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Actualmente

Míriam narrando

Dor.

Sofrimento.

Angústia.

Tudo misturado em um só,me deixando cada vez mais louca e neurótica,sem saber o que podia acontecer no segundo seguinte,sem eles,longe deles.

Meu coração ficou do tamanho de um ponto e minha cabeça latejava de dor.

-Míriam Sousa, visita.-falou aquela voz horrível e...

Não é possível,ele aqui?Não,não é possível...

...

Michael narrando

Depois de Míriam ter ido embora com os meus pequenos, não consegui lidar com a dor de perda e me afundei em tudo que é mal,fiquei mais frio ainda e mais temido por todos.

Horas antes...

Ligacão on

-Chefe, tem uma coisa que você precisa ver.-falou Carvalho do outro lado da linha, meu X9 na polícia,ele que trata tudo por lá.

-Solta a voz caralho,tenho tampo pra k.o não slc.-falei perdendo a paciência e o mesmo respirou fundo.

-Acho melhor tu vir ver sozinho patrão,o bagui tá estranho.-falou e eu revirei os olhos.

-Marca 10.-falei e desliguei.

Ligação off

Saí da boca soltando fumo pelas entranhas,odeio que me encomodem,liguei o carro e segui para a delegacia onde Carvalho disse que estaria,agora tô de ficha limpa mlk.

Fiz um toque com Carvalho e com o pessoal de fé dele,segui ele até a salinha do mesmo e sentei esperando ele começar a falar,mas quem disse que ele abriu o bico?

-FALA LOGO CARALHO!!-gritei perdendo a paciência e ele suspirou me preocupando.

-Acho melhor você ir ver sozinho,vem comigo.-levantou e eu o segui até a parte onde ficavam as celas,estranhei e já fiquei em alerta.

Andamos por mais um tempo até que parei em uma cela e não acreditava no que eu estava vendo,era ela,o fantasma que me assola a quase 2 anos.

Míriam.

-Míriam Sousa, visita.-falou Carvalho e quando seu olhar se encontrou com o meu foi um misto de amor e ódio.

Ela ficou sem saber o que fazer ou falar e ficamos somente nos encarando o tempo todos até que eu caí em mim e o ódio me dominou,dei meia volta e saí de lá com Carvalho na minha cola.

Sentei na mesa do mesmo e mandei ele libertar Míriam e trazer para mim.Depois de um tempo ele trouxe ela e ela ficou parada na porta me encarando.

Estava mais gostosa,mais linda,com mais cara de mulher,excepto pelas olhieras de noites mal dormidas,cabelo ruivo e com tatuagens no braço,tinha algumas coisas escritas que não consegui ler,mas sempre com a pose de durona que só ela tem.

Seu olhar era de aflição,medo e raiva.

-Ora,ora,ora,vejamos quem temos aqui,Míriam.Sousa.-falei dando ênfase no seu nome e ela respirou fundo.

-Seja breve,eu tenho assuntos mais importantes a tratar.-falou e eu andei até a mesma em passos lentos e sombrios.

-Depois de tantos anos a vadia resolveu dar as caras.-falei a fim de provocar ela mas a mesma somente revirou os olhos me deixando puto.

-Não me chama de vadia sendo que você sabe que não sou uma,me fala logo o que você quer.

-Sua barriga e...-olhei lembrando que á 2 anos ela estava carregado meus filhos.

-Para por aí,eu perdi os bebés,tive um acidente e perdi eles na mesma noite em que saí do morro.-falou indiferente.

Ela olhava impaciente por toda a sala até que parou no relógio de parede e sua feição mudou de indiferença para medo e pavor.

Franzi o senho,será que ela tem medo de mim?

No momento em que a ficha dela caiu,ela virou em um baque e ia saindo da sala correndo,mas fui mais rápido e segurei seu braço a prendendo entre meu corpo e a parede.

Nossas respirações se misturavam em uma só e naquele momento,a recordação de todo o tempo que passamos juntos veio a mente.

-Por favor,me deixa ir-falou quase que num sussurro e percebi que ela não estava bem,pelo menos não no seu normal,ok,no nornal que eu conheço.

Mas não posso baixar a guarda,não agora.

-Porquê?-perguntei levantando seu rosto com o dedo fazendo ela olhar para mim.

-Eu preciso ir,eles precisam de mim.-falou mais forte desta vez e quase num grito,ela estava visivelmente nervosa.

-Quem precisa de você?-perguntei curioso enquanto ela se debatia para sair do meu aperto.

Como se tivesse apanhado um choque,ela parou e desatou a chorar como nunca vi antes e a minha reação foi abraçar ela o mais forte que pude enquanto ela molhava minha camisa com suas lágrimas e apertava a mesma com as mãos.

-Hey princesa,fala comigo.-falei calmo e me afastando alguns centímetros dela quando a mesma ficou mais calma.

Ela olhou para mim, sussurrou um "Não posso" e saiu do meu campo de visão o mais depressa que pode e eu fiquei ali,parado,assimilando tudo.

Em uma trade descobri que a mulher da minha vida voltou depois de 2 anos que esteve sabe se lá onde, perdeu nossos filhos,chorou que nem um bebê e saiu disparada feito um furacão da minha frente.

Okay,se isto for um sonho eu quero acordar agora.

Voltei para o morro depois de uma longa conversa com Carvalho,ela tinha sido apanhada em alta velocidade,estava perseguindo um outro carro que não foi pego e das tatuagens no braço dela estava escrito Maiya e Matheus.

Fiquei confuso mas deixei para lá,esses seriam os nomes dos nossos filhos,mas ela deve ter tatuado em homenagem a eles,assim como eu fiz.

Tatuei os nomes deles para levar eles sempre comigo,uma vez que não imaginei que um dia se quer poderia vê-los.Agora esse sonho foi definitivamente apagado.

Cheguei em casa,tomei um banho e capotei direto.

...

o bebé do dono do morro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora