Capítulo 16

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    As aulas tinham recomeçado. As cartas dos pais aos alunos eram cada vez mais preocupantes. Hermione Granger tinha sido petrificada. O verão aproximava-se e o cerco parecia apertar-se à volta de Hogwarts.

     Ainda assim, para Ashley, os rostos das duas raparigas à sua frente eram piores que qualquer outra coisa.

    Ginny Weasley estava péssima. A menina tremia, os braços a rodearem firmemente o pequeno livro, tão negro como as olheiras profundas abaixo dos seus olhos apagados. Ao seu lado, Laurel estava pálida, com um ar exausto. Ley sabia que a amiga não dormira naquela noite, tudo por culpa do Conselho Diretivo, liderado por Lucious Malfoy, ter decidido afastar Dumbledore da escola enquanto os ataques não paravam. A menina nem tinha podido ver o avô antes dele ser levado, o que a deixara abalada demais para dormir. Mesmo assim, Laurel continuava a ser gentil o suficiente para impedir Ley de quebrar os dentes de Draco Malfoy pelo que o paizinho querido fez. Ashley admirava-a sempre pela sua bondade com toda a gente, até para com pessoas mesquinhas como os Malfoy.

    As três meninas encontravam-se na casa de banho das raparigas no terceiro piso, raramente usada devido às presença de uma fantasma muito chata que, por sinal, não se encontrava em lado nenhum. Fora Ginny que abordara Laurel quando a ruiva estava com Ley, impedido-a de ir para a aula de Transfiguração. Apesar de ser uma das aulas mais importantes para Laurel, a Ravenclaw não hesitou em acompanhar a mais nova, sendo prontamente seguida por Ashley, cujo coração palpitava pelo mau pressentimento que a percorria. Infelizmente, Ginny não parecia conseguir formular uma frase inteira, apenas permanecia ali a balbuciar coisas desconexas e a tremer, os braços firmemente agarrados ao caderno ou livro que ela tinha na mão.

- Ela tem de ir embora...- sussurrou Ginny, a voz firme pela primeira vez desde que ali chegaram.

- Eu?- questionou Ashley, cruzando o olhar com Laurel, que permanecia sem expressão.

    A ruiva mais nova assentiu. Era engraçado ver como era parecida a Ron: os mesmos cabelos cor de cenoura, a pele branca, as pequenas sardas no nariz... Involuntariamente, Ley sentiu-se a corar. Nunca admitira nem mesmo a Laurel mas tinha uma pequena paixoneta por Ronald Weasley, o garoto que a tirava do sério só com a sua presença. Ao ver a irmã do menino naquele estado, era impossível não ficar preocupada com Ginny, que parecia prestes a desmaiar a qualquer instante. Os olhos safira de Laurel fixaram-se em Ashley, como sempre muito fáceis de ler: "Tens de ir". Ley hesitou, fazendo um não com a cabeça, lentamente. Laurel suspirou, o medalhão no seu peito tilintando contra a colher de prata que a Ravenclaw pusera no bolso do uniforme.

    Ashley olhou para a sua própria colher, encaixada na sua gravata como uma espécie de anel. Meredith tinha outra igual, embora noutro sítio que a Lovelace não tinha dito qual era. Aquelas eram as armas das três raparigas contra o Basilisco, o monstro que Laurel acreditava ser o responsável pelas petrificaçōes em Hogwarts. Com os seus olhos, o Basilisco era capaz de matar diretamente alguém; indiretamente, caso o contato visual fosse através de uma superfície reflectora, era capaz de petrificar as suas vítimas. Segundo Laurel, quando percorressem os corredores sozinhas, deveriam andar com as colheres na mão e nunca levantar muito os olhos; estariam assim mais protegidas contra o Basilisco do que qualquer outra pessoa naquele castelo, afirmara a Ravenclaw.

    Nenhuma das outras duas se opusera, preferindo aceitar as colheres surrupiadas no jantar da noite anterior.

- Ley. - chamou Laurel, aproximando-se dela- Tens mesmo de ir. Encontra a McGonagall e conta-lhe as nossas suspeitas sobre o Basilisco. Se eu estiver certa e Voldemort estiver por trás dos ataques, eu preciso pará-lo. - a ruiva fez uma pausa, olhando fixamente para Ginny, que tremia - Encontra a Meredith e mantém o Harry debaixo de olho. Faças o que fizeres... Não venhas atrás de mim.

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