Capítulo 44: O desmoronar da esperança

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 Eu sabia que era questão de tempo, no fundo eu sabia, mas me deixei ter esperança, baixei a guarda, e agora não temos saída. Mais de dois mil soldados bem treinados e equipados nos cercam. Nós temos números, mas não temos equipamentos. Mais de mil Onis estão prontos para lutar com qualquer coisa que possam usar como arma, enquanto realmente armados temos apenas os guerreiros, os lenhadores, os arqueiros e os humanos. No total, somos pouco mais de mil e quinhentos, mas os equipamentos são precários em comparação aos soldados que nos cercam.

Permaneci no topo da torre do sino no centro da vila, pensando em como defender a vila. Nunca fiquei tão grato por um muro existir, mesmo um muro de madeira não tão resistente. Pode nos dar uma chance de defender a vila.

Satella já organizava nosso pessoal, apreensiva, sabendo que esse final de tarde vai ser sangrento. Eu olhei em volta procurando uma vantagem ou uma saída, mas minha atenção foi capturada pelos soldados com tochas e frascos se aproximando do muro. Eles jogaram os fracos, certamente de óleo, e as tochas aos pés do próprio muro e por cima dele. O lado Norte da vila foi o primeiro a se tornar um incêndio por ser onde as plantações ficam. Após colocar fogo, começaram a se mover novamente, com cavalarias mantendo a patrulha. Desci para reunir um pessoal para tentar ir apagar o fogo, mas ao tocar o chão, ouvi o estrondo do portão sendo atacado.

Fiquei sem saber o que fazer. As bordas da vila começaram a serem tomadas pelo fogo, assim como o muro. Na entrada, o portão não resistiria contra os ataques dos soldados. Estamos encurralados em um círculo de fogo.

– Lenhadores!! – chamei ao ter uma ideia, correndo até eles – Lenhadores, reúnam aqueles que não estão armados e vão até a área Norte com baldes de água! Tentem cortar uma parte do muro, que deve tá mais frágil por estar queimado, e fujam para as ruínas! – Eles assentiram, saindo para fazer o que mandei.

Vi Satella mais adiante reunida com os guerreiros e arqueiros diante do portão, além de algumas centenas de Onis armados com facas de cortar carne, enxadas e outras ferramentas, assim como pedaços de pau. Corri até ela, com os arqueiros disparando cegamente por cima do muro contra os soldados do lado de fora que atacavam o portão, com vários Onis escorados nele tentando segurá-lo.

– Odin, o que falou a eles? – Perguntou ela ao ver os lenhadores e boa parte do pessoal da vila indo para o lado Norte.

– Ao colocar fogo no muro, os soldados deixaram de cercar a vila e estão se reunindo diante do portão. Tem duas cavalarias patrulhando em volta da vila. Vão abrir uma passagem no muro e escaparemos por lá.

– Se eles possuem cavalaria, nos alcançarão antes que possamos chegar até a floresta.

– Não se forem derrotadas, enquanto mantemos o grosso do inimigo ocupado no portão. – ela pareceu incerta sobre meu plano – Guerreiros e arqueiros, permaneçam comigo! Os demais, vão para o lado Norte da vila, onde os lenhadores abriram uma passagem para escaparem! Ao sair, provavelmente terão que lutar contra a cavalaria inimiga. Lutem sem medo e destruam todos eles! Quando livres, fujam para as ruínas, nos encontraremos lá! – O bom dos Onis é que obedecem sem questionar, com todos fazendo o que falei.

– Acha que conseguiremos segurá-los a tempo de todos escaparem? – Perguntou Ximasu ao se aproximar de mim.

Ponderei por um momento.

– Ximasu, reúna um pessoal e vá até os estábulos. Levem os cavalos para o centro da vila.

– O que pretende?

– Apenas o faça. – ergui a mão – Vamos recuar para o centro da vila! – ordenei, com todos obedecendo, então corri até Momonda – Sua magia será vital dessa vez.

Um Gamer em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora