Capítulo 18

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Pedro

Um mês depois..

Já faz um mês que estou aqui nessa cidade, e nenhuma pista de onde esteja minha Suzzane. No começo eu estava confiante, mas de uns dias pra cá, minhas esperanças estão se esvaindo.

Depois de descobrir que minha própria irmã contribuiu para a minha destruição, não pense que me esqueci de Elena, ela está pagando bem gato por tudo o que fez, estou tirando tudo dela lentamente, minha irmã é como chamam de socialite, a mesma não faz nada da vida além de aparecer na mídia ostentando roupas caras, fotos com famosos, festas exclusivas e tudo que envolve este mundo de riquezas que é para poucos. Comecei aos poucos, cortando suas mesadas, sim ela recebia mesadas, meus pais me ensinaram que eu como filho homem deveria proteger minha irmãzinha, Elena sempre foi egoísta, mesquinha, esnobe eu como um cego cedi a todos os seus caprichos. Agora isso acabou, sua marca de roupa está quase extinta, estou destruindo tudo o que ela mais presa, sua pose de Dama da Sociedade, em breve nem seu sobrenome será porta de entrada para qualquer lugar que seja.

Nesse último mês fiz de tudo para encontrar minha mulher, absolutamente tudo. Contratei uma equipe de rastreamento na floresta, por onde com certeza ela fugiu, mas os cachorros perderam seu rastro antes de um pequeno riacho, depois disso nada. Eles acreditam que ela tenha mudado de rota, não importa quanto tempo eu fique aqui, quero voltar com pelo menos alguma notícia dela.

A única coisa ruim nisso tudo é, que estou longe das minhas princesas, Susie tem mostrado o avanço em seu crescimento. Ainda me lembro da ligação alegre de Yasmin, com o nascimento do primeiro dentinho da minha neta.

Fui acordado pelo som estridente do meu celular, com um aplicativo que Yasmin instalou, para fazer chamadas de vídeo, nesse app em especial, mesmo que a chamada esteja em andamento consigo ver seu rosto. Ela disse que ajuda a saber se a ligação é importante ou não. Não e tendo muito sobre isso, eu apenas usava meu notebook para fazer teleconferência para outros países e só. Esses jovens de hoje em dia, sabem de tudo. Atendo a chamada.

-Papai olha-. Ela aponta a câmera pra boquinha da bebê. Então vejo a pontinha de um dentinho na parte inferior da sua boca. -O primeiro dentinho dela-. Diz com a voz embargada.

-Que coisa mais linda do vovô-. Ela sorri para câmera, me encarando com os olhos azuis mais lindos que já vi. -E como ela está?-. Pergunto c saudades na voz.

-Só está um pouquinho enjoada com o nascimento do dentinho-. Responde. -Olha o que a Zi deu pra ela-. Me mostra um mordedor em forma de ursinho. -Susie agora não tira isso da boca-. Então ela mora a câmera para ela, que está mordendo o ursinho.

-Isso é muito bom, assim ela não chora filha-. Babo na imagem da minha neta.

É por elas que estou longe, para completar a nossa família. Trazer a minha mulher de volta.

-Quando o senhor volta papai?-. Agora olho a imagem da minha filha no celular, me encarando com os olhos da mesma cor que os meus.

-Logo querida-. Suspiro.

-Onde o senhor está?-. Sempre faz essa pergunta.

-No Brasil-. Respondo. -Em Redenção-. Seus olhos se arregalam em espanto.

-Sério?-. Balanço minha cabeça confirmando. -O que está fazendo aí?

-Não posso contar agora, mas é algo extremamente importante-. Despisto.

-Se é importante deve ser algo do trabalho-. Acho lindo quando ela divaga sem perceber que está falando sozinha. -Pode me fazer um favor?-. Seus olhos brilham.

-Claro que sim-. Faço tudo por ela.

-Pode ir no orfanato, ele se chama Lar Feliz, onde fui criada-. Dói cada vez que lembro, o quanto fui privado de ver o crescimento da minha filha. -Esqueci meu travesseiro de unicórnio preferido, no quarto da tia Bethânia-. Suas bochechas ficam coradas. -Quero que ele seja passado de geração em geração, pra Susie, depois pra filha dela, depois pra filha da filha dela, depois....

-Entendi filha-. Corto ela sorrindo, se não fosse interrompida isso duraria horas, minha filha apesar de ser mãe, ela ainda é apenas adolescente, virou mãe muito jovem. -Prometo que vou lá assim que puder-. Me levanto da cama. De repente um calafrio percorre meu corpo.

-Ebbaaa-. Bate palmas. Escuto uma gargalhada de bebê. -Diz tichal pro vovô meu amor-. Susie bate palminhas outra vez. -Beijos pai, te amo-. Meu coração para de bater por segundos.

-Também amo vocês duas-. Me despeço.

Agora semanas depois vou cumprir minha promessa, adiei tanto essa visita, que me sinto culpado a cada vez que ela me pergunta se fui buscar o travesseiro de unicórnio, toda vez que digo não, seus olhos se enchem de lágrimas. Me sinto triste por descumprir minhas promessas com ela. Então hoje fiz um desvio, antes de me encontrar com meu investigador vou para o orfanato pegar esse travesseiro.

Paramos o carro em frente a casarão enorme, desço do carro um pouco feliz pelo clima ameno, não sinto àquele calor escaldante, o céu está meio dublado permitindo que eu use  minha calça risca de giz preta, e minha camisa de linho cinza, e meu par de sapatos sociais, sem me preocupar com o calor.

Desço do carro percorrendo o caminho de pedras, por um jardim bem cuidado, percebo o muro baixo e que o portão está aberto, com um senhor sentado ao lado. Presumo ser o porteiro.

-Bom dia-. Comprimento.

-Bom dia-. Me oferece um sorriso acolhedor.

-Desejo falar com a Bethânia-. Peço escutando gritos de crianças.

-Ah sim, ela está...-. Não ouço mas o que ele diz quando uma voz que reconheço bem me chama a atenção.

Como um ímã me chamando, mal percebo que estou caminhando em rumo as vozes, a voz. Poderia identificar essa voz doce e musical, em qualquer lugar do mundo, me sinto enfeitiçado, meu coração dispara no peito, me trazendo recordações de um tempo em que minha vida era plena, completa, feliz com a minha Suzzane. Nem sei como vim parar aos fundos desse orfanato, onde a várias cobertas brancas estendidas, elas balançam com om vento forte, o clima contribui para isso.

Agora percebo o por quê de toda essa alegria, há várias crianças tirando todos os lençóis do arame, mas uma pessoa me chama a atenção. Ela está de costas, vejo sua pele pálida através de seus braços desnudo, seu corpo está adornado a um vestido branco rodado, seus pés descalços estão esticados nas pontas dos dedos para tirar os prendedores dos lençóis, mas o que chama a atenção são seus longos cabelos balançando ao vento, formando uma grande cortina vermelha, um lindo contraste com o céu que está enegrecido pela chuva formando no céu.

-Suzzane-. Digo alto.

Vejo seu corpo tensionar, entao em câmera lenta ela se vira para mim, segurando o lençol branco entre suas mãos, me encarando assustada ou surpresa, não sei definir.

-Pedro-. Sussurra.

Meus olhos se turvam em lágrimas.

Eu encontrei.

Encontrei a outra parte do meu coração.

Corro em sua direção...

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Sou muito mal eu sei...
😈🤭🤭🤭

PURO ( Série Improváveis-Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora