Capítulo 11 - Desespero...

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O dia havia acabado e mais uma noite de sábado se aproximava.

Clara e Samanta, após a longa conversa que tiveram, se viam mais próximas, enquanto Angélica e Glória se encontravam... felizes? Talvez pelo lado de Glória, a felicidade não cabia em seu peito, já pelo lado de Angel, o medo, as tormentas em sua mente, ainda permaneciam as mesmas... quem sabe até mais avassaladoras que antes.

As duas tinham passado uma tarde tão proveitosa, tão bonita, juntas, como as boas amigas que são. Puderam relembrar coisas do passado, falar sobre traumas – sim, pois essas coisas também fazem parte da amizade, desafogar – e também conversarem um pouco sobre o que esperavam para o futuro.

Nessa conversa sobre o futuro que Angélica ficou um pouco mais preocupada, pois, estava tão acostumada com a presença de sua menina que não chegou a cogitar a ideia dela um dia ir embora. Bem, era provável que tinha pensado nisso sim, no dia em que Clara voltasse para casa, sua verdadeira casa, mas, talvez tenha o feito de uma forma fantasiosa, onde nunca cogitara a ideia disso se concretizar.

Por que isso a preocupava agora? Simples, durante a conversa com Glória, essa lhe confidencializou que havia conseguido um trabalho em um excelente cursinho pré-vestibular e que, por essa razão, conseguiria uma bolsa gratuita para a mais nova estudar.

Essa confidência, trouxe a Angel o forte impacto da realidade: Clara ainda era uma adolescente, ainda tinha a tutoria de sua mãe e, mesmo que esse não se importe, de seu pai. Por mais que ela quisesse que a garota ficasse ali com ela para sempre, ela sabia que não poderia competir com o poder de seus pais e, principalmente, com a possibilidade dela crescer, ter algo melhor para si.

O que Angel e Simão das Águas poderia dar para a jovem? No sentido desenvolvimento e oportunidades profissionais, de estudo, de trabalho. A única faculdade que havia ali era a de Olegário, onde os cursos, tirando direito, se resumiam a profissões voltadas para o campo e ainda por cima era particular.

Além disso, havia os obstáculos referentes a idade das duas, a questão que, ali pelo menos, homossexualidade não era tão bem-vista quanto ela gostaria, por ser um lugar pequeno e um pouco atrasado.

"Todo conto de fadas tem o seu fim... Será que esse, talvez, seja a hora de acordar e voltar para a realidade?" pensou.

Voltaram para casa com a tarde já indo embora e encontraram as irmãos na cozinha, preparando o que parecia ser um doce de goiaba.

– Minhas filhas... o que vocês estão fazendo? – Glória perguntou observando a bagunça sobre a mesa.

– Clara falou que aprendeu a fazer doce de goiaba, mãe. – Samanta respondeu sorridente. Ela estava ajudando a descascar e cortar as frutas, que seriam levadas a uma panela de ferro que já estava preparada sobre o fogão a lenha acesso.

– Nossa! – Glória exclamou olhando para a mais nova, que sorria sem graça. – Quer dizer então que minha caçulinha aprendeu a fazer doces por aqui, é?! – Falou se aproximando dela e pegando em sua bochecha. – Vai ter que me ensinar, hein!

– Tá, mãe... como se você não queimasse todos os doces e bolos que tenta fazer. – Clara respondeu debochada, observando sua mãe abrir a boca fingindo indignação, enquanto Sam e Angel seguram o riso.

Realmente, Glória sabia muito bem como fazer coisas simples na cozinha, mas no caso de coisas que demandavam observação e tempo, além de serem mais elaboradas, ela sempre errava, tanto que era Antônio quem cozinhava em casa e não ela.

– Que absurdo! – A mulher exclamou gargalhando.

Clara acompanhou a mãe e também liberou um riso alto, mas esse diminuiu quando ela olhou para sua namorada e percebeu nela um ar de tristeza. Angel estava sorrindo também, mas seus olhos mostravam um ar de desilusão. Isso, com certeza, preocupou a mais nova.

O Sol Sempre Brilha (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora