha cara e meu caro. Eu só quero que escreva, ele vai  pagar, e da forma mais dolorosa possível.  
A partir de hoje, após  o que passei? Ah minha querida não  queira você  saber onde eu vou chegar. Começarei  do zero, mas mostrarei que uma mulher pode sim ser a dona do jogo.

🎉 Você terminou a leitura de Adorável Canalha ( Suspenso De Postagens ) 🎉
Adorável Canalha ( Suspenso De Postagens )Onde histórias criam vida. Descubra agora