Capítulo 59: Mais cruel que um cão sarnento!

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 Chegando em Veland, os navios de transporte recusaram levar eu e meu exército para Orteis, devido ao grande número de passageiros e o despreparo dos navios para receber tanta gente. Me recomendaram ir até a capital para comprar ou alugar ao menos três navios. Sem muito o que fazer em Veland, aderi e parti para a capital de Reyksland.

Pelo caminho, um rugido ensurdecedor deixou as tropas assustadas. Olhei para o céu, vendo um gigantesco dragão, porém com parte de seu corpo já em decomposição, dando para ver até os ossos de suas costelas e parte de seus órgãos pulsantes.

– Que merda é aquela?!

– Um dragão. – Me respondeu Ravee, recebendo um olhar nada feliz.

– Ora, ora... Que rapaz sagaz você. Aquilo pra mim tá mais um zumbi, que um dragão.

Neko parou ao lado de Sombra da Noite, me olhando de canto.

– O Grande Único trouxe os dragões anciões de volta a vida. Agora sabemos como.

Já ouvi falar desses dragões anciões, mas não lembro direito onde.

– E se ele tá aqui...

– Algum local será destruído. – Neko concluiu minha frase – Nem mesmo todos juntos, somos o bastante para enfrentar um dragão ancião. Não ainda. Não apenas com garras, porretes e espadas. Não, com armas comuns.

Ravee respirou fundo, nervoso.

– Então fico feliz de estarmos indo para o lado contrário ao dele. – Comentou, relaxando a mão que já tinha pousado no cabo da espada.

Com tal monstruosidade a solta nas voltas, acelerei a marcha pelos próximos dias, até pararmos em uma pousada de beira de estrada. As tropas levantaram acampamento, e tive que gastar três moedas de platina pra comprar suprimentos, esvaziando o estoque de comida e bebida da pousada e ainda levando duas de suas vacas.

Durante a madruga, Neko se infiltrou no quarto de Dominic enquanto ele dorme. Ela ficou nua diante da cama e entrou embaixo das cobertas. Com cuidado, começou a abaixar as calças dele, mas o som e o cheiro a pegaram de surpresa. O Herói peidou depois de misturar porco assado, ovo cozido e muita cerveja quente. Os olhos dela lacrimejaram.

– NYAAAAA!!! - Gritou Neko ao pular de baixo das cobertas.

Dominic acordou no susto, ainda bêbado da noitada, vendo o vulto branco diante dele com os olhos embaçados.

– AAAAAHH!!! - Eles gritam juntos. Ele, de susto, ela, de nojo.

– Cadê?! Eu mato! Eu mato!! - Disse Tora ao entrar no quarto com seu porrete pronto para partir algo.

Caí da cama, levantando com a ajuda de Bei, que apareceu no quarto sem eu nem perceber.

– O que houve, irmão? – Perguntou ele, enquanto P também entrou no quarto, olhando em volta, enquanto Ravee ficou na porta com a espada em punho, tendo Guinevere atrás dele, com uma adaga em mãos.

– Relaxem. – falei ao acordar de vez, indo até Neko, de joelhos sobre a cama, enrolada no lençol, com cara de coitadinha – Neko...

– Nya?

Dei um soquinho no topo da cabeça dela.

– Não me mata de susto, desgraça!!

– Nyaaa!! – ela se abraçou a minha cintura – Perdão, amado! Perdão!!

– Me solta! Agora, te veste e sai daqui! – olhei pros demais – Podem voltar a dormir.

Apesar da comoção, voltei a ficar sozinho no quarto, mas não consegui voltar a dormir. Peguei o livro de navegação e fiquei lendo, esperando amanhecer para retomarmos a viagem. Por mais que muitas vezes tenha me deitado com Neko durante esse tempo que estamos juntos, tenho que falar para ela não se esgueirar para minha cama durante a noite. Ao menos, não enquanto estivermos em campo que não considero seguro ainda. Nunca se sabe o que pode acontecer no território de um reino que estava em guerra e levou sua força militar para o campo de batalha, diminuindo a guarda de seu próprio território.

Um Gamer em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora