Capítulo 5

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Yasmin

-Vamos querida-. Meu pai me ajuda a descer do carro.

-Pai, já estou bem-. Reclamo. -Não preciso de todo esse cuidado-. Completo.

-Precisa sim-. Então ele me pega no colo.

Mostro a língua para o Carlos que sorri pela cena, com nossa filha nos braços, meu pai entra em casa subindo as escadas logo em seguida. Depois de duas semanas de molho e do meu pai ter praticamente enlouquecido todos no hospital, o médico decidiu que minha recuperação seria em casa. Duas enfermeiras foram contratadas para cuidar da minha recuperação, achei um exagero óbvio, mas tenta dizer isso ao meu pai.

-Pronto-. Ele diz, adentrando o quarto comigo em seu colo. -Papai vai cuidar de você-. Me deposita em minha cama, consigo ver algumas modificações, ao meu lado direito onde estava minha mesa que agora está ao lado da grande janela de vidro, agora existe um berço cor de rosa bebê, com cortinhas brancas, uma pequena mesa onde certamente será o local de trocar as fraldas está bem ao lado da minha cama. Resumindo tudo foi adaptado para o meu conforto, e da bebê.

-Ah papai está lindo-. Começo a chorar. Meus hormônios ainda estão  uma confusão.

-É apenas temporário mesmo-. Da de ombros como se fosse pouca coisa.

Conversamos por mais um tempo, até que uma voz vinda do corredor nos faz ficar em silêncio.

-Pois é filha, o papai está ferrado. É até uma injustiça você nascer com esses olhos azuis, na verdade não é não você vai ser a menina mais linda do mundo, papai vai ter muito orgulho de você-. Como é linda a cena, Carlos segura Susie diante do seu rosto, ela por sua vez o encara como se entendesse tudo. -Acho que vou tirar um porte de arma. Já pensou uma adolescente ruiva dos olhos azuis, papai vai ficar velho cedo-. Não me contenho e caio na gargalhada junto com o meu pai, que logo sai para atender a uma ligação.

-Não acredito que vivi para vê esse momento-. Lucke entra no quarto acompanhado da Zi. -Irmão você já está babão-. Debocha.

-Pequeno, tia Beth me disse algo muito verdadeiro "Sempre pagamos o que dissemos com a língua" ou seja, não deboche hoje para não ser vítima de deboche amanhã-. Todos olham para ela com uma cara estranha.

-Já disse que te amo hoje?-. Lucke pergunta.

-Disse sim-. Responde com um sorrisinho. Ele caminha até ela, posso ver o olhar predador direcionado a ela.

-Não me lembro-. O quê que tá acontecendo aqui?

-Foi quando você me acordou, naquela hora em que....

-Calem a boca-. Esbravejo. -Temos uma criança no recinto-. Completo.

-Perdoa eles filha, papai vai te proteger-. Carlos diz abraçando nossa bebê em seu peito, caminhando para o meu lado.

Então é que os dois caem na gargalhada, literalmente caem no chão. Graziella contaminou Lucke com a sua mesma loucura, ela sempre faz isso quando dá essas crises de risos, e todas às vezes ela sente uma vontade incontrolável de fazer xixi.

-Ah, preciso fazer xixi-. Eu avisei. Ela sai engatinhando até a porta do meu banheiro.

-Vocês acham mesmo que falaríamos indecências na frente da nossa sobrinha?-. Diz Lucke levantando do chão. Olho para Carlos que olha pra mim, então olhamos para o Lucke de volta.

-Sim-. Respondemos em uníssono.

-Nossa que falta de confiança-. Ele se faz de ofendido.

-E eu vivi para vê esse momento, Lucke Lancaster o homem impenetrável, sem senso de humor, muito mandão, fazendo piadinhas sexuais-. Carlos debocha também.

-Ah, Cala a boca e me dá minha sobrinha aqui-. Ordena Zi saindo do banheiro. -Vem com a titia, "o modeuso que cosa fofa iti Malia"-.  Ela começa a falar com a bebê com a voz fofa.

O casal fica conosco por um bom tempo, comentando sobre a matricula da Zi na faculdade que ela ainda não decidiu qual irá fazer. Sobre os planos de viajarem, a casa que está sendo reformada, sobre os pais dela que estão com a relação mais sólida do que nunca depois do sequestro, Lucke e Carlos acham tão entediante o nosso assunto que acabam nos deixando sozinhas. E por fim sobre minha festa, o pior dia da minha vida. Ainda consigo ouvir os gemidos daquela piranha. Se eu pego Natasha eu mato ela.

-Você não pensa em falar com ele Min?-. Questiona Graziella com minha bebê no colo.

-Não tem nada pra conversar ele me traiu, isso não tem perdão-. Fico raivosa de repente. Sentindo meus pontos doerem, respiro fundo contendo a dor.

-Tá bom-. Concorda, mas conheço pelo seu olhar que ela tem algo a dizer.

-Desenbucha.

-Não acha estanho tudo isso, todos estão condenando o Marcelo, mesmo ele jurando que não houve nada entre eles-. Bufa impaciente. -De repente Natasha é a santa da história toda e ele é o vilão. Você não acha isso estranho?

-Não-. Minto. A verdade é que fiquei com uma pulga atrás da orelha.

-Eu te conheço-. Repreende. Quando ele abre a boca para dizer algo. Meu pai invade o quarto.

-Querida, papai precisa ir a empresa tenho uma reunião com o governador-. Ele chega perto beijando minha testa. -Qualquer coisa me liga, eu largo tudo e volto pra casa. Tá bom?-. Afirmo com a cabeça.

-Seu pai é tão fofo e carinhoso.

-Eu sei-. Concordo. -E antes de mais comentários sobre aquele dia-. Começo. -Não quero conversar sobre isso hoje-. Dou por encerrado esse assunto. Pareço mimada eu sei mas não quero ouvir nada no momento.

-Tudo bem-. Pelo seu olhar, sei que ela não vai deixar esse assunto morrer.

Horas depois já estou de banho tomado esperando Carlos terminar de trocar nossa bebê, para depois dar de mamar. É tão lindo a forma como ele trata ela com toda a delicadeza do mundo, ele tem se tornado um grande amigo para mim, não sinto nada carnal. Acho que naquela época senti apenas um encantamento. Carlos é lindo, e poxa estava demonstrando um interesse que ninguém nunca tinham demonstrado por mim, fui inocente óbvio. Mas pensei que com o Marcelo estava nascendo um sentimento, não sei se era amor, mas algo se quebrou dentro de mim quando vi ele e Natasha naquele telão, é como se eu não merecesse um final feliz como nos filmes românticos. Saio dos meus devaneios quando Carlos vem minha direção, depositando minha filha em meus braços.

-Tá com fome meu amor?-. Ela me encara com sua pequena mãozinha na boca.

Minutos depois tenho Susie sugando o meu seio, dói muito Meus Deus é horrível, mas só de vê seu rostinho esqueço a dor rapidamente. Passo a ponta dos meus dedos em seu rostinho delicado, e ela por sua vez deposita sua pequena mão em meu rosto. Sinto uma conexão, algo inexplicável, é como se ela estivesse se comunicando comigo.

Nesse momento, neste quarto, não existe nada, mais importante que ela.

-Ela é perfeita-. O pai da minha filha diz admirando nossa bebê.

-É sim.

E assim continuamos a contemplar a perfeição que é nossa filha.

Minha bebê.

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Passou a fase zen, agora eu quero o caos...

Hahahahahahahah

😈😈😈😈😈😈😈😈

PURO ( Série Improváveis-Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora