Capítulo 43: Uma vida pacífica

197 21 8
                                    


 Alguns dias após eu os ajudar, foi a vez dos Onis me ajudarem. Um pequeno grupo de Onis acompanhou eu e Emi nas ruínas, mostrando o caminho e nos servindo de escolta. Para meu desapontamento, apenas esqueletos e mortos-vivos, fracos, tomavam as ruínas. Derrotei cada um com um único ataque. Os tesouros que encontrei também não foram de grande coisa. Foram mais pequenas estátuas de ouro e prata, algumas pedras brilhantes e um baú com mais ou menos duzentas moedas de prata. Bem, ainda é melhor do que nada.

No fundo das ruínas também encontramos um lobo, gravemente ferido e faminto. Os Onis quiseram matá-lo, mas os impedi. Adotei o lobo para mim e cuidei dele, e, como um cão de rua ao receber carinho e proteção pela primeira vez na vida, ele deu seu coração a mim, e eu dei o meu a ele. Uma amizade que nasceu como o desabrochar de uma flor na primavera, que esteve escondida por todo o inverno. O nomeei de Sombra.

Começo a gostar ainda mais de Onis, do que de humanos. Já me sinto parte do pessoal. Parte da vila. Já os considero amigos. Me sinto querido. Aceito. É um sentimento ótimo, que me fez baixar todas as barreiras sociais que tinha levantado para me proteger. Com eles, posso rir e cantar, dançar e me embebedar, sem temer um punhal em minhas costas ou uma adaga em meu pescoço enquanto durmo.

De volta a vila, demos uma festa para comemorar o sucesso de nossa empreitada. O galpão principal foi aberto e várias mesas longas de madeira foram organizadas para o pessoal da aventura comer junto, mas a festa de verdade acontecia era no centro da vila enquanto bebíamos o trago feito de leite de cabra azedo, álcool, mel e hortelã.

– Ei, Xihiro, trás mais uma jarra de bebida pra nós já que é a mais nova! – Pediu Qirito.

– E traz uma roda de queijo também! – Pediu Tamya, já bêbada. Ela sabe que é fraca para a bebida, mas não dispensa uma boa beberagem.

– Tá! – A garota saiu apressada para atender aos pedidos, como se fosse uma garçonete em período probatório.

– Vamos beber! – Comemorou Azuna.

– Xiroe! – chamou Zubaru ao levantar do banco – Xiroe, toque algo para nós!

– Toque a Melodia dos Amantes! – Pediu Casuma, abraçado em sua esposa Akua.

Mora e Bhiro subiram na mesa.

– Comigo! – Disse Mora ao pegar a mão da irmã mais nova, dançando sobre a mesa quando Xiroe começou a tomar seu violino de forma animada. Casuma e Akua levantaram para dançar grudadinhos, o que acarretou em muitas brincadeiras e provocações engraçadas, que os fizeram gargalhar, mas sem parar de dançar.

Seguindo o exemplo do casal, os namorados Ynu e Iasha também levantaram para dançarem juntinhos.

– Oh, alá! O Ynu vai transar essa noite em! – brinquei, virando para os pais da Iasha – Zaito, Louiz, acho que essa noite vai ser gerado o primeiro neto de vocês!

– Nem pensem nisso! Sou bonita demais para ser avó! – Disse Louiz, seguida de gargalhadas.

O galpão iluminado por oito lamparinas no teto, a música do violino embalando, bebida rolando solta e muita comida sobre a mesa, o clima descontraído e bons amigos, me fez perceber algo que não tinha percebido antes. Essa vila é o primeiro lugar que consigo ver como casa. Realmente um local seguro, sem precisar fugir ou me esconder. Um lugar onde posso viver sem preocupações. Não me importo em abandonar as espadas por um tempo e arar o solo e puxar teta de vaca para pegar o leite. Se esses meus amigos estiverem comigo, cada dia de trabalho duro valerá a pena.

Douya entrou correndo no galpão, seguido pelo Sombra.

– Segura esse lobo!! – Disse ele ao pular na mesa, correndo, com Sombra o seguindo, causando uma bela bagunça entre a comida que estava sobre a mesa.

Um Gamer em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora