A Dor

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DOZE ANOS MAIS CEDO
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 kαηησρυs
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or algum motivo estranho, eu não sentia raiva de Stella, pelo menos não por enquanto. Também não conseguia entender o porquê das secreções incontroláveis dos meus olhos.  Não conseguia pensar em muita coisa, entretanto, as palavras de Stella ficaram ecoando na minha cabeça nitidamente, recriando o momento diversas vezes dentro da minha mente.

Começava a me sentir mal por causa disso, não conseguia espantar aquela voz dela na minha cabeça. Aquilo só fazia com que eu ficasse confusa e me perguntasse: "por que?"

Daí outra versão de mim respondia com um falso humor.

"Você não foi o suficiente pra ela".

"Cala a boca". Eu retrucava.

"Cala a boca já morreu quem manda na minha vida sou eu".

"Bem maduro da sua parte.".

"Ela só ficou com você porque queria a porra de uma experiência com uma LES-BI-CA".

"Será mesmo?"

"Óbvio cara, tem outro motivo? Era mais uma daquelas meninas curiosas".

"Mas parecia tão real…"

"Eu também pareço e eu só tô dentro da sua cabeça".

Por fim tentei espantar os meus pensamentos absurdos ao ver que estava praticamente a beira da loucura. Mas aquilo me intrigava, todas aquelas promessas e planos de uma vida só nós duas, tudo aquilo, o jeito que ela me olhava, o "eu amo você" que ela pronunciava sem dizer o jeito que pronunciava. Eu me apaixonei por tudo isso e tudo isso era mentira?

Coloquei as mãos nos bolsos enquanto caminhava de volta pra casa. A raiva enfim me atingiu, bufei incrédula ao supor que tudo o que eu tinha vivido com Sirius, era mentira. A hipótese mais verdadeira que vinha para minha mente no momento.

Sirius tinha me feito de otária, tinha me iludido legal como um lobo em pele de cordeiro. Sirius nunca me levou a sério. E foi desse modo que uma onda de pensamentos pessimistas se fizeram presentes na minha cabeça, um monte de neurose inundando os meus pensamentos.

Foi então que eu consegui ouvir ao longe um barulho que pareciam folhas, no começo aquilo não me incomodou tanto, mas então o som das folhas foram se aproximando de forma rápida. Foi então que eu percebi uma coisa: o vento havia parado de uivar mas as folhas continuavam a vir.

Não eram folhas. Eram passos.

Imediatamente fiquei em alerta e rígida, meus sentidos se aguçaram, comecei a andar mais rápido por receio de estarem me seguindo, afinal já era de madrugada. Fiz menção de colocar o capuz enquanto andava. Logo depois disso os passos também se fizeram mais presentes e também mais rápidos, agora já não se preocupava em passar despercebido.

Ou deveria dizer despercebidos? Parecia mais de um com certeza. E além disso estava me seguindo.

Comecei a ficar realmente tensa e preocupada com a situação. Eu não podia demorar muito, tinha a sensação de estar sendo observada e quanto mais eu demorava para pensar mais eu tinha a sensação de que os passos aproximavam-se.

Respirei o ar denso e gelado daquele lugar, estava tudo muito escuro. Os postes tinham uma iluminação precária que fez o ambiente parecer ainda mais assustador. Me permiti olhar para trás e vi quatro figuras negras à penumbra andando não tão devagar, nao consegui decorar rostos afinal eu beirava o pânico e como eu estava quase correndo não deu para olhar muito.

2222 - O CÉU NÃO É O LIMITEOnde histórias criam vida. Descubra agora