Capítulo 1: Não é só um jogo é minha vida

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 Hoje é o dia que começarei minha vida adulta. Minha própria casa. Meu próprio emprego. Meu próprio carro. Meu pai me deu tudo isso, e me fez trabalhar com o amigo dele que é dono de uma empresa. Eu, que nasci em uma família rica, vivi mais tempo dentro de jogos, virando noites acordado, e nunca me preocupei com o futuro. Acontece, que o mundo dos negócios é cruel, e minha família está a beira da falência.

Eu sei, provavelmente está pensando que para um pai capaz de pagar tudo isso ao filho, não deve estar tão falido assim. A questão é que meu pai teve que vender seu negócio, e com o dinheiro, pagou suas dívidas e me mandou embora para aprender a me virar. Não digo que minha família está pobre, mas perdemos os luxos que tínhamos. Que eu tinha. Agora, tenho que me virar com um salário médio e aprender a administrar minha própria vida.

Não deve ser tão diferente de administrar o dinheiro dos jogos, né? Farmar para juntar ouro o bastante e melhorar o equipamento. Eu sou mestre nisso. Que comece a vida adulta!

Meu nome é Dominic Hughs, tenho dezenove anos e sou do signo Libra. Prazer.

– Hm? – olhei as horas no celular sobre o criado-mudo enquanto calçava os sapatos, sentado na beirada da cama – Acordei cedo demais. – Levantei e me arrumei com calma.

Pronto, fui até a frente do espelho para dar uma checada. Eu deveria emagrecer, já passei batido dos cem.

Sem muito o que fazer sobre os pneus que marcam a camisa social branca, falhando miseravelmente em tentar esconder com o terno, que não fechava, saí de casa. Entrei no carro e coloquei música para tocar no celular, já que não tinha rádio. Se achou que meu carro é do ano, achou errado.

Arranquei, dirigindo tranquilamente pelo trânsito caótico da cidade, cantarolando sempre que tocava uma música que gostava.

– Abre espaço, arrombado! – Gritou o motoqueiro ao passar pelo meu lado, dando um soco no meu retrovisor.

Tomara que um babaca desses morra esmagado por um caminhão para deixar de ser otário.

Segunda posição

– Hm? – uma voz saiu do meu celular por cima da música. Aproveitei ao parar em uma sinaleira para voltar na música e ir para a parte que apareceu a voz – Veio de fora? – olhei em volta, estranhando por dessa vez não ter aparecido a estranha voz na música – Caralho! – dei um pulo dentro do carro e deixei o celular cair quando o carro de trás buzinou. A sinaleira ficou verde e não tinha percebido, arranhando marcha ao arrancar no susto.

Meu celular, caído no chão do banco do carona, começou a tocar. Olhei rapidamente para baixo para ver quem estava ligando. Minha mãe. Suei de nervoso, ela só me liga quando o pai fica mal e vai para o hospital. Meu pai tem problema de coração.

Me curvei para o lado, mantendo uma mão na direção e olhando a estrada com o topo dos olhos, enquanto me esticava na tentativa de pegar o celular. O pai estava aguentando bastante, tendo passado por todo o estresse da falência da empresa, que foi a vida dele. Ainda acho que, apesar de ter me mandado embora após brigarmos por eu não fazer nada da vida, ele na verdade estava querendo me poupar de ver suas crises, e deixar a vida me endurecer um pouco, caso o pior acontecesse e ele... não estar mais aqui para mim. Não, não posso pensar nisso.

Me estiquei com tudo para o lado, pegando o celular, mas ao fazê-lo, a mão na direção veio junto, puxando o carro para o lado em um cruzamento. Quando levantei para retomar o controle do carro, foi quando o vi. Um enorme caminhão já colado em mim, buzinando. Um segundo pareceu uma eternidade. Consegui ver o rosto de pavor do motorista pouco antes do caminhão atingir meu carro em cheio, praticamente passando por cima dele, com uma das enormes rodas passando por cima da parte do motorista.

Um Gamer em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora