Prólogo

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-Preciso sair daqui-. Dizia a mulher que antes estava presa às correntes na parede, mas que a alguns dias não as prendiam mais, seus carcereiros achavam que a pobre mulher estava frágil demais para tentar fugir, afinal ela está a anos presa naquele porão mofado, sem ver um filete mínino de sol. Os carcereiros achavam que por esse motivo, ela não tentaria escapar nunca, que morreria ali, ledo engano, ela só estava a espera de uma pequena oportunidade para escapar.

Ela sentia que algo estava diferente, seu coração estava apertado, algo de muito ruim iria acontecer, e todas as defesas do seu cérebro a mandavam fugir, sair dali e rápido. Nem comer direito estava conseguindo, ela recebia todos os dias pão seco e água pela manhã, restos de comida no almoço, e outro pedaço de pão seco a noite.

Sua aparência não era mais a mesma de antigamente, seu rosto sempre corado estava magro e sem vida, ela se via todos os dias pelo seu reflexo na água. Suas roupas estavam gastas pelo tempo, tinha apenas dois pares, lavava todos os dias no chuveiro. Ela chora pela sua triste realidade. Prisioneira e miserável.

Como ela fazia todas as noites depois de suas orações, deita ao chão, em um colchonete fino, olhando ao redor, para aquele lugar sem luz, sem vida, um lugar horrível para se manter presa. O espaço era muito pequeno, existia apenas uma mesinha velha sem uma perna, que a mulher encostou a parede para se manter em pé, ao lado de seu fino colchonete estava as correntes enferrujadas, na porta pequena na parede esquerda, era onde ficava o pequeno banheiro, que só consistia em um chuveiro, e um vaso sanitário sem tampa, além disso nenhum móvel, nada enfeitava aquele local, apenas um quadro a parede. No quadro estava o desenho quase infantil, de uma criança acompanhada de seus pais, ela chora como todas as noites, sentindo falta da sua família.

-Senhor me ajude a fugir daqui, Amém-. Ela termina sua oração do dia, então faz o que vem fazendo todos os dias. A mulher fingia dormir.

Faz semanas que ela troca o dia pela noite, a motivação? A sede de fugir dali, e a mulher sentia, no fundo do seu ser que naquele dia , conseguiria a tão sonhada liberdade.

-Não ela tem que morrer hoje, são ordens da chefa-. Um dos carcereiros fala pelo que julga ser perto à porta. Os pêlos das costas da mulher se arrepiam.

-Espere mais um pouco, matar uma pessoa dormindo e covardia-. O outro avisa.

Logo ela escuta a porta sendo aberta, tentando fazer sua respiração normalizar, ela ficou quieta e imóvel sem fazer nenhum ruído, suas mãos estavam tremendo de medo, estava de costas para a parede. Escutando passos lentos em sua direção, algo em seu corpo relaxa, era como se alguém a relaxasse, para não sentir dor ou demonstrar seu medo. Mas nada acontece.

-Eu disse que ela está dormindo, vai acabar morrendo de qualquer jeito, ela está muito frágil-. Um deles diz.

-É parece um saco de ossos, a chefa é muito cruel-. Solta uma risadinha. Então ela escuta seus passos saindo do local, então um telefone toca.

-Helena sabe ser cruel quando quer-. Sua respiração vacila, quando ela escuta esse nome. -Vamos deixar aberto é a última noite dela aqui mesmo, não vai fazer diferença-. Um pequeno sorriso desenha os lábios da mulher.

"É hoje" pensou ela. Quando finalmente escuta os passos se afastando, ela tinha esperança de que em algum momento da noite, aqueles homens dormiriam.

PURO ( Série Improváveis-Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora