Capítulo 19

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O Grande Salão vibrava de alegria e cor. Os Grinffindor estavam histéricos com a notícia de que tinham ganho a Taça de Quidditch, a sua felicidade sendo acompanhada pelas palmas efusivas dos Hufflepuff e as mais politicamente corretas por parte dos Ravenclaw. Na mesa dos Slytherin, apenas três meninas batiam palmas, só uma com um grande sorriso no rosto. Laurel estava contente pela outra Casa, pouco se importando com a disputa que existia entre a Casa das Cobras e a Casa dos Leões. Ao seu lado, Meredith também batia palmas, um pouco mais contida que a ruiva mas com tanta alegria quanto. A terceira menina olhava de forma admirada para Laurel, que não se aguentara e se pusera de pé. Quando os olhos azuis safira pousaram na mais nova, a ruiva sorriu, assentindo com aprovação na direção da garota desconhecida. Todos os alunos naquela mesa olhavam para Laurel com desaprovação, incluindo Draco Malfoy, cujas bochechas vermelhas demonstravam a sua irritação com sucesso.

A descendente de Ravenclaw ignorou tudo e todos, demasiado feliz para se importar. Não só tinha sobrevivido a um veneno letal, como tinha recebido a visita do seu pai adotivo, que lhe prometera ir buscá-la à estação quando o comboio de Hogwarts lá chegasse. Dumbledore sorria, lançando uma piscadela à neta, que deu uma risada. A decoração vermelha e amarela era acolhedora e ver o sorriso gigante de Ginny Weasley em conjunto com os seus olhos brilhantes e cheios de vida era o suficiente para Laurel se sentir orgulhosa de si mesma e de Harry Potter, que provara mais uma vez que o Chapéu Selecionador não se enganara em colocar o Menino Que Sobreviveu na Casa dos Leões.

Ao longe, o olhar de Laurel encontrou o do fantasma dos Ravenclaw. Helena misturava-se com as sombras do canto do Salão, oculta para quem não prestasse atenção. Para a pequena Ravenclaw, não havia nada no mundo que lhe chamasse mais a atenção do que o medalhão que ambas traziam ao pescoço. A ruiva assentiu brevemente, vendo o fantasma fazer o mesmo, esboçando o sorriso gélido que conseguia fazer.

Momentos mais tarde, sem saber como, Laurel vira-se presa numa conversa com Neville Longbottom, um rapaz dos Grinffindor que estava sempre a perder o seu sapo. O moreno de bochechas grandes tinha vindo para junto dos Slytherin à procura do bendito animal, sem notar que se aproximara demasiado das Cobras. Antes que os seus colegas pudessem fazer pouco do menino, Laurel aproximara-se para ajudar, dando início a uma conversa de como aprisionar um sapo.

- A sério, devias mesmo experimentar uma gaiola como os Muggles usam para os hamsters.- disse Laurel mais uma vez, vendo Neville assentir atabalhoadamente, ainda confuso do porquê aquela menina muito ruiva viera ao seu encontro - De certeza que o teu sapo vai gostar e podes transportar contigo. Olha, é mais ou menos como a que o Harry tem para a Hedwing.- apontou para o moreno de olhos verdes que se aproximava, de malões na mão e a coruja das neves na sua gaiola.

- Olá Neville.- cumprimentou Harry, a sorrir- Perdeste o Trevor de novo?

Pelo canto do olho, Laurel notou um olhar reprovador na sua direção. A menina suspirou, olhando de frente para Draco Malfoy, que simplesmente abanou a cabeça com desprezo e estava prestes a sair quando alguém o chamou, a voz aguda soando perto dos ouvidos de Laurel.

- DRAQUINHO!- gritou Pansy Parkinson, batendo com o ombro de propósito em Laurel.

A ruiva, muito mais baixa do que a morena, viu-se cambalear para a frente, quase caindo. Uma mão firme puxou-a para trás e quando olhou suspirou de alívio ao ver que era Meredith que se aproximara de imediato da amiga mal Pansy se dirigira a ela.

- Sai da frente, demónio.- disse Pansy, a voz destilando veneno - E tu também, filha de Azkaban.

- Foste tu que vieste contra a Laurel, idiota.- afirmou Meredith, com a língua afiada e sem qualquer paciência para aquela garota - E não dá para ter filhos com uma prisão, oh inteligência.

Pansy abriu a boca para responder, os olhos cintilantes de ódio mas Laurel foi mais rápida, incapaz de se conter.

- Eu peço desculpa pelo que aconteceu no dia dos duelos. Foi um acidente.- disse Laurel com humildade - Eu andei à tua procura depois de saíres da Ala hospitalar mas...

- Fica longe de mim, demônio.- balbuciou Pansy, desconcertada com o pedido de desculpas inesperado - E fica longe de Draco também.

- De Draco?- girou a cabeça para o loiro, que olhava para as unhas como se não estivesse a ouvir a conversa - Mas eu não fui...

Pansy virou-lhe as costas, bufando com impaciência. Laurel olhou para Meredith, que encolheu os ombros, irritada.

- Aquela miúda é horrível. - a amiga disse, cruzando os braços - Simplesmente horrível.

- Na verdade, ela consegue ser agradável quando quer.

As duas Slytherin viraram-se na direção da voz feminina que falara. A garota morena que batera palmas durante a entrega da Taça de Quidditch estava bem ali, com um sorriso tímido no rosto e de braço estendido na direção de Laurel.

- Sou Astoria Greengrass. É um prazer conhecer-te, Laurel.

Laurel apertou a mão da menina, nunca deixando de se surpreender por ser conhecida de todos os alunos de Hogwarts.

- És a irmã mais nova de Daphne, não és?- disse Meredith, fitando a moça com desconfiança.

Os olhos verdes de Astoria fixaram-se em Meredith com um brilho de desafio no olhar.

- Sim mas não sou a minha irmã. Foi o meu primeiro ano em Hogwarts e toda esta história dos Slytherin não se poderem dar com pessoas de outras Casas é idiota.- a mais nova encolheu os ombros - Acho que ser uma Slytherin é muito mais do que ser preconceituoso. Tu és um exemplo disso, Laurel. - Astoria esboçou um pequeno sorriso, os olhos verdes fixos na ruiva à sua frente - Pessoas como a minha irmã e Draco Malfoy deviam aprender a ser astutos, não idiotas.

Laurel sorriu. Era bom ver pessoas inteligentes para variar.

- Foi bom conhecer-te, Astoria.- foi tudo o que a ruiva disse, os olhos cor de safira faiscando com alegria.

- Igualmente. És amiga do Harry Potter, não és?- perguntou a Greengrasse, curiosa.

- Hã... Amigos é uma palavra forte.- retorquiu Laurel, procurando pelo Menino que Sobreviveu - Somos colegas e temos uma amiga em comum.

Harry corou levemente quando o olhar de Laurel pousou em si. A ruiva corou também, sentindo-se constrangida ao relembrar o seu transe na Câmara dos Segredos e na forma como a voz de Harry a despertara. No seu peito, o medalhão vibrou com uma cor encarnada por breves instantes, regressando rapidamente à cor harmoniosa de verde esmeralda que habitualmente adquiria.

- Aquela era a irmã da Greengrasse?- perguntou Ashley aproximando-se das amigas momentos depois, com quatro malões na mão e várias camadas de roupa em cima do corpo.

- Era.- respondeu Meredith, analisando a Hufflepuff com divertimento - O teu guarda-roupa aumentou ou os malões encolheram?

Ley bufou, seguindo as outras duas com dificuldade até às carruagens que as levariam para o comboio de Hogwarts.

- Sou terrível a arrumar roupa. - respondeu, os canudos negros caídos pela sua face - Alguém me consegue prender o cabelo? Não vejo nada!

Laurel riu, estalando os dedos e desfrutando com gosto do nó alto que se formou no cabelo da amiga graças à sua magia estranha e incontrolável. Ley agradeceu de imediato, dando-lhe um abraço por cima de camadas e camadas de roupa que não tinham cabido no malão, lançando um dos braços na direção de Meredith, que atabalhoadamente se juntou àquele abraço de grupo.

- Estás a esmagar-nos.- resmungou a Lovelace, com um pequeno sorriso.

- Posso juntar-me?- perguntou Hermione, sentando-se ao lado de Laurel e lançando-lhe um sorriso tímido.

- Não seria o mesmo sem ti.- respondeu Laurel, estendendo-lhe a mão.

A carruagem começou a andar e o apito do comboio de Hogwarts soou, anunciando a sua quase partida. Laurel sorriu, aconchegando-se às amigas, ignorando o olhar reprovador de Draco ao longe, os olhos de Harry pousados em si ou a sensação de que alguma coisa estava para acontecer.

A Ravenclaw estava bem. Estava feliz. Era isso que realmente importava naquele momento.

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