Capítulo 3

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    "Ano Novo, Vida Nova, segundo dizem os Muggles" pensou a pequena Ravenclaw, sentada numa poltrona negra da Sala Comum dos Slytherin. Na sua mão, uma foto dos pais sorridentes fazia-a sorrir por entre as lágrimas que escorriam pela sua face de boneca. Laurel tentava a todo custo contê-las mas era impossível. Aquele dia era especial para ela e para sua mãe, o dia em que passavam a noite misturadas com os Muggles e ficavam a ver os fogos de artifício rebentarem no céu enquanto a contagem para o novo ano era feita. Laurel tinha imensas saudades desses tempos e observar aquela fotografia enchia-a de carinho e preenchia um pouco o buraco que o seu coração tinha desde que Cora Ravenclaw tinha morrido.

    Quem quer que tivesse tirado aquela fotografia tinha captado o amor dos dois de maneira perfeita. A forma como o seu pai sorria, como a sua mãe se derretia no seu abraço, a cumplicidade entre os dois. E Laurel era o fruto daquele amor, um fruto que o seu pai nunca tinha podido ver e que a sua mãe tinha-se esforçado tanto em proteger. Apesar de nunca ter conhecido o pai, Laurel sempre o amara, talvez porque Cora fazia questão de manter a sua memória bem viva no dia-a-dia das duas. Isso deixava Laurel feliz e amada por um homem que sequer a conhecera.

    A menina acariciou a face dos dois, suspirando. Estava tão distraída que só notou a presença de outra pessoa na sala quando esta se sentou ao seu lado de forma brusca. Ao levantar a cabeça, Laurel deparou-se com Draco Malfoy absorto nos seus pensamentos, completamente alheio ao facto de estar sentado ao lado de uma pessoa que desprezava.

    Limpando as lágrimas discretamente, a ruiva levantou-se, guardando a fotografia no bolso do seu manto e apertando o livro que carregava bem junto do peito, como escudo. Estava frágil demais para lidar com as maldades de Malfoy, frágil demais para lidar com aquele menino mesquinho e preconceituoso com tudo o que não fosse Sangue-puro e Slytherin. Virou as costas e preparou-se para ir para o dormitório, talvez fazer uma pequena sesta ou algo assim.

    Draco observava o cabelo inevitavelmente bonito da menina. Não era do mesmo tom apagado dos Weasley e sim de um laranja mais vivo, as pontas douradas fazendo lembrar uma chama vibrante. Os olhos cinzentos voltaram-se para o chão e deu por si a dizer-lhe:

- Fica. Eu não mordo.

    Laurel estacou, inquieta. Lentamente, virou-se para o menino, estranhando o seu comportamento tão... Educado.

- Não te quero incomodar com a minha presença.- a ruiva respondeu, analisando-o.

    Draco encolheu os ombros, olhando em volta.

- Chama-se a este sítio Sala Comum dos Slytherin por alguma razão. É de todos nós. Se tu quiseres ficar, podes ficar. O sofá é grande o suficiente para os dois.

    A Ravenclaw ficou desnorteada mas manteve-se impassível. Calmamente, aproximou-se do sofá e sentou-se tal como estivera momentos antes, abrindo o seu livro preferido do momento.

- Animais Fantásticos e Onde encontrá-los- o loiro leu o título na capa.

- Sim. É muito interessante.

- Há algum que não seja?- questionou o menino, revirando os olhos- Estás sempre com um livro na mão, não importa onde estejas.

    Laurel encolheu os ombros, continuando a ler. Discretamente, observou Malfoy, que estava demasiado quieto e calado. Sem aguentar mais a curiosidade, fechou o livro, encarando-o.

- Porque estás a ser bom comigo?

    Draco olhou para ela, os olhos cinzentos arregalados de espanto.

- Eu estou?

- Não me estás a xingar nem a olhar como se eu fosse a pior pessoa à face da terra.

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