NARRADOR POV.
O tempo passou naquela velha cidade que era Maçuna, as horas se tornaram dias e para Kannopus quanto mais tempo passava sem resolver aquilo que estava enterrado em seu passado mais a angustia lhe deixava sem ar. Tudo era confuso demais para processar, não sabia o porque daquela sede de resoluções conflituosas do passado, mas não estava nada satisfeita com o rumo que as coisas estavam tomando.
Por mais que tentasse falar com Sirius e acertar o que havia de errado não sabia por onde começaria, e além disso a ruiva estava evitando-a desde o acontecido no quarto. Kannopus estava em pânico. Era extremamente difícil lidar com emoções que reapareceram das cinzas de um amor jovial tão inocente, alguns sentimentos antes enterrados, a humanidade que estava voltando a tona depois de uma guerra de planetas.
Sentir. É complicado de fato.
Já Sirius, uma mulher tão forte e fria por fora. Nunca foi de demonstrar sentimentos, pelo menos não após a morena ir embora. O seu interior passava por um conflito grotesco como a terceira grande guerra. De um lado os seus sentimentos fervorosos e de outro o orgulho ferido e uma mágoa de 12 anos que não seria deixada para trás facilmente.
Era nítida a vontade da mesma de perdoar a morena, entretanto, os seus valores lhe diziam que o perdão para Kannopus era indiscutível, impensável, e jamais haveria outra chance. A ruiva estava num impasse interior tão grande que decidiu apenas sumir por uns tempos, ignorou descaradamente a sua vizinha, fazia de tudo para não vê-la.
Sirius e Kannopus moravam nas proximidades, mas se sentiam tão distantes em seus respetivos anos-luz.
O cheiro delicioso de carne invadia as casas vizinhas naquele domingo de calor, um som alto e divertido faziam o ambiente agradável. Bastava uma mangueira, alguns quilos de carne, uma caipirinha bem gelada para tornar um domingo calorento tedioso em um churrasquinho interessante.
Era assim que a mulher da churrasqueira pensava, por mais que não fosse realmente fã de carne, preferia uma salada bem feita. O suor lhe fazia brilhar naquele verde do quintal, estava com uma camiseta regata bem colada, a dog-tag presa em seu pescoço e um shorts preto de academia que mais parecia uma cueca box.
– Mãe! Saiu a asinha que você pediu! - Gritou a mesma ajeitando o boné preto na cabeça.
– Já vou! – Diva de dentro da casa gritou em resposta, mas logo depois apareceu no gramado do quintal. - Que delicia de tempo. – a mulher trajava um vestido branco e um chapéu da mesa cor com detalhes azuis.
– Delicia nada, to suando que nem uma porca! – Dito isso pegou a caipirinha na mesa de madeira e bebeu o líquido esverdeado soltando um "ah.." no fim.
Diva sorriu para a filha se deitou na rede pendurada na árvore e no muro vizinho. Vez ou outra Nate lhe trazia uma bebida e carnes na tábua. Era a primeira vez em anos que fazia isso, costumava a cozinhar no acampamento com as outras garotas da força aérea, isso lhe rendeu um hobby novo no fim das contas e Diva aproveitou disso muito bem.
Por mais que tudo aquilo estivesse excepcionalmente bom, a senhora de meia idade deitada na sua rede observava a sua filha de maneira curiosa. Obviamente sabia que havia algo errado com ela, afinal, quando Nate ficava ansiosa com algo, ela lavava, passava, cozinhava e limpava. Por um breve momento os olhos de Diva passearam pelo quintal e repararam nas roupas penduradas no varal, o chão do deque devidamente encerado e limpo, e por fim sua filha ao pé da churrasqueira lhe trazendo bebidas e comida.
A mulher franziu o cenho diante daquela vista
– Natasha. - Chamou sem pensar duas vezes.
- Hum...? Quer mais carne véia?
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2222 - O CÉU NÃO É O LIMITE
General FictionNo ano de 2222, Natasha Kannopus capitã da divisão aeroespacial brimeriana tem a missão mais temida de toda sua carreira militar: As Férias. Voltando a sua cidade natal, sem qualquer escolha, a jovem terá de enfrentar as terriveis memórias que assom...