Capítulo 13

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    Laurel encontrava-se encostada a uma parede, a respiração entrecortada. Os ataques de pânico tinham começado pouco depois das petrificações, deixando-a de rastos num qualquer canto do castelo. Ajoelhou-se, tentando limpar os suores frios que lhe escorriam pela testa com a ponta do seu manto, enquanto murmurava para si mesma que estava tudo bem, numa tentativa vã de se acalmar.

    Era Natal. Mais um Natal. Um menino e o fantasma Nick-Sem-Cabeça tinham sido petrificados, deixando Laurel cheia de dúvidas em relação ao monstro que rondava Hogwarts. Havia algo que a incomodava, algo que lhe dizia que estava próxima da peça do puzzle que faltava: junto do fantasma havia água. Se pensasse bem, todas as petrificações tinham ocorrido junto de uma superfície refletora, o que ajudava a diminuir o número de monstros capazes de petrificar. Ainda assim, não conseguia entender se aquilo era realmente uma pista significativa ou se era apenas a sua mente desesperada a tentar chegar a alguma conclusão sobre a situação. Para piorar, os pais dos alunos começavam a pronunciar-se e Dumbledore parecia cada vez mais preocupado com o futuro de Hogwarts, mesmo que não deixasse isso transparecer; Laurel era a única que via o cansaço nos olhos do avô, usando a sua perspicácia a seu favor. Mesmo que ninguém lhe tivesse posto esse fardo nos seus ombros, Laurel sentia que cabia a ela descobrir o que se passava mas sem a ajuda de Meredith e com Ashley sempre de roda do Professor Lockart, tudo se complicava ainda mais.

     Para piorar, havia qualquer coisa dentro das paredes de Hogwarts que a puxava. Uma sensação maligna crescia no castelo e Laurel sentia-se cada vez mais perseguida pelo seu próprio medo. O medalhão no seu pescoço raramente perdia a cor verde-esmeralda venenosa que a Ravenclaw sabia associar-se a Voldemort, agonizando ainda mais os seus receios. Era quase impossível para a menina andar sozinha pelos corredores sem sentir que algo a esperava nas sombras, um sibilar que lhe enchia a mente e acelerava o coração. Quando as sensações no seu corpo eram poderosas demais para Laurel ignorar, a menina via-se a si própria colapsar no chão, a falta de ar assustando-a e o mundo girando sobre si mesma. Lera sobre ataques de pânico num pequeno livro Muggle que encontrara perdido na biblioteca e sabia que eram raros nos feiticeiros, por alguma razão biológica que não entendia. Nos momentos que se sucediam ao ataque, Laurel perguntava-se a si mesma se aquilo alguma vez pararia; se algum dia estaria livre daquela sensação doentia de estar ligada a alguém que nem sequer conhecia.

    Era disso que o seu corpo fugia, daquela sensação de que Voldemort estava por perto, esperando por ela, tal como Rowena sentira com Salazar Slytherin tantos séculos antes. Era essa a maldição das Ravenclaw e disso Laurel nunca poderia fugir, por mais que lhe custasse admitir. Ainda assim, o seu corpo recusava-se a perceber isso e portanto decidira que colapsar no chão de pedra dura do corredor lhe daria tempo para ignorar o sibilar nas paredes que a perseguia constantemente, o que não acontecia de verdade.

    A menina ouviu vozes ali perto, fazendo-a sobressaltar. Sentindo-se ligeiramente melhor, pôs-se de pé, seguindo na direção do som. Vinham de uma casa de banho abandonada, a qual Laurel não conhecia. Quando adentrou por ali adentro, encontrou Harry, Ron e Hermione de roda de um caldeirão, a sussurrarem cautelosamente entre si. Foi Hermione que a viu primeiro, deixando cair o frasco que tinha na mão com estrondo e dirigindo-lhe um olhar surpreso. As duas nunca mais tinham tido muito contacto mas ainda conseguiam reconhecer a inteligência uma na outra, nunca tendo esquecido que elas tinham sido amigas primeiro antes de qualquer outra pessoa.

- Isso é uma poção Polissuco?- perguntou Laurel, reconhecendo a cor da poção que borbulhava no caldeirão.

    Hermione sorriu. Laurel iria ser sempre a pessoa que melhor a entendia.

- É sim.- respondeu a Granger, afastando alguns cabelos da cara com as costas da mão- Mas por favor não digas a ninguém...

- Não vou dizer.- assegurou a ruiva- Porque é que a fizeram?

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