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kαηησρυs
╰────╮•╭────╯E̷u sei que parece loucura ir parar na aeronáutica pós-guerra ao dezesseis, entretanto, observando a realidade que eu vivia, era até de certo modo compreensível.
Minha infância fora conturbada e pode se dizer que um pouco miserável, vivíamos na periferia de Maçuna, e ao fim da guerra, apenas os burgueses conseguiam ter uma vida digna. Meu pai era armeiro e tenho uma vaga lembrança dele me dando um beijo no rosto, caminhando pelo corredor e saindo pela porta de entrada, mal eu sábia de que nunca o veria novamente. Após o sumiço de papai, minha mãe desistiu da carreira musical para botar o pão de cada dia em casa e meu irmão mais velho Hendryk assumira toda a responsabilidade como pai. Cuidara de mim a infância toda até completar 15 anos e entrar para a marinha.
Aos 7 era eu por mim e minha mãe por nós. Nossa vida começou a melhorar consideravelmente depois da partida do meu irmão e por 5 anos nós vivemos bem. Hendry acabara de ser oficialmente admitido como 1°tenente, esbanjava felicidade. E eu sonhava em me tornar uma artista, pintava todo tipo de coisa, era autobiográfica então, era só achar uma coisa da qual eu me interessasse que eu já me empolgava e começava a desenhar.
Foram tempos realmente bons...mas aí, algo aconteceu.
Em uma das suas primeiras operações, Hendryk teria que ir para Tyeza, um continente afastado, a viagem duraria meses se a operação fosse concluída, mas não foi. O Navio desapareceu após uma tempestade, literalmente, como se ele nunca tivesse existido. Não havia destroços e nem corpos, ele só sumiu como poeira. E depois de três dias de busca, Hendry fora dado como morto.Já tinha 13 anos, e ver minha mãe aos prantos foi bem significativo para mim na época. Então, eu decidi que seria a melhor filha que eu poderia ser, que daria tudo o que eu pudesse dar a ela e que mudaria sua vida. Mas a minha mãe não fora o principal motivo de eu me afastar de tudo relacionado àquela cidade.
Dispersei meus pensamentos quando me recordei do que acontecera no passado, respirei fundo e tentei pensar noutra coisa. Eu já havia subido para o meu quarto que incrivelmente estava o mesmo de sempre, mamãe parecia ter o conservado bem considerando os anos em que ele não fora utilizado. Tinha uma estante feita com palete sintético, pares de bonecos de gesso esculpidos pelas minhas mãos se encontravam no lugar dos livros, cortinas brancas e ao lado da cama um abajur d'água em cima de um criado-mudo, também sintético. Tudo praticamente intocado desde que eu saíra, tudo excepcionalmente limpo sem nenhum vestígio de poeira.
Mamãe tinha me dado boa noite, mas não tinha ido dormir. Me liberou pois sabia que eu acordaria cedo amanhã e sabia também que eu estava morrendo de cansaço e meio zonza. Por fim, depois da longa conversa e da matança de saudade, mamãe apenas deu-me um remédio e me mandou dormir super autoritária. Agora que eu estava aos cuidados de dona Diva, teria que ser esperta para não me deixar ser mimada pois precisava retornar como cheguei aqui. Disciplinada e focada. E com a minha mãe isso era meio difícil porque em meus 28 anos ela ainda fazia comida com sorriso (Não que eu não gostasse).
Não demorou muito para que eu caísse no sono, estava cansada e pouca coisa fazia com que eu acordasse quando estava daquela maneira, apenas me recolhi com a manta e deixei me transformar numa pedra imóvel por algumas horas. Não sonhara com nada, pouco sonhava desde que entrei pra força aérea e isso não me incomodava tanto também. Preferia não sonhar nada a ter pesadelos. Naquela manhã, Syfos teve que me acordar já que não tão estranhamente meu despertador biológico não funcionara, eu realmente tinha chegado muito cansada.
Era cinco da manhã, e estava um frio de congelar os dedos dos pés, levantei-me prontamente me sentindo disposta para mais um dia em Maçuna, então caminhei até o banheiro para assim fazer minha higiene matinal. Mamãe também já estava de pé andando pela cozinha provavelmente fazendo o café da manhã.
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2222 - O CÉU NÃO É O LIMITE
Fiksi UmumNo ano de 2222, Natasha Kannopus capitã da divisão aeroespacial brimeriana tem a missão mais temida de toda sua carreira militar: As Férias. Voltando a sua cidade natal, sem qualquer escolha, a jovem terá de enfrentar as terriveis memórias que assom...