Capítulo 10

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    Dumbledore encarava a sua neta de afeição não só com descrença mas com uma sombra de um riso no olhar. Laurel, por outro lado, encarava o avô com irritação e uma rebeldia pouco característica nela. Era um duelo de olhares, um cor do mar antes da chegada de uma tempestade, o outro da cor da mais bela safira que alguma vez existira no mundo. Ainda assim, o olhar da mais nova esmoreceu, como Dumbledore sabia que aconteceria mais cedo ou mais tarde, pois ele sabia o poder que o seu olhar tinha sobre qualquer pessoa, nova ou velha.

- Não é justo, avô! É a terceira vez que estou de castigo esta semana por causa daquele... Daquele impostor!

- O Professor Lockart tem uma boa reputação, Laurel. Além do mais, foi o único que se candidatou, mesmo sabendo da má fama que tem a disciplina de Defesa Contra as Artes Negras. Não tinha outra opção, pequena.

- Mas não estamos a aprender nada, avô.

    Dumbledore debruçou-se sobre a mesa, encarando a menina, abanando a cabeça.

- É por isso que andas a faltar à maioria das suas aulas, Laurel?

    Laurel corou. Nunca pensou que o Diretor já soubesse que andava a baldar-se às aulas, ao fim ao cabo só tinha faltado algumas vezes...

- Dá uma oportunidade ao homem, Laurel. Não tens outra alternativa. Quanto mais faltas deres, quanto mais responderes ao Professor Lockart, mais detenções vais ter.- Dumbledore sorriu, divertido- Ajudares-o a colocar as cartas para os seus fãs em envelopes de cetim não tem sido agradável, pois não?

- Não sei nem como alguém teve a ideia estapafúrdia de fazer envelopes de cetim.- resmungou a menina, escondendo a cara nas mãos- Eu não quero ir às aulas do Lockart, avô, por favor...

    O som da porta do escritório do Diretor a abrir com força provocou um estrondo, sobressantando-os. Esbaforida, a Professora McGonagall aproximou-se de Dumbledore, num estado nervoso pouco característico dela.

- Senhor Diretor, venha comigo! Aconteceu... aconteceu algo, venha comigo por favor.

    Dumbledore pôs-se de pé de imediato, seguindo a professora para fora dali. Laurel foi atrás dela, praticamente correndo atrás dos dois adultos, com as suas pernas bastante compridas em relação às dela. A curiosidade borbulhava no seu estômago, de tal forma que em nenhum momento reparou no crescente tom esmeralda que o seu medalhão adotou à medida que se aproximavam da multidão de alunos parados no meio do corredor.

- Por Merlim...- ouviu Dumbledore sussurrar, assustado.

    Laurel empurrou levemente alguns alunos, procurando conseguir ver o que toda a gente estava a ver. O rosto pálido de Harry foi a primeira coisa que a ruiva viu, embora de alguma forma já soubesse que o rapaz estaria ali. Ron e Hermione estavam ao seu lado, a morena em estado de choque. Laurel aproximou-se rapidamente dela, pondo-lhe a mão no ombro, assustando levemente a amiga.

- Sou eu.- disse Laurel, reconfortado-a- O que aconteceu?

    Hermione não respondeu. Com as mãos a tremer, apontou para a parede, fazendo Laurel prender a respiração.

    A gata de Filch, Miss Nora, estava petrificada mesmo à frente do seu nariz. O pobre dono chorava agarrado a ela, com soluços violentos e aflitos. Por cima da gata, as palavras escritas a sangue atingiram-lhe o peito e uma tontura invadiu-a, fazendo cambalear.

- A Câmara dos Segredos foi aberta... Inimigos do Herdeiro, tenham cuidado.- sussurrou, em choque.

    Desta vez ela reparou. O seu medalhão vibrava, aquele verde cor de veneno bem presente. Laurel olhou em volta, sentindo que alguém a observava. O seu olhar prendeu-se a uma pessoa específica, uma menininha ruiva com um ar inocente, bastante mais afastada daquela cena do que qualquer outra pessoa. Na mão de Ginny Weasley, um caderno negro parecia palpitar com vida, chamando a atenção de Laurel. Um estalo na sua cabeça fê-la ganir de dor e desviar os olhos, afastando-se da multidão.

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