Entrei no carro que minha avó mandou para me buscar. Não obtive ajuda do motorista, ele me abrigou a colocar as várias malas no carro sozinha
Vejo essa mudança de cidade como uma oportunidade para fazer algum amigo e parar com meus pesadelos contínuos
Os pesadelos... dês de pequena eu tenho sonhos com lobisomens. Meus pais diziam ser um dom. Mas os sonhos sempre levavam a uma coisa, pois como eu tenho memória fotográfica e uma grande habilidade para investigação (sendo que sou viciada em séries, filmes e livros investigativos) eu anoto todas as novas coisas em meu "diário dos sonhos" onde eu relato cada momento
As horas foram se passando e nós nunca chegávamos a cidade onde nasci, mas fui embora no mesmo dia. Meus pais nunca falaram sobre essa cidade; quando eu perguntava o nome dela, eles nunca diziam e mudavam de assunto rapidamente
Eu não estou triste pela morte dos meus pais, eles não se importavam muito comigo. Eu fui criada sozinha, eu mesma me criava enquanto eles estavam... sei lá onde eles estavam. Só os via nos finais de semana por algumas horas, pois eles sempre precisavam sair a noite
Acabei adormecendo enquanto esperava as palavras do motorista que havíamos chegado. Quando acordei, estávamos na frente dos portões da cidade
Porque uma cidade tem portões? - me perguntei mentalmente
Vi o grande letreiro sobre o portão "vidurnatį" escrito sobre ele em letras negras
Que nome mais estranho
A cidade foi passando e parecia que eu estava em outro século. As casas de madeira e as ruas desertas, com alguns estabelecimentos comerciais em volta e divididos. A cidade acabou, e então chegamos a uma estrada de terra, na qual as vezes saia outra estrada e eu podia ver grandes casas nos terrenos cercados por árvores. No fim da estrada, a quilômetros de distância da cidade, estava a velha casa da minha avó. Cimento escuro com uma porta de madeira gigante. A floresta em volta a algumas árvores na frente (na qual estavam secas por causa do outono) davam um ar sombrio a propriedade da família
- Antonella! - minha avó saí com os braços abertos para me abraçar
- vó - retribuo o abraço sorridente. Faz anos que não a veja, talvez uns 9 ou 10 anos - a senhora não mudou nada - revelei a analisando com cuidado
- mas você sim. Vamos, já vai anoitecer e não podemos ficar na rua - avisou rapidamente
Com um sinal de cabeça para um homem com um terno em pé a porta, ele se direcionou ao carro e lentamente foi tirando minhas malas com cuidado
- me conte, como foi a viajem ? - perguntou quando entramos na grande sala principal
Sofás rústicos na cor vinho, com uma lareira na parede e dois lances de escada curvas em cada lado da sala que subiam e davam para dois corredores opostos
- cansativa, não me lembrava da cidade ser tão longe - resmunguei ainda analisando o local
Tentei me lembrar daqui, mas como eu fui embora assim que nasci, eu não conheço nada disso aqui e nem me lembro de nada desta cidade
- vamos comer alguma coisa - ela sugeriu
Me puxando pela mão, ela me levou para uma porta bem na nossa frente que mostrava a grande mesa de jantar. Rapidamente eu contei quantos lugares tinham e vi, são 20 lugares que se estendem pela mesa retangular. Uma parede coberta por uma cortina escura toma a lateral da mesa, posso imaginar que isso seja uma janela que fica fechada
- seus primos vão vir daqui a pouco para recebe-la, junto com seus tios e tios-avós - ela contou
Percebi que havia duas portas nas extremidades da mesa. Minha avó me levou para a porta da esquerda, que ao abrir, se mostrou uma cozinha toda em marrom, com uma imensa bancada de mármore branco que contornava todas as paredes. Uma ilha no meio cercada por bancos altos que giram
Minha avó abriu os armários. Pude ver vários vidros coloridos. Dentre eles, ela pegou um saco de chá de camomila e colocou sobre a bancada a minha frente. Se dirigindo a porta do armário ao lado, ela abriu. Vi pães, bolachas e mais alguns potinhos coloridos. No próximo que ela abriu, em baixo desta vez, vi que ali se encontravam os ingredientes; azeite, farinha, leite, açúcares e café. Voltando as prateleiras em cima, no lado oposto que ela abriu, vi as louças
Pegando duas xícaras e dois pires, ela os depositou a minha frente. Abrindo uma gaveta embaixo desta mesma prateleira, ela pegou duas colheres e as posicionou ao lado dos pires. Uma chaleira antiga foi colocada com água no fogo e então, finalmente, ela se virou para mim e sorriu
- vamos, irei te apresentar seu quarto - avisou me chamando com a mão
Voltamos pelo mesmo caminho e fitei a porta do outro lado da mesa
O que será que tem nela ?
Subimos a escada da esquerda e seguimos pelo corredor da mesma. Passamos por várias portas até chegar a uma (também marrom) que minha avó abriu lentamente e mostrou o quarto com uma cama, um ropeiro que tomava toda uma parede, uma penteadeira, uma escrivaninha, uma outra porta e um banco de cimento com almofadas em frente a janela. O quarto era cinza, sem vida. Acho que tenho um longo trabalho pela noite
- vou deixar você se estabilizar. Suas aulas começam semana que vem - ela avisou e então fechou a porta atrás de mim
Só então percebi as minhas malas ao lado da cama
Abri as mesmas e olhei o que eu poderia usar para decorar esse quarto vazio. Rapidamente tirei a roupa de cama e coloquei uma vermelha vivo, abri o ropeiro e joguei as roupas velhas no canto mais alto onde quase nem alcançava. Peguei meu jogo de luzinhas e decorei na frente da cama, colando as letras do alfabeto (comentei que sou super fã de Stranger Things?) Coloquei minhas almofadas sobre a bancada em frente a janela. Na penteadeira eu coloquei os meus enfeites, dando mais cor a ela. Lancei meu material escolar e meus vários livros sobre a escrivaninha e os ajeitei. Coloquei meu notebook sobre a cama. Peguei meu abajur e coloquei no criado mudo no lado da cama; enchi sua gaveta com meus livros que estou lendo. Meu kit de higiene no banheiro, junto com as toalhas. Voltei ao quarto e o analisei com cuidado
- agora sim está a minha cara - conclui ao analisa-lo em cada canto
Sentei-me sobre a cama e liguei meu note, vendo meu perfil no wattpad aberto. Sorri sozinha ao me lembrar do tempo em que eu transformei meus sonhos em histórias
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Lua Da Meia Noite
Paranormalem pleno século 21, uma garota chama Antonella recebe uma ligação que seus pais foram mortos, e com isso ela parte para uma cidade próxima na qual irá morar com sua avó materna Sarah, uma mulher idosa e misteriosa, acolhe a neta de bom grado em sua...