Capítulo 10 - Tensões e Pacto

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Clara estava se sentindo sem chão, sem ar. Por mais que ela se preocupasse, nunca imaginou que realmente sua irmã ou mãe fossem descobrir algo. Pelo menos não tão cedo assim.

"Será que a Samanta falou com nossa mãe?" perguntou-se nervosamente. Aquilo seria demais, pois, no mesmo momento em que ela estava sendo interpelada por sua irmã, sua mãe poderia estar interrogando Angélica. "Não... minha mãe não deixaria isso passar em branco se Samanta contasse... no mínimo ela teria brigado comigo e com Angel logo cedo" concluiu sentindo um pouco de alívio.

– Não vai me responder?! – Samanta falou chamando sua atenção. Clara se sentia em um mato sem cachorro.

– A situação não é como você está pensando, Sam... – Clara balbuciou hesitante.

– Não estou imaginando nada, Clara! – Samanta retrucou, se aproximando da caçula. – Eu vi! – Falou em voz baixa, encarando seriamente a jovem, que engoliu em seco.

– Você... você viu... viu o quê?! – Gaguejou.

Ao ouvir a pergunta tensa de Clara, Samanta suspirou pesadamente e se afastou, passando as mãos pelos cabelos que estavam soltos. Para ela era difícil ter esse tipo de conversa com sua irmã mais nova, mas precisava, ela sabia que era necessário.

– Não tive a intenção de espionar, fazer fofoca nem nada... – Respondeu escorrendo as mãos pelo seu rosto e deixando seus braços caírem. – Quando você levantou... eu acabei acordando, você bem sabe. – Falou enquanto Clara a observava e ouvia atentamente. – Depois que você saiu, resolvi ir ao banheiro e... como ele fica do lado de fora, acabei vendo vocês duas juntas. – Explicou, confirmando o que Clara havia pensando antes.

Clara se sentia perdida, com medo... medo não! Um pavor sem precedentes. Ela nunca pensou que poderia sentir algo assim em sua vida. Estava claro que Samanta estava transtornada com o que descobrira.

Como fazê-la entender? Era a única pergunta que pairava na mente da mais nova.

– Eu... – Murmurou olhando para o chão. – Só aconteceu...

– Aconteceu?! – Samanta questionou voltando a se aproximar de Clara, que não a olhava diretamente. – Clara?! – Chamou-a, segurando em seus ombros com força e a fazendo olhá-la. – Essa mulher... Angélica, ela te obrigou a fazer algo... – Tentou questionar, mas foi logo interrompida.

– Não! – Clara falou apressadamente, balançando a cabeça. – Ela não me obrigou a nada... Angélica nunca encostou em mim sem eu permitir... – Falava atordoada. Angélica nunca fez nada com ela, só daquela vez que lhe jogou água, mas nunca abusou ou a tratou de maneira covarde. – Só aconteceu... a gente se aproximou, começamos a ver coisas que tínhamos em comum... a nos gostar... – Suspirou levemente. – Você pode não acreditar, mas foi mútuo... ela nunca me tocou ou me tocaria se eu não deixasse. – Concluiu, olhando aflita para sua irmã, que a encarava atentamente.

Após ouvir o que sua irmã falou, Samanta expirou o ar com força, como se estivesse se livrando de uma carga enorme. Ela tinha medo do que poderia ter acontecido com Clara ali, naquele lugar distante e com uma pessoa que, por mais que sua mãe confiasse, poderia não ser o que aparentava e ela não conhecia.

– Nossa... – Falou soltando os ombros de Clara e suspirando ruidosamente, buscando se acalmar. – Desculpa... – Disse debilmente. – Eu... nossa, Clara! – Ela se sentia atordoada com aquilo tudo.

– Sam! – Clara a chamou, lhe pegando pela mão carinhosamente. – A gente se gosta... a ... a gente se ama, Sam. – Falou a olhando no fundo dos olhos.

O Sol Sempre Brilha (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora