Capítulo 14

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    O fantasma de Helena Ravenclaw flutuava ameaçadoramemte junto de Laurel, que não a conseguia olhar nos olhos. Havia algo extremamente cortante nos olhos da filha de Rawena Ravenclaw, como se já estivessem mortos antes mesmo dela morrer.

- És uma desgraça para o nosso nome.- proferiu a mulher pela terceira vez, de novo esperando por uma resposta da menina, que parecia demasiado abalada para responder.

    A conversa com Ginny ainda soava na sua cabeça, mesmo que já tivesse passado alguns dias e a garota tivesse ido para casa, levando consigo o estranho diário e sem nunca revelar quem era Tom e onde é que ele estava para se poder encontrar com ele. Também não tinha havido mais ataques e sabia por Hermione que o plano com Draco tinha falhado e que não era ele o Herdeiro de Slytherin, embora que pelo tom de voz da morena alguma coisa tinham descoberto com o seu plano, embora não tivesse dito o que. Laurel também não queria saber; naquele momento, a carta na sua mão era mais preocupante.

    A doença do seu tutor piorara na ausência de Laurel. Segundo a carta que Dumbledore lhe enviara antes de ir tratar de assuntos no Ministério, Snape estava a ajudá-lo a recuperar depois de um surto grave mas ainda assim Laurel sabia que seria muito difícil psicologicamente haver algum tipo de recuperação, a menos que a menina lá estivesse. Infelizmente, e em conjunto, Dumbledore e o seu pai de coração preferiram que Laurel passasse o Natal de novo em Hogwarts, onde estaria mais segura (mesmo que houvesse um monstro na escola, Hogwarts seria sempre mais seguro para ela do que outro sítio qualquer, pensavam eles). Angustiada e preocupada, Laurel acabara por se ir esconder na Torre dos Ravenclaw, onde esperava receber algum conforto com a presença de outra Ravenclaw.

    Estava redondamente enganada.

- Onde já se viu uma Ravenclaw esconder o próprio nome? Ainda por cima com os dons que recebeste? És uma desgraça para a nossa família, Laurel Ravenclaw. Esperava mais da filha de Cora, sinceramente.

    Laurel ergueu os olhos ao ouvir o nome da mãe, encarando Helena com uma sombra de deslumbre.

- Conheceste a minha mãe?

    Helena encarou a parede, torcendo o nariz. Embora fosse bela, a arrogância e a crueldade distorciam-lhe as feições e não escondiam o quanto fora infeliz enquanto era viva.

- Sim. Cora Ravenclaw era excepcional. Inteligente, estudiosa, focada... Vinha aqui todos os dias, prestar homenagem aos Ravenclaw ao me procurar. Era uma menina perfeita, uma Ravenclaw que ostentava o símbolo do corvo com orgulho no peito.- Helena voltou a torcer o nariz- Isto até conhecer aquele puro sangue que lhe deu a volta à cabeça, o teu pai.

    Laurel voltou a encarar o pergaminho que tinha na mão, passando os dedos pela caligrafia elegante de Dumbledore, sentindo a cada dia que passava mais a falta dos seus pais, que tinham feito tudo por ela.

- O que sabes sobre a Câmara dos Segredos?- perguntou a ruiva, olhando diretamente para a filha de Rawena.

    Se um fantasma pudesse empalidecer, Helena teria perdido toda a cor do rosto naquele instante. A mulher aproximou-se da garota, encarando-a pela primeira vez de forma séria.

- Afasta-te desse lugar. Por mais forte que seja o chamamento e a curiosidade, afasta-te. É demasiado perigoso, especialmente para ti.

- Porquê?- perguntou-lhe a menina, surpresa com a preocupação do fantasma.

- Da última vez que a Câmara foi aberta, há cinquenta anos, uma rapariga morreu, uma nascida-Muggle dos Ravenclaw. Desta vez, ainda ninguém morreu. Pensa, Laurel.

    A menina arregalou os olhos, os pensamentos a alinharem-se.

- Ele não quer matar os filhos de Muggles ou causar o caos. O alvo dele é só um.- continuou Helena, observando a garota.

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