O Bebê

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 kαηησρυs
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e ensinaram a ser muito atenta com todas as coisas e pessoas, mas voltar para minha cidade natal fazia com que eu relaxasse instantaneamente, era como a zona de conforto pois ali de algum jeito eu me sentia mais segura, era estranho considerando as coisas que eu passei para conseguir chegar ao meu posto. Respirei profundamente fechando os olhos e afastando os pensamentos ruins. Joguei o cabelo me recompondo e assim peguei um pote de pepino de Marte e joguei-o no carrinho. Saí andando a procura das coisas que minha mãe escrevera no pergaminho. Algumas das coisas eu chegava a me perguntar para o que ela usaria aquilo, mas eu não queria saber de verdade.

Simplesmente pus uma máscara feliz no rosto e fui tacando os itens pra dentro do carrinho. No meio do meu andar despreocupado e meus olhos vagando pelas prateleiras, pude ver ao longe uma silhueta familiar que a princípio não me chamou muito a atenção, mas depois de me aproximar o suficiente para ver claramente quem era, meus pés se prenderam no chão em choque, o sorriso no meu rosto morreu de infarto e agora minha feição era de completo espanto. Por alguma razão eu não conseguia me mover e o meu coração estava disparado.

A minha mente gritava “Corra para longe”.“Anda logo”. “Vá embora!”, “Saía deste maldito mercado”.
Mas eu só conseguia olhá-la de longe, ela estava falando com alguém em frente à padaria, sorridente e distraída como se nada de mal pudesse alcançá-la. Quando de repente o seu rosto virou-se para mim e sua feição também mudara completamente, eu queria ficar e comprar tudo, queria poder enfrentá-la, eu já enfrentei homens armados, passei pelas piores coisas mas nada como aquele terror psicológico. Por que eu voltei pra essa cidade? Quando eu saí daqui estava destemida a fugir do meu passado e sumir.

A mãe de Stella pareceu não gostar de me ver ali, na verdade eu tinha completa certeza de que eu acabei com o dia dela. Fiz uma manobra com o meu carrinho de supermercado e virei às costas dando partida em passos largos e rápidos. Perdi tudo ao meu redor por um momento e só pensava em sair dali o mais rápido possível, até que uma criança apareceu no final do corredor, foi como se ela tivesse brotado ali, por mais que eu tivesse já muito próxima a ela, fiz de tudo para não atropelá-la com o carrinho porque ia ser feio se acontecesse, freei com todas as minhas forças parando o carrinho bem em frente ao seu rosto.

Era uma menininha de mais ou menos 2 aninhos, usava maria chiquinhas e um vestidinho cinza, seus pés estavam descalços. A pequena tinha a pele muito branca e segurava um pirulito azul nas mãos.

—Você está bem? - Perguntei ofegante.

A garotinha entortou a cabeça espremendo os olhinhos de forma fofa. De algum jeito senti que já tinha visto aquilo antes, mas não dei muita atenção. Respirei fundo me recompondo do susto e massageei as têmporas com os dedos tampando a minha visão, Por que isso tudo tinha que acontecer no mesmo dia e no mesmo lugar? Escutei passos ao longe e uma voz em seguida:

—Safira! Você tá bem? Você tá louca! Poderia ter machucado alguém correndo assim! - Gritou uma voz feminina á minha frente.

—Escuta aqui…- Respondi ao mesmo tom, o mercado estava lotado então pude sentir as pessoas se calando em volta, por fim já me preparando para pedir desculpas, meus olhos caíram sobre a mulher irritadiça, traçaram os sapatos pretos, as pernas grossas e a cintura marcada pelo vestido florido com um decote não tão exposto, a alça caída no ombro esquerdo mostrando totalmente a clavícula. Os olhos tão verdes como esmeralda ainda brilhavam em fúria, mas assim que ela me viu sua expressão de raiva se dissipara, a ruiva segurou a mão da pequena ao seu lado e se pôs de pé já que até então se encontrava ajoelhada ao lado da garotinha. Colocou a mecha de cabelo atrás da orelha, e voltou a me observar de forma esperançosa. O tempo parou para mim e por alguns segundos eu só consegui olhar. Abri a boca para que pudesse explicar, Mas o que explicar a ela? Já nem sabia mais. Vi as sardas resistentes ao amadurecimento que permaneciam quase que intactas ao seu rosto, a pele branca que parecia intocada.

2222 - O CÉU NÃO É O LIMITEOnde histórias criam vida. Descubra agora