Capítulo 3

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Yasmin

-Filha, mamãe está voltando-. Vejo uma mulher correndo no meio de uma densa floresta, ela corre e chora, mas não para de falar um minuto que vai voltar.

Seus cabelos ruivos estão secos, os olhos em um tom de azul hipnótico estão sem vida, suas roupas estão gastas, ela aparenta não ter tomado banho a dias.

-Yasmin, mamãe está chamando-

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-Yasmin, mamãe está chamando-. Ela sussurra outra vez.

O quê?

Minha mãe.

De repente, tudo fica escuro, escuto um choro de bebê.

Não.

Minha filha.

Cadê o meu bebê?

Matheus

Sempre fui muito reservado, no que diz respeito a minha vida pessoal, nunca me meti em encrenca ou fui um garoto rebelde. Adquiri maturidade muito cedo, a sede de encontar minha irmã era maior do que qualquer hormônio ou mudança da minha personalidade, acho que por isso sou assim digamos que um observador, gosto de estudar as pessoas para nunca ser pego desprevenido, isso já aconteceu uma vez e não quero que aconteça de novo, Rose minha irmã foi tirada de nós porquê não fui atencioso o bastante, era minha obrigação cuidar dela sou o irmão mais velho, mamãe confiou ela a mim e fracassei na minha primeira missão, isso me perturba todas as noites, não esqueço o choro de bebê, da minha mãe sofrendo todas as noites até parar como um vegetal em uma cama. Por isso que não descansei até encontrá-la, minha irmã, só que me sinto tão culpado, ainda não tive coragem de passar mais do que 5 minutos perto dela, sempre que me permito vê-la, Rose me olha com um olhar curioso e triste, sei que não entende o porque da minha distância, mas que é nobre o bastante para respeitar meu a minha distância.

Queria abraçar minha irmã, fazer carinho, segurar sua mão, brincar como fazíamos antigamente, mas não me sinto digno de seu afeto. Às vezes invejo sua relação com Benjamin, sei que é um absurdo sentir algo assim, porém ele faz tudo o que um irmão mais velho tem o prazer de fazer, não vejo como uma obrigação.

Por esse motivo, caminho rumo a saída do hospital, não antes de presenciar uma pequena guerra, depois de Carlos ter entrado para vê sua filha, todos querem também, Graziella, Lucke, Eleonor, Benjamin, enfim todos querem ver a bebê. Bom eu também quero, mas meu maior desejo nesse momento, é encontrar a Yasmin, ela parecia tão frágil no colo do pai, seu semblante sempre puro e feliz, estava triste e magoado, algo me diz que terá algumas mudanças.

Mas não quero que ela mude, quando a vi pela primeira vez antes de encontrar minha irmã, o meu mundo parou, o ar não chegavam aos meus pulmões, o mundo de repente estava em câmera lenta, comecei a soar, todas as minha terminações nervosas aceleraram, fiquei apaixonado por ela, naquele momento, não tenho vergonha de dizer o que sinto, meu pai sempre me disse, que sou muito verdadeiro quando sinto algo, mas escondo meus sentimentos da pessoa em questão, isso é característico de pessoas que tem medo de se arriscar. Mas por Yasmin eu faria qualquer coisa, o único problema é que ela não parece me ver dessa forma, apenas como um amigo. Como os jovens chamam mesmo? Friendzone isso.

Para Yasmin sou apenas um amigo.

Bom, vamos ver por quanto tempo.

Chego a saída, tirando um maço de cigarros do bolso, não permita que isso te controle, jogo no lixo ao meu lado. Contemplo o céu deixando meus pensamentos me levarem, mas consigo sentir apenas...

Solidão

Me sinto tão sozinho.

Mas sou orgulhoso demais para chorar ou admitir isso.

E essa é a minha maldição.

[...]

Pedro

Minha neta nasceu, muito antes do previsto claro, mas não deixa de ser um da momentos mais felizes da minha vida. Depois que perdi Suzanne meu coração ficou trancado, passei os últimos anos bebendo e lamentando minha perda, achando que elas não estavam mais entre nós.

Foi uma grande surpresa, quando vi minha filha naquela festa, eu não iria comparecer mas Eleonor insistiu tanto que acabei cedendo. Foi a minha melhor escolha, não pude pegar minha menina no colo, nem ninar ela até dormir, não pude trocar suas fraldas, nem contar histórias para dormir ou mimá-la com tudo o que ela merecia.

Agora tenho essa oportunidade.

Depois de passar por todos os procedimentos necessários, para entrar na sala onde minha filha se recupera da cirurgia, finalmente posso vê-la. Esta tão frágil deitada aquela cama, que se não soubesse que seria o necessário para salvar sua vida e a da minha neta, estaria desesperado pelo seu estado.

Seus braços frágeis estão ligados a fios com, à uma máquina que nos mostra todos os seu sinais vitais. Chego mais perto e acaricio seu rosto tão parecido com o da mãe, minha Suzanne era linda, com os cabelos vermelhos e os olhos azuis mais hipnotizantes que nunca mais terei o prazer de apreciar. Pensar nisso faz uma lágrima cair do meu olho esquerdo.

-Filha o papai tá aqui-. Sussurro segurando sua mão. -Estou muito orgulhoso de você, da pessoa forte que é mesmo tão nova, tenho certeza que você ainda irá me dar muitas alegrias minha filha, tão linda como sua mãe...

-Mãe, não...-. Ela sussurra me cortando, fico sem reação depois das seguintes palavras. -Não me dizer de novo... não... não...deixem ela...papai vai te salvar, ele vai vim te buscar-. Sigo paralisado, vendo ela se debater em seu sono, sua cabeça mexe de um lado ao outro, seu rosto está com uma fina camada de suor. Escuro um barulho insistente das máquinas avisando que seus batimentos cardíacos estão fora de controle.

-Filha, papai está aqui-. Falo baixinho, tentando conter minhas lágrimas, ignorando as instruções abraço minha filha.

-Papai, salva a mamãe-. Sussurra em meu ouvido, olho para o seu rosto confirmando que ela está mesmo dormindo.

Todos os pêlos do meu corpo se arrepiam, minha respiração fica alterada, minhas mãos soam, meu coração que só voltou a vida depois de encontrar minha filha, agora bate descontroladamente. São as mesma sensações que Suzanne causava em mim.

Será um sinal?

Depois de tudo o que passei, posso ter um único fio de esperança?

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Até mais tarde 😉😉😉

PURO ( Série Improváveis-Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora